Nova rota

Chancay não é viável para o PIM, diz doutor

Diretor da Fieam, Augusto Rocha, avalia que a interligação de Manaus com o mercado asiático pelo porto peruano tem custo elevado

Emile de Souza
economia@acritica.com
10/08/2024 às 09:44.
Atualizado em 10/08/2024 às 09:44

(Foto: AFP)

Doutor em engenharia de transporte, Augusto Rocha avalia  que a interligação do Polo Industrial de Manaus (PIM) ao mercado asiático por meio do Porto de Chancay, no Peru, é inviável economicamente porque necessita de outros modais, o que representa um custo elevado. Defensora da nova rota, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) planeja realizar  uma exposição para apresentar o empreendimento logístico ao empresariado. 

O encontro, ainda sem data,  tem como objetivo, segundo a Suframa,  expor a empresários brasileiros e peruanos as oportunidades econômicas que serão geradas pela nova rota de interligação direta entre o Porto de Chancay e a cidade de Manaus, passando por Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus).

Para o doutor em engenharia de transporte e diretor adjunto da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Augusto Rocha, essa implementação não é viável do ponto de vista econômico, mesmo que o Amazonas não estivesse vivenciando uma série de secas históricas. “Em minha opinião, este porto no Peru não é uma alternativa importante para Manaus e para o polo industrial”, afirmou o engenheiro. 

Augusto Rocha disse que do ponto de vista técnico é positiva a aproximação entre os dois países, mas que essa não parece ser uma alternativa efetiva como rota da Ásia para Manaus e vice-versa por haver um excesso de trocas de modais e que precisam ser instalados dentro do território de outros países para funcionar.

“Saem do navio 300 contêineres, embarcam em 30 caminhões, rodam, sobem os Andes, descem os Andes, chegam em outro país, vão para balsas. Isso é muito caro, lento e com uma pegada de carbono gigante. E depois como voltam os contêineres vazios?!”, perguntou o especialista.

O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento de Navegação (Abani), Dodó Carvalho, explicou que a construção do megaporto em Chancay é  investimento de uma empresa chinesa que levanta a possibilidade de facilitar a logística de Manaus com o continente asiático. 
 

Alternativa

 “No primeiro momento, no investimento, é ter um grande terminal marítimo para trazer cargas da Ásia. É claro que, quando você coloca a carga da Ásia para a costa  do Peru, você começa a pensar que essa carga pode chegar em Manaus e que vai passar por um percurso rodoviário dentro do Peru e depois vai cair no fluvial do Peru. A partir disso, se traz a carga para Manaus”, explicou o empresário.

Carvalho esclareceu que o porto de Chancay em si não precisa dos rios da Amazônia. Ele ressaltou que o empreendimento  é visto como alternativa mais próxima de conectar os países. “É uma oportunidade nossa, de fazer uma conexão com uma carga que vem da Ásia, se utilizando o porto de Chancay e consequentemente um rodoviário, no território peruano. Depois, utilizar o fluvial peruano e o do Brasil”, disse o presidente da Abani.

Dodó Carvalho enfatizou a importância de se reduzir o tempo de transporte de cargas da Ásia para Manaus , como foi informado pela Suframa. 

“É uma alternativa de uma outra rota e um tempo menor de trânsito dessa carga. É uma alternativa de logística interessante, mas que precisa ser estudada, porque de Chancay até os portos no Peru, tu tens o rodoviário que tem cordilheiras dos andes. Então isso não é uma tarefa simples”, informou. 

O empresário destacou, ainda, que uma das grandes dificuldades é que o Peru e o Brasil não têm um projeto de valorização de suas hidrovias.

 Ligação também favorecerá o varejo

 Além da indústria, o comércio também pode se beneficiar de um novo modal de transporte. O presidente da Fecomércio Amazonas, Aderson Frota, destacou que a conexão entre o Peru e o Brasil pode fortalecer e ampliar a logística do Estado do Amazonas.

“A ligação com o porto de Chancay é estrategicamente importante, porque não só o comércio recebe produtos importados vindos da China, como também, a indústria recebe insumos”, disse.

O empresário disse que a viabilização de alternativas logísticas, necessárias para essa região, demanda tempo e planejamento. “Precisamos encontrar soluções mais adequadas, ou pelo porto de Itacoatiara ou outra alternativa de rio”, informou. 

A Suframa informou que  inauguração oficial do terminal portuário de Chancay está agendada para o dia 17 de novembro, com a presença do presidente da China, Xi Jinping. Esta será a primeira visita do presidente chinês à América do Sul desde o início da pandemia de Covid-19.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por