Castanha em pauta

Encontro nacional sediado em Manaus debate cadeia produtiva da castanha-da-amazônia

Mais de 80 extrativistas e produtores de castanha dos sete estados da Amazônia participaram do encontro organizado pelo Coletivo da Castanha e pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA)

Karol Rocha
online@acritica.com
27/08/2022 às 09:45.
Atualizado em 27/08/2022 às 10:14

(Foto: José Medeiros/Pacto das Águas)

A castanha-da-amazônia é a base alimentar e econômica de centenas de famílias na Região Amazônica. E com o intuito de discutir soluções para a cadeia produtiva da castanha, que Manaus sediou o 1º Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros. O evento aconteceu até a última quinta-feira (25), na Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, localizado no bairro Aleixo, zona Centro-Sul da capital.  

Mais de 80 extrativistas e produtores de castanha-da-amazônia dos sete estados da Amazônia participaram do encontro, organizado pelo Coletivo da Castanha e pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA) em parceria com uma série de organizações da sociedade civil

“A gente precisa manter o nosso território para termos a castanha. E como nós não vemos muitas soluções neste Governo, essa é uma forma de nos reunirmos e se organizar para vencer as batalhas de desmontes das políticas públicas”, apontou a secretária de direitos humanos do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), a amazonense Silvia Elena.

Ela e outras centenas de famílias atuam com o extrativismo da castanha no município de Manicoré, no Amazonas. Mas para continuar atuando, é preciso assegurar suas terras, um dos pontos das discussões do encontro. Além de Manicoré, Elena citou Amaturá, Beruri, Lábrea como municípios de grande potencial para produção de castanha.

“Com a economia vinda da castanha, nós vemos a melhora da qualidade de vida e muitas vezes não é divulgado. Aquele castanheiro hoje tem a oportunidade de compra a rabeta, o motor de luz, seus eletrodomésticos para a casa dele. A gente precisa ter uma vida no território, mas a gente precisa melhorar e garantir esse modo de vida também”, disse ela, que espera que o encontro avance em políticas públicas.

Evento segue até esta quinta-feira (25) (Foto: Ascom/Observatório Castanha-da-Amazônia)

Representando a região de Altamira no Estado do Pará, o extrativista Kwazady Xipaya, 33 anos, também destacou que a discussão vai além da cadeia produtiva do fruto, mas da proteção de territórios seja indígenas ou de quilombolas. Ao todo, a região tem 28 comunidades que atuam com a castanha da Amazônia e outros recursos para sua subsistência. 

“Hoje a gente não só trabalha com a coleta da castanha, a gente acabou agregando outros produtos também como seringa, o óleo da própria castanha, o cumarú, o artesanato. No entanto, castanha foi e é o pilar da discussão de junção da cadeia produtiva do médio Xingu do Pará”, reforçou.

“Hoje a gente melhorou e potencializou a venda e compra da castanha. Cada comunidade tem a sua própria gestão financeira paga na época do ciclo, os atravessadores não entram mais dentro do território, e a própria comunidade compra da mão do produtor diretamente”. 

(Foto: Ascom/Observatório Castanha-da-Amazônia)

De acordo com dados do OCA, estima-se que a cadeia de valor da castanha-da-amazônia envolve mais de 60 mil pessoas de povos e comunidades tradicionais, ao menos 127 organizações comunitárias (sendo 98 associações e 29 cooperativas) e aproximadamente 60 empresas de beneficiamento e comercialização.

O encontro acontece durante três dias e os objetivos são de trocas de experiências, conversas, debates, oficinas, apresentações culturais e reuniões para alinhar a atuação do Coletivo da Castanha. Representantes de várias regiões participam do evento, além de representantes do Coletivo da Castanha e organizações comunitárias, OCA, CNS, COIAB, CIR, CPT e SocioBio.

Coletivo da Castanha

O Coletivo da Castanha é uma rede com mais de 100 extrativistas de mais de 50 organizações comunitárias que trabalham com castanha-da-amazônia, cobrindo todos os sete estados produtores. O Coletivo realiza o monitoramento participativo de preços das safras de castanha desde 2017 e irá reunir presencialmente os participantes pela primeira vez desde sua fundação. 

O Coletivo é coordenado pelo Observatório Castanha-da-Amazônia, o OCA, uma rede de organizações que tem como missão produzir conhecimento e inteligência, além de mobilizar os diversos atores da cadeia de valor para consolidar um mercado justo, que valorize os povos, populações e comunidades envolvidas ao mesmo tempo em que promove a conservação da floresta.

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