Chuvas

Fortes chuvas acendem os sinais amarelo e laranja

Instituto sinaliza perigo potencial devido às chuvas que devem atingir o Amazonas nos próximos dias

Daniel Brandão
cidades@acritica.com
09/11/2024 às 11:12.
Atualizado em 09/11/2024 às 11:12

(Foto: Agência Brasil)

As mudanças climáticas tornaram-se um tema recorrente nas últimas décadas. Com temperaturas em ascensão, derretimento das calotas polares, desmatamento de florestas, queimadas e demais fatores, fenômenos meteorológicos extremos se tornam cada vez mais recorrentes, afetando a vida de milhões de pessoas. Tais mudanças apontam para uma crise climática que demandam ações imediatas e eficazes para mitigar os derradeiros e catastróficos efeitos.

No presente cenário, a Amazônia é objeto central das discussões acerca das mudanças climáticas, uma vez que as queimadas, desmatamento, garimpo ilegal e alteração nos padrões de chuvas afetam todas as regiões do Brasil, bem como no clima global. 

Nesta reportagem,  A CRÍTICA aborda a temática das mudanças climáticas, com ênfase na região Amazônica, trazendo um alerta a partir de dados estatísticos emitidos recentemente pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Nessa semana, o Centro Virtual para Avisos de Eventos Meteorológicos Severos para o Sul da America do Sul (Alert-AS), do Inmet, sinaliza perigo potencial (amarelo) e perigo (laranja) devido às chuvas intensas que devem atingir o Amazonas nos próximos dias.

A meteorologista Andrea Ramos, do Climatempo, explica que as chuvas no último trimestre do ano serão constantes, uma vez que o período chuvoso já iniciou e há o favorecimento de precipitação em decorrência do calor, da umidade e do deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

“Essa região não tem estações bem definidas. O que nós temos é um período chuvoso e o menos chuvoso. O calor e a unidade sempre favorecem a formação de chuvas, assim como também o começo do deslocamento da ZCIT. Esses dois mecanismos começam ao longo dos próximos meses, facilitam a formação de nuvens de chuva e, com isso, chuvas durante o período”, explicou. 

De acordo com o Informativo Meteorológico n° 32/2024 do Inmet, até a próxima segunda-feira (11), o estado será atingido por grandes volumes de chuva em decorrência do calor e umidade.


Importância da Amazônia para o clima global

 Dados publicados recentemente pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima revelaram que o desmatamento na Amazônia caiu 30,6% em 2024, em contraponto, o número de queimadas quase duplicou – chegando a 95.878 focos de calor no período de julho a agosto de 2024.

A redução da capacidade de absorção de carbono, aumento da temperatura e as alterações nos ciclos de água afetam diretamente o clima nas demais regiões do Brasil. Isso porque as chuvas na Amazônia significam chuvas nas demais regiões e regulação da temperatura terrestre.

“A Zona de Convergência de Umidade (ZCU) favorece as chuvas, que veem acompanhadas de trovoadas, rajadas de vento e volumes bastante significativos, e atua principalmente na regulação climática. Essa convergência de umidade sai da Amazônia, pega um corredor de vento e se espalha pelo Brasil”, salientou Ramos.

Outro fenômeno meteorológico que pode afetar o clima no estado é a formação de um segundo episódio de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pelo Brasil, uma frente fria avança do Oceano Atlântico para o continente 

“Além dessa frente fria, a atuação de um cavado na média troposfera, em torno de 5.800 m de altitude, deverá favorecer a organização de uma faixa de nebulosidade que se estenderá desde o sudoeste da Amazônia, cruzando as regiões Centro-Oeste e o Sudeste do país, até o Oceano Atlântico”, enfatiza o Inmet.

Com o término do El Niño, um novo fenômeno meteorológico se aproxima. As intensificações do período chuvoso devido à confluência das zonas de convergências anunciam a chegada do La Ninã, que deve alterar mais ainda as mudanças climáticas na Amazônia.

“Devemos destacar que as chuvas demoraram em chegar. Começaram a se intensificar agora. O La Niña está associado com temperaturas amenas. Trata-se do inverso. Ele joga chuva para região Norte e Nordeste e diminui na região Sul. E assim ameniza as altas temperaturas. Esse fenômeno joga a umidade que tem na Amazônia, ela tende a distribuir para as demais áreas do país, fornecendo chuva”, concluiu a meteorologista

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