O clima chuvoso combinado com o calor intenso cria condições ideais para a proliferação de mosquitos, facilitando o acúmulo de água parada, explica a ambientalista Carla Torquato, em entrevista ao A CRÍTICA
Aumento da população desses insetos durante o inverno amazônico preocupa moradores e especialistas (Foto: Junio Matos/A CRÍTICA)
Alta incidência de mosquitos está associada às mudanças climáticas, dizem especialistas. O aumento na taxa de reprodução e na resistência desses insetos está entre as principais alterações provocadas pelos impactos ambientais.
O desenvolvedor de software Jarleson Oliveira começou o ano de 2025 enfrentando reações alérgicas na pele causadas por picadas de mosquitos. Ele mora no terceiro andar de um prédio em Manaus e afirma que, antes, a presença dos insetos em sua casa era incomum, mas aumentou significativamente nos últimos meses. Como tentativa de se livrar do incômodo, decidiu instalar telas de proteção no apartamento e investir em repelentes.
Essa alta incidência de mosquitos foi percebida não apenas em Manaus ou na Amazônia, mas em várias partes do mundo. Em 2023, por exemplo, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos divulgaram que os casos de malária aumentaram em regiões onde a presença do mosquito transmissor não era comum, levantando alertas sobre as causas desse cenário.
A ambientalista e pós-doutoranda em Direito Ambiental Carla Torquato explicou que há uma relação direta entre a alta presença de mosquitos (mesmo em locais onde antes não existiam) e as mudanças climáticas das últimas décadas. Uma das principais causas é o aumento da temperatura, que interfere no padrão de vida desses insetos.
Outro fator sazonal que contribui é o período chuvoso, comum atualmente na Amazônia. A ambientalista ressaltou que ele favorece o acúmulo de água parada, condição ideal para os criadouros dos mosquitos. A combinação desses dois fatores potencializa a proliferação desses insetos.
Com maior incidência de mosquitos, aumentam também as chances de contaminação por doenças transmitidas por eles, como a dengue, causada pelo Aedes aegypti. Em 2024, o Brasil registrou o maior número de casos da enfermidade em toda a série histórica, com 6.649.338 ocorrências, segundo o Ministério da Saúde.
(Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Além disso, Carla Torquato acredita que os mosquitos estão passando por mudanças em seu ciclo de vida, adaptando-se às condições climáticas e evoluindo para versões mais resistentes. Essa adaptação pode aumentar ainda mais suas populações e, consequentemente, os casos de infecção.