Investimentos no setor naval

Estaleiros terão R$ 1,36 bilhões de investimento do Fundo Marinha Mercante

BNDES vai investir na construção de balsas e empurradores. Do total de R$ 3,7 bilhões, um terço será para o Amazonas

Waldick Júnior
waldick@acritica.com
22/09/2024 às 16:37.
Atualizado em 22/09/2024 às 16:37

Estaleiros do Amazonas foram selecionados por empresa de logística para receber repasses diretos do Fundo da Marinha Mercante para construção de balsas (Reprodução: Estaleiro Eram/Facebook)

Os estaleiros amazonenses Juruá e Rio Amazonas (Eram) receberão R$ 1,36 bilhão do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para a construção de balsas e empurradores que servirão para o transporte de mercadorias do setor mineral. O projeto, aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), visa melhorar o escoamento da produção de minério e reduzir a dependência do transporte rodoviário, mais poluente.

O montante para o Amazonas faz parte de uma cifra maior, de R$ 3,7 bilhões, aprovada em forma de financiamento à empresa LHG Logística Ltda, que é o braço de logística da mineradora LHG Mining, pertencente ao Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

O valor será investido em seis estaleiros no Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, o Fundo da Marinha Mercante financiará a construção de 400 balsas e 15 empurradores, em quatro anos, para transporte de ferro e manganês pelos rios Paraná e Paraguai. O percurso é de minas em Corumbá (MS) até o terminal marítimo de Nova Palmira, no Uruguai. 

“Esta é uma operação que contribui para o desenvolvimento da produção nacional, gerando milhares de empregos com qualidade, impulsionando a descarbonização com um transporte mais limpo e reativando a indústria naval, que faz uma competição internacional difícil, com países como China e Singapura”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em comunicado do banco divulgado no último dia 7 de setembro.

 Processo

A reportagem procurou o estaleiro Juruá para saber detalhes do projeto, mas a empresa optou por não comentar. Já o estaleiro Rio Amazonas (Eram) informou que o processo de seleção da companhia aconteceu por meio de um cadastro realizado previamente.

“A maioria dos estaleiros, incluindo o Eram, já possuem cadastro junto ao Fundo da Marinha Mercante. No nosso caso, como construtor e reparador naval. O FMM é o principal fundo financiador da construção e reparo de embarcações”, explicou em nota.

O Eram também estima gerar 600 empregos diretos, dentre soldadores e montadores navais, além de outros 100 indiretos de manutenção ao longo de quatro anos. A empresa também destaca que atuará na formação de novos profissionais por meio de uma escola já aberta no estaleiro.

“O Eram treina o colaborador em solda e montagem, pois a formação no Senai não é direcionada para a área naval. Estimamos que 30% a 40% dos novos contratados serão formados por meio da escola”, afirma a nota.

Setor tem desemprego em meio à seca

Assessor sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário de Manaus (Sintraqua), Lucio Moreira considera o investimento positivo. A entidade também representa empregados de estaleiros. Segundo ele, o investimento no setor é positivo, em especial a qualificação de novos profissionais. Porém, chama a atenção para a falta de oportunidades.

“Esperamos que criem mais embarcações para cá também, porque muita gente está desempregada, se forma pela Capitania e não consegue trabalho porque não tem experiência”, comenta.

Segundo ele, as oportunidades reduzem ainda mais com as recentes estiagens que têm afetado a região amazônica.

“Ficamos muito prejudicados. Tem embarcação que para e deixa seis, sete trabalhadores parados, sem receber. Precisamos disso. Defendemos que esses tripulantes recebam algum benefício, como o seguro defeso”, afirma.
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