BNDES vai investir na construção de balsas e empurradores. Do total de R$ 3,7 bilhões, um terço será para o Amazonas
Estaleiros do Amazonas foram selecionados por empresa de logística para receber repasses diretos do Fundo da Marinha Mercante para construção de balsas (Reprodução: Estaleiro Eram/Facebook)
Os estaleiros amazonenses Juruá e Rio Amazonas (Eram) receberão R$ 1,36 bilhão do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para a construção de balsas e empurradores que servirão para o transporte de mercadorias do setor mineral. O projeto, aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), visa melhorar o escoamento da produção de minério e reduzir a dependência do transporte rodoviário, mais poluente.
O montante para o Amazonas faz parte de uma cifra maior, de R$ 3,7 bilhões, aprovada em forma de financiamento à empresa LHG Logística Ltda, que é o braço de logística da mineradora LHG Mining, pertencente ao Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O valor será investido em seis estaleiros no Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Administrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos, o Fundo da Marinha Mercante financiará a construção de 400 balsas e 15 empurradores, em quatro anos, para transporte de ferro e manganês pelos rios Paraná e Paraguai. O percurso é de minas em Corumbá (MS) até o terminal marítimo de Nova Palmira, no Uruguai.
A reportagem procurou o estaleiro Juruá para saber detalhes do projeto, mas a empresa optou por não comentar. Já o estaleiro Rio Amazonas (Eram) informou que o processo de seleção da companhia aconteceu por meio de um cadastro realizado previamente.
O Eram também estima gerar 600 empregos diretos, dentre soldadores e montadores navais, além de outros 100 indiretos de manutenção ao longo de quatro anos. A empresa também destaca que atuará na formação de novos profissionais por meio de uma escola já aberta no estaleiro.
Assessor sindical do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário de Manaus (Sintraqua), Lucio Moreira considera o investimento positivo. A entidade também representa empregados de estaleiros. Segundo ele, o investimento no setor é positivo, em especial a qualificação de novos profissionais. Porém, chama a atenção para a falta de oportunidades.
Segundo ele, as oportunidades reduzem ainda mais com as recentes estiagens que têm afetado a região amazônica.