O adiamento do evento ocorre por conta da dificuldade das pessoas chegarem até a comunidade, resultado da seca severa
Tradicional festival realizado em comunidade quilombola teve que ser adiado (Foto: Divulgação)
A quinta edição do Festival Quilombola do Andirá, realizado na comunidade Santa Tereza do Matupiri, pela Coordenação Estadual da Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) no Amazonas e pela Federação das Organizações Quilimbolas de Barreirinha (distante 331 quilômetros em linha reta de Manaus), que seria realizado nesta quarta-feira (20), dia da Consciência Negra, foi adiado para o dia 20 de janeiro, em virtude da forte seca que impossibilitou a logística das seis comunidades quilombolas daquele município.
O festival é realizado para celebrar Zumbi dos Palmeiras, maior líder quilombola brasileiro. “Não vai ter esse ano porque (o rio) ficou muito seco. Está muito difícil para as pessoas chegarem até lá para prestigiar nosso evento. Aí vai ficar para o dia 20 de janeiro. Como não vai ter por causa da seca, cada quilombo vai fazer localmente a sua programação”, explica o líder quilombola Sebastião Douglas de Castro, um dos organizadores do evento e coordenador executivo no Amazonas da CONAQ.
O Festival Quilombola do Andirá acontece anualmente na comunidade Santa Tereza do Matupiri e em 2024 faria sua quinta edição. Realizado pela Federação das Organizações Quilombolas de Barreirinha e pela Coordenação Estadual da CONAQ no Amazonas, o festejo reunia tanto os quilombolas de Santa Tereza do Matupiri como das comunidades vizinhas Ituquara, Boa Fé, São Pedro, Trindade e São Paulo do Açu.
Agora, o Dia da Consciência Negra em 2024 será comemorado com atividades menores, separadamente em cada comunidade. Em 2023 o festival chegou a reunir cerca de duas mil pessoas e tinha na programação capoeira, concurso de poemas, exposição de artesanato, danças como gambá, lundum e onça te pega, além da venda de alimentos da agricultura quilombola e culinária tradicional.
Para o coordenador executivo, o Dia da Consciência Negra ser uma feriado nacional é um avanço.
Atual situação do Rio Andirá, na região do Baixo Amazonas (Foto: Divulgação)
Situado na região do Baixo Amazonas, próximo a Parintins, o Rio Andirá é onde desemboca a maioria dos cursos d’água que banha as comunidades quilombolas que participam do festival, como Rio Matupiri. Tanto o Andirá como o Matupiri estão secos dificultando o transporte. Ano passado o evento ainda chegou a ser realizado mesmo sob as dificuldades da seca 2023. Neste ano, a logística mínima está impedida pela forte descida das águas.
No Amazonas, oito quilombos são certificados pela Fundação Cultural Palmares, enquanto outras comunidades estão em fase de identificação e reconhecimento. A CONAQ Amazonas estima que existem aproximadamente 8,4 mil quilombolas no estado.
Em outras comunidades quilombolas no AM também haverá programação especial do Dia da Consciência Negra, como no Quilombo Sagrado Coração de Jesus do Lago de Serpa, situado em Itacoatiara, com acesso pela rodovia AM-010, e na comunidade Barranco de São Benedito, o quilombo urbano da capital, Manaus, no bairro de Praça 14.
Já a comunidade Quilombo do Tambor, banhado pelo Rio Jaú, no município de Novo Airão, e a comunidade Quilombo São Francisco do Bauana, banhada pelo Rio Bauana, no município de Alvarães, também terão programações locais e menores em alusão ao Dia da Consciência Negra devido à seca dos rios.