Alertas

Manaus é a cidade com maior número de alertas de desastres naturais de todo o país

O dado é o mais recente do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais e coloca a capital amazonense atrás de Belo Horizonte e São Paulo

Lucas Motta
20/01/2025 às 13:55.
Atualizado em 20/01/2025 às 13:55

Nesse domingo, pai e filha morreram em desabamento em Manaus (Foto: Junio Matos)

Manaus fechou 2024 como a cidade com a maior quantidade de alertas de desastres naturais do Brasil, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O crescimento desordenado da ocupação de áreas de risco é apontado como fator primordial. 

O deslizamento de terra que aconteceu durante o domingo (19), em Manaus, e matou pai e filha soterrados, foi um dos tipos de ocorrências que fazem parte do sistema de alertas do Cemaden, o órgão divulgou que a capital do Amazonas teve 50 notificações ao longo de todo o ano passado e isso fez com que a cidade se tornasse a número um do país em quantidades de alertas de desastres naturais, atrás de Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), com 41 cada. 

O pesquisador do centro, doutor Pedro Camarinha, explicou que o monitoramento verifica condições climáticas, meteorológicas e seus possíveis impactos diante de alguma localidade, em especial as que já são consideradas de risco, e com base nisso emitem os alertas paras os órgãos estaduais e municipais, neste caso a Defesa Civil. De forma geral, existem dois tipos de notificações, a baseada em processos hidrológicos (como é o caso de inundações ou alagamentos) e a de processos geológicos (a exemplo de deslizamentos de terra). De todos os 3.620 alertas emitidos para todo o país, 53% foram relacionados aos desbarrancamentos e 47% a enxurradas. 

No caso de Manaus, Pedro destacou que há uma característica única. Embora a cidade não tenha a mesma proporção de morros e encostas como em Petrópolis, no Rio de Janeiro, que concentra a maior quantidade de ocorrências de desastres, há um fator que contribui para o número de alertas: o crescimento desordenado da população e a marginalização das moradias, geralmente concentradas em regiões de risco e áreas com baixa atenção do poder público em saneamento e infraestrutura. 

“O problema de Manaus, quando a gente fala em deslizamentos, são regiões que não são sucetíveis, mas as populações que vão ocupando esses locais, por um processo de marginalização, vão fazendo com que aquelas encostas sejam alteradas e se tornem muito sucetíveis aos desastres”, explicou Pedro. 

Outro destaque feito pelo pesquisador diz respeito à dinâmica de como as ocorrências dos desastres acontecem na capital do Amazonas. Ele explicou que Manaus é uma cidade que recebe muitas tempestades rápidas, e elas se descolam e avançam por quase toda área territorial do município. Mesmo que não sejam, em sua grande maioria, intensas de forma recorrente, elas causam “pequenos prejuízos” que vão se acumulando e desencadeiam os problemas de maior proporção, como é o caso dos desbarrancamentos. Para 2025, a previsão é de que não haja grandes tempestades, ao menos por hora. 

“Esse ano tem particularidades climáticas, mas Manaus está em uma região em que o sdds efeitos não são muitos evidentes. A gente acredita que deve ser um ano típico, mas isso não significa que não possa ocorrer algum problema”, comentou. 

Através de nota, a Defesa Civil de Manaus informou que realiza o monitoramento constante de áreas de risco e atua de forma preventiva para minimizar o impacto de desastres. Sobre os alertas do Cemaden a pasta informou que eles são usadas para que os servidores fiquem de prontidão para responder imediatamente, caso acionados. Entre as principais ações do protocolo está a orientação para que a população possa buscar por abrigos.

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