QUEIMADAS

Força Nacional no Sul do Amazonas tem de ser reforçada

Comandante do CBAM quer dobrar número de agentes no combate a queimadas; secretário de Lábrea diz que atual contingente é insuficiente

Waldick junior
Waldick@acritica.com
29/07/2023 às 08:10.
Atualizado em 29/07/2023 às 08:18

Agentes da Força Nacional foram enviados a quatro municípios do Amazonas, mas há avaliações sobre número ser insuficiente. Corpo de Bombeiros solicitou maior efetivo para a nova fase da operação (Divulgação/SSP-AM)

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Orleilso Ximenes Muniz, quer dobrar o número de agentes da Força Nacional (FN) enviados ao Amazonas pelo Ministério da Justiça  para combater queimadas no sul do estado. Neste mês, teve início a ‘temporada do fogo’, período que vai de julho a novembro e historicamente concentra os maiores níveis de incêndios florestais.

“Nós solicitamos via Corpo de Bombeiros o aumento do efetivo da Força Nacional e há uma previsão que ao invés de 30 agentes venham 60, o que vai nos dar uma capacidade melhor”, disse para A CRÍTICA.  

Os agentes da Força Nacional que chegaram ao Amazonas neste mês foram enviados para Lábrea, Boca do Acre, Humaitá e Apuí. Juntos, os municípios representam uma área de 177,5 mil km²,  território maior que países como Uruguai (176 mil km²) e Grécia (131,9 mil km²). 

O secretário de Meio Ambiente de Lábrea, Daniel Hiroshi, pontua que o atual efetivo não é suficiente para o combate às queimadas. O município, no ranking de desmatamento na Amazônia, assumiu a primeira colocação, conforme dados divulgados este ano pelo Map Biomas. 

“Eles não foram deslocados com uma estrutura mínima para combate de incêndios. Eles vieram apenas com equipamento pessoal, que são as bombas costais para apagar fogos. Eles não têm, por exemplo, caminhão pipa para incêndios florestais e nem uma viatura adaptada com equipamentos”, observa.

Distantes

“Eles vieram para a localidade errada. Tinham que atuar no Sul de Lábrea, a área limite com Rondônia, em comunidades de Vista Alegre do Abunã e Curuquetê, que lideram esse ranking nacional de queimadas”, pontua o secretário. Segundo ele, os focos de incêndio ficam a cerca de 800 km da sede do município, onde se concentram os agentes da Força Nacional.

Suficiente

Para o secretário de Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, o efetivo atual da Força Nacional tem sido suficiente até o momento. No entanto, diz que a partir do próximo mês, quando os incêndios aumentarem ainda mais, deve ser necessário ter mais combatentes.

“O auge geralmente é em agosto até a primeira quinzena de setembro. Aí esse ano tem essa previsão do efeito El Nino, da estiagem mais prolongada e a gente não sabe o quanto vai influenciar nos incêndios. Há essa dificuldade, essa carência de equipamentos e estamos tentando na medida do possível ”, comenta.

Já em Humaitá, o secretário de Meio Ambiente John Euler diz que a atuação da Força Nacional em parceria com Ibama e Corpo de Bombeiros tem sido positiva. “Aqui uma das principais áreas com queimadas é na BR-319, no distrito de Realidade, e eles [os combatentes] estão indo até lá, tá tendo operação”, disse.

Blog: Orleilso Muniz - Comandante-geral do corpo de bombeiros do AM

Enviamos  74 bombeiros militares   nos cinco municípios mais críticos. São eles: Boca do Acre, Lábrea, Humaitá, Apuí e Manicoré. Saliento que o governador Wilson Lima (UB) pediu reforço da Força Nacional de combate a incêndios. Desde o dia 12 até o dia de hoje já atuamos em 42 focos de incêndios nos municípios citados, sendo que a maior incidência fica para Humaitá e Boca do Acre. Em 8 de agosto nós iremos encerrar esse primeiro módulo de combate e na sequência iremos iniciar o outro módulo, com troca de agentes na localidade, para ficarmos até novembro. Estamos utilizando monitoramento via satélite e verificamos in loco se o foco de calor  se trata de um incêndio, o que tem nos permitido atuar no início da ocorrência, o que é o nosso principal objetivo, para evitar que ele se alastre e se transforme numa grande tragédia.

‘Número tem sido suficiente até agora’

À reportagem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que os agentes enviados para o Amazonas estão equipados com cinco kits pick-up (material com capacidade para 500L de água para combate a incêndio florestal); um drone, facões, abafadores, mochilas costais e equipamento de proteção individual.

“Até o momento o número de agentes e de equipamentos têm sido suficientes. Vamos ver quando ficar mais verão, se os focos vão aumentar”, afirmou o capitão bombeiro Téo Lins, que coordena o efetivo de agentes da Força Nacional enviado ao Amazonas.

Questionado sobre se os agentes têm conseguido ir até áreas mais distantes da sede do município, locais em que ocorrem os maiores incêndios, o capitão disse que o trabalho está atrelado ao que é realizado pelo Corpo de Bombeiros.

“Tu tem que entender que a Força Nacional está de apoio ao Corpo de Bombeiros. O local em que ele for a gente vai. Simples desse jeito. Essa questão de logística, se chega ou não chega, se os bombeiros forem, a gente vai”, disse.

Queimadas crescem, apesar de atuação

Somente em julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registou mais de 700 focos de incêndio no Amazonas. No mês anterior, junho, havia sido pouco mais de 200 focos. 

Para o secretário de Meio Ambiente de Apuí, Domingos Bonfim, o uso do fogo para ‘limpeza’ dos terrenos ainda é um grande problema que afeta a região Sul do Amazonas, seja para roças ou pastagens. 

“A própria estiagem influencia, mas tem uma atuação mais persistente agora de limpeza de terrenos, de pastagem, então alguns incêndios são acidentais. É para uma área, mas se espalha. Tivemos um desse agora no município e ficou em níveis preocupantes, queimou propriedades, cercas, foi muito grande”, comenta.

Para ele, é necessário reforçar o combate aos ilícitos ambientais, mas também focar em ações que possam desenvolver novas atividades sustentáveis na região e de cadeias produtivas.

“Nós, municípios do Sul do Amazonas, estamos nos articulando para buscar recursos do Fundo Amazônia para alcançarmos esse objetivo”, pontua.

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