Programação realizada pelo Instituto Autismo no Amazonas foi repleta de brincadeiras, mas não deixou de lado assuntos sérios como o apelo pela inclusão, respeito e acessibilidade
Instituto promoveu o tradicional Quintal do IAAM (Foto: Daniel Brandão)
Neste dia mundial de conscientização do autismo (2), o Instituto Autismo no Amazonas (IAAM) abriu as portas para receber pais e crianças atípicas que não fazem parte da instituição. A programação foi repleta de brincadeiras, mas não deixou de lado assuntos sérios como o apelo pela inclusão, respeito e acessibilidade.
Já são mais de dez anos de existência na capital do Amazonas e todo dia 2 de abril o instituto promove o tradicional “Quintal do IAAM”. A programação toda é repleta de opções, tem discoteca, brinquedoteca, mesa pedagógica e oficinas. Como não precisa ser membro do instituto para participar, a ideia dos organizadores é alcançar a maior quantidade de pessoas possível.
Atualmente o IAAM atende um total de 90 pessoas com autismo, sendo crianças adolescentes e adultos. O instituto tem terapias individuais e em grupo, ministradas por uma equipe multidisciplinar com psicólogos, pedagogos, professores, nutricionistas, educadores físicos e assistentes sociais. O acesso às aulas é fundamental para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais; na rede particular o custo pelas terapias é muitas das vezes incompatível com o orçamento das famílias, sobretudo para as mais carentes.
“Atualmente, a cada seis crianças nascidas, uma é autista. Há anos atrás era uma entre 36”
Ao comparar a quantidade de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o presidente da Comissão de Proteção aos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas (OAB-AM), Bento Moreira, argumenta que as pessoas passaram a conhecer mais sobre a existência do distúrbio e isso gerou um número maior de diagnósticos positivos.
O dia mundial de conscientização do autismo existe há 17 anos, é relativamente “novo” comparado ao primeiro diagnóstico para o distúrbio no mundo, realizado na década de 1930. De lá até aqui a luta pelo respeito e pela inclusão tem sido uma bandeira constante dos pais atípicos (quem tem filho com autismo), especialmente no quesito educação.
A professora Leidiane Santos sabe bem como é essa luta. O filho dela, Marcelo, foi diagnosticado com o TEA aos dois anos e agora, com treze, não tem um mediador para o acompanhar na sala de aula.
Outra mãe atípica é a empreendedora Vanessa Oliveira. O filho dela, Caio, também foi diagnosticado com dois anos. Agora ele tem doze e também não possui um mediador em sala de aula. Vanessa explica que a presença do profissional vai além do acesso à educação, mas também proporciona inclusão.
Juridicamente, as pessoas com autismo estão enquadradas no mesmo grupo de leis que protegem as pessoas com deficiência, por mais que o autismo seja um distúrbio. Desta forma, há um conjunto de leis que garantem apoio para os autistas, especialmente na educação. Uma delas é a 12.764 de 2012 que traz no parágrafo único do artigo 30:
O advogado Bento Moreira acredita que as leis para os autistas no Brasil estão entre as mais modernas do mundo, mas nem sempre são executadas. Ele explica que, entre as muitas razões para isto, a falta de profissionais especializados ganha destaque.
Aos pais atípicos o que permanece é a força de vontade para lutar por mais qualidade de vida aos filhos.