Para os idosos

Celular para idoso em 2024: é necessário comprar aparelho especial?

80% dos adultos precisam ajudar seus parentes com o uso da tecnologia, e os smartphones estão no topo da lista de dificuldades relatadas

acritica.com
28/10/2024 às 13:22.
Atualizado em 28/10/2024 às 13:22

(Foto: Agência Brasil)

Os smartphones se tornaram parte indispensável do cotidiano moderno - no Brasil, há atualmente um número maior de celulares ativos do que de pessoas na população. A promessa de um computador de bolso capaz de acessar a internet em alta velocidade, capturar fotos e usar quase todo tipo de aplicativo rapidamente se tornou uma necessidade - dos pagamentos via Pix ao uso do WhatsApp para conversar com familiares e colegas de trabalho, delivery de comida, acesso a planos de saúde e uma infinidade de outras tarefas que exigem ou são facilitadas com o smartphone. 

No entanto, apesar dos smartphones parecerem milagrosos e intuitivos - especialmente para crianças e adolescentes - há um grande número de pessoas que sofrem diariamente com as interfaces complicadas e telas por toque. A pesquisa da ExpressVPN revela que 80% dos adultos precisam ajudar seus parentes com o uso da tecnologia, e os smartphones estão no topo da lista de dificuldades relatadas. Por isso, não é à toa que um grande mercado de “smartphones para idosos” está se popularizando no país, com anúncios espalhados pela internet e diversos modelos à venda. Mas o que exatamente é um celular para idoso? E vale a pena pagar o preço por um modelo para ajudar seus parentes? Confira. 

 O que são os “celulares para idosos”?

 No Brasil, o termo “celular para idosos” geralmente faz referência a dispositivos de baixo custo, com teclas grandes, telas simplificadas e interfaces minimalistas. Esses aparelhos prometem ser mais fáceis de usar e apresentam botões de emergência que podem ser programados para ligar automaticamente para contatos predefinidos, entre outros recursos que prometem facilitar o cotidiano de usuários mais velhos ou menos familiarizados com a tecnologia, como atalho para o uso da lanterna. Algumas marcas também oferecem baterias com durabilidade maior ou acessórios bônus como capinhas emborrachadas ou suportes dobráveis para segurar o dispositivo.

A ideia de adequar o uso do celular para pessoas que não estão muito habituadas com esse tipo de tecnologia, em especial a necessidade de usar a tela por toque e sistemas repletos de ícones e aplicativos por todo lado, é bastante positiva e testes demonstram que versões simplificadas, com ícones maiores e em posições fixas, realmente ajudam idosos a usar o celular de forma eficiente e menos confusa. Porém, ao analisar o mercado de 2024, nota-se que muitos desses celulares apresentam um custo-benefício questionável. Cobrando um preço relativamente alto por aparelhos que podem facilmente serem comprados em plataformas como a AliExpress por metade do valor, este segmento de mercado promete que o alto custo compensa a conveniência de não precisar configurar manualmente o aparelho. Isso levanta a questão: ao invés de pagar mais por menos, por que não adaptar um aparelho mais completo para atender melhor o idoso?

 Por que um smartphone comum pode ser a melhor escolha?

1. Flexibilidade de Configuração
Um smartphone comum permite várias personalizações para torná-lo mais adequado para idosos. Com a instalação de launchers específicos e aplicativos de acessibilidade, é possível modificar a interface do Android para algo mais intuitivo e de fácil visualização.

● Launcher para idosos: Launchers como o Simple Launcher e o Big Launcher são altamente recomendados. Eles transformam a tela inicial em algo muito mais simples, com ícones grandes, cores destacadas e acesso facilitado a aplicativos básicos como telefone, câmera e mensagens. Esses launchers são gratuitos ou custam apenas alguns reais, uma economia significativa em relação ao custo adicional de um "celular para idosos".

Muitas fabricantes também já incluem modos facilitados que podem ser ativados sem a necessidade de instalar aplicativos adicionais, como por exemplo o Modo Fácil ou Modo Kids em celulares da Samsung. 

2. Apps de Acessibilidade e Emergência

Muitos smartphones já vêm com funcionalidades de acessibilidade que podem ser ativadas nas configurações. Funções como ajuste de tamanho de fonte, ampliação da tela e assistentes de voz são incrivelmente úteis. Além disso, aplicativos de emergência, como o Botão de Pânico ou o SOS Smart, permitem que o idoso envie um pedido de ajuda com apenas um toque. Modelos de 2024, com o sistema Android atualizado, também podem habilitar - sem a necessidade de pagamentos ou outros apps - recursos avançados de detecção de quedas, rastreio via GPS, atalho para o contato de emergência, monitoramento de métricas de saúde como tempo de uso, volume seguro para audição com fones e até mesmo quantidade de movimento diário e sono. 

3. Custo-Benefício

Ao optar por um smartphone de entrada, que custa entre R$ 500 a R$ 900, é possível ter um aparelho com mais funcionalidades, boa durabilidade e a capacidade de rodar apps e sistemas de segurança sem dificuldades. Modelos como o Positivo Twist 5 Pro e o Samsung Galaxy A15 5G oferecem uma tela grande, câmera razoável e espaço de armazenamento suficiente para fotos e aplicativos essenciais – tudo isso com um custo acessível e funcionalidades superiores aos celulares “para idosos” oferecidos no mercado.

 Como configurar um celular para idosos?

 Se você optar por comprar um smartphone comum e configurá-lo para um idoso, aqui vão algumas dicas práticas para adaptá-lo às necessidades da terceira idade:

 Configuração do tamanho de fonte e ícones

 No menu de “Configurações” > “Tela” > “Tamanho da fonte”, aumente a fonte e o tamanho dos ícones. Isso facilita a leitura e a identificação dos aplicativos.

 Instalação de um launcher simplificado

 Como mencionado, launchers como o Simple Launcher e o Big Launcher podem ser baixados na Play Store e configurados em poucos minutos. Eles transformam a tela inicial em um ambiente intuitivo, onde o idoso encontra apenas as funções essenciais. Também é recomendável desabilitar a navegação de gestos e ativar os botões virtuais clássicos, que costumam ser mais fáceis para quem não está acostumado com as telas por toque.

 Ativação do assistente de voz

 Assistentes como o Google Assistente podem ser ativados para facilitar o uso do celular com comandos de voz. Assim, o idoso pode, por exemplo, pedir para fazer uma chamada ou enviar uma mensagem sem precisar digitar ou sequer saber onde encontrar esses recursos em seu aparelho.

 Criação de um botão de emergência

 Alguns smartphones permitem a criação de atalhos rápidos para chamadas de emergência. Além disso, aplicativos como o Botão de Pânico ou SOS Smart ajudam a configurar contatos de emergência com um toque. Em versões modernas do Android em alguns aparelhos, também é possível ativar recursos que detectam automaticamente quedas fortes ou até batidas de carro ou ônibus, entrando em contato automaticamente com os contatos de emergência.

 Limitação de notificações

 Uma configuração importante é a personalização de notificações, para que o celular não fique constantemente emitindo alertas desnecessários e potencialmente confusos. Assim, o uso fica mais simples e menos intrusivo, evitando confusão. É possível instalar apps como o Filtro de Chamadas para bloquear os golpes cada vez mais comuns via telefone, definir um toque customizado para parentes e amigos próximos, e evitar que apps enviem propagandas desnecessárias. 

 Segurança e usabilidade

 Por fim, um conjunto importante de configurações e apps que não deve ser negligenciado é o grupo dos apps de segurança digital, privacidade e manutenção do aparelho. Nos ajustes de segurança, desabilite a instalação de apps por fora da loja Play Store, adicione uma senha de recuperação de contas segura, adicione um bloqueador de domínios perigosos via DNS seguro, instale uma VPN com IP americano para evitar golpes de “vírus falsos” e ligue as opções do próprio sistema do aparelho de manutenção, como perfil leve de desempenho, congelamento de apps não utilizados com frequência e atualizações automáticas. 

A decisão entre um celular para idosos e um smartphone comum depende das necessidades e da familiaridade do usuário com a tecnologia, além do dinheiro disponível para a escolha do aparelho. Se o idoso nunca usou um celular e prefere algo extremamente simples, talvez um celular básico atenda. No entanto, para aqueles que desejam estar conectados, um smartphone com as configurações certas proporciona mais independência e uma experiência de uso mais rica.

Optar por um smartphone comum, ajustado às necessidades específicas, evita gastos desnecessários e garante que o idoso tenha um dispositivo moderno e versátil. Afinal, em 2024, a tecnologia deve facilitar e não dificultar o acesso à comunicação e à segurança.

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