TESOURO NACIONAL

Com a seca, gravuras em forma de rostos humanos reaparecem no sítio arqueológico Ponta das Lajes

Segundo o Iphan um Plano de Ação com o intuito de pesquisar e cadastrar sítios arqueológicos no Amazonas está em execução

Robson Adriano
online@acritica.com
25/10/2023 às 19:41.
Atualizado em 25/10/2023 às 19:41

Gravuras encontradas em sítio arquelógico por conta da seca no Estado (Foto: Divulgação / Iphan-AM)

As gravuras em forma de rostos humanos gravadas em pedras e rochas reapareceram neste mês com a severa seca do rio Negro. Nesta quarta-feira (25) o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou ao acrítica.com que “vem realizando fiscalizações regularmente na área do sítio arqueológico Ponta das Lajes, com apoio do Instituto Soka Amazônia”. Segundo o Iphan um Plano de Ação com o intuito de pesquisar e cadastrar sítios arqueológicos no Amazonas está em execução.

“O Iphan procurou os órgãos competentes para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos, especialmente a Polícia Federal, o Batalhão de Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Segurança Pública que deverá realizar patrulhas de modo a impedir qualquer dano ao Patrimônio Cultural brasileiro”, informou o Iphan.

“Todo material arqueológico pertence à União e a legislação veda aproveitamento econômico de artefatos arqueológicos, assim como a destruição e mutilação”, reforçou.

Os petróglifos têm despertado a curiosidade da população, mas a área oferece riscos, assim como os bens arqueológicos podem sofrer degradação por ação humana. Uma página na rede social cancelou uma excursão para essa localidade, após recomendação do Iphan. Segundo a pedagoga Gisella Braga, administradora da página, o instituto informou que “o local apresenta perigo de desabamento e que visitas ao local só podem ser realizadas com técnicos especializados ”

Ação educativa

O Iphan informou que uma ação educativa em parceria com o Instituto Soka Amazônia está agendada para esse mês.

“Visando à preservação do sítio, no dia 28, o Iphan e o Instituto Soka Amazônia realizarão ações educativas voltadas à preservação ambiental e patrimonial, com atividades de recolhimento do lixo no local, visando sensibilizar a comunidade sobre a importância de preservar os rios e os bens arqueológicos”.

Outra ação está programada. “Já no dia 1º de novembro, no próprio Instituto Soka Amazônia, vão acontecer atividades de palestra e sensibilização quanto à preservação do patrimônio arqueológico, contando com a participação de discentes do Instituto Federal do Amazonas (Ifam)”, disse o Iphan. “Conforme a legislação de proteção ao patrimônio arqueológico é terminantemente proibido alterar a composição dos sítios arqueológicos por quaisquer meios”, complementou.

Em relação aos lixos o instituto informou que são oriundos de outras áreas da cidade e resultado de descarte inadequado. “Informamos que a presença desses resíduos gera preocupação, razão pela qual orientamos aos visitantes evitarem levar material plástico ou similar quando das visitas ao local, recolher e retornar com os resíduos e efetivar o descarte correto dos materiais eventualmente levados”, disse o Iphan.

Segunda vez

O local onde está os “rostos humanos” é chamado de Sitio Arqueológico Ponta das Lajes tombado pelo Iphan. E segundo o instituto esse ano é a segunda vez que as gravuras reaparecerem. A primeira vez foi em novembro de 2010 e à época a reportagem do jornal A Crítica esteve no local. Segundo o Iphan, a área das lajes é um conjunto de rochas de nome aretino e durante a cheia o local é ponto de desova de jaraqui.

Em 2010, Walter Calheiros, pesquisador educacional, foi o responsável por descobrir os petróglifos. À época, Calheiros disse que a descoberta foi por acaso ao tentar se proteger de raios durante um temporal. Ele contou que estava procurando algum sinal de celular nas Lajes, junto à bióloga Elisa Wandelli, quando correu para debaixo de uma gruta, na beira do rio, onde estava justamente a inscrição rupestre. 

Obras 

Há 400 metros do Sítio Arqueológico futuramente estará construído o Parque Encontro das Águas – Rosa Almeida, com acesso pela avenida Desembargador Anísio Jobim, na zona Leste da cidade, com previsão de entrega para outubro do ano que vem. Conforme anunciado pela Prefeitura de Manaus a obra está orçada em R$ 80 milhões e é de responsabilidade das empresas FN Crespo Neto e Cia LTDA e a Red Engenharia. 

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