Artistas ribeirinhos, indígenas, LGBTs e de áreas periféricas vão receber mais de R$ 13 milhões em recursos
Muitas descobertas foram feitas, de artistas que viviam em situação de invisibilidade e tiveram a carreira transformada. (Foto: Divulgação)
O cenário cultural do Amazonas vive uma fase de esperança e renovação com as oportunidades trazidas pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e a Lei Paulo Gustavo (LPG). Em Manaus, somente este ano, foram injetados, através da PNAB, mais de R$ 13 milhões em recursos a serem destinados a classe artística, trazendo visibilidade a artistas ribeirinhos, indígenas, LGBTs e de áreas periféricas.
Em entrevista ao A CRÍTICA, o presidente do Fundo Municipal de Cultura (FMC) e do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Neilo Batista, afirmou que uma das estratégias adotadas para alcançar artistas que historicamente eram invisibilizados foi a busca ativa. Só assim foi possível informar os artistas sobre os recursos e capacitá-los para que tivessem autonomia para inscrever seus projetos e serem contemplados.
Batista relata que, durante esse processo de busca ativa, muitas descobertas foram feitas, de artistas que viviam em situação de invisibilidade e que, através dessas políticas de fomento à cultura, estão tendo suas carreiras transformadas.
Um dos exemplos é o da gestora cultural, artista e agente territorial, Andarilha - nome artístico de Karollen Lima da Silva -, que foi selecionada pelo Ministério da Cultura para articular e mobilizar políticas públicas culturais em Manaus. Ela conta que já foi contemplada em editais municipais, estaduais e federais, dentre os quais destaca o projeto “Quebrando o Coco”.
A artista afirma que essas políticas de incentivo renovaram nela a fé na possibilidade de os saberes e fazeres culturais populares conseguirem fomento para sua preservação, manutenção e difusão.
Andarilha é o nome artístico de Karollen Lima da Silva. Ela foi selecionada pelo Ministério da Cultura para articular e mobilizar políticas públicas culturais em Manaus.
“Sempre fiz arte na rua, mas até então não pensava em ser remunerada por esse fazer cultural, então certamente isso ampliou a minha perspectiva, trazendo um reconhecimento para o meu trabalho enquanto gestora, artista e batuqueira que busca difundir a cultura popular afro-indígena, contribuindo para a democratização da cultura na região norte”, comentou a artista.
'Caminhos do Rio Negro'
Edmildo Manoel, indígena do povo Tukano e guia de ecoturismo, é outro exemplo que ilustra o impacto dessa política de incentivo. Ele conta que aprendeu a desenvolver e inscrever seu projeto para compartilhar o conhecimento de sua cultura na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga da Conquista. Em 2017, ele criou uma trilha chamada “Caminhos do Rio Negro” e, posteriormente, descobriu que precisaria de uma licença e capacitações para trabalhar com esse projeto.
Indígena do povo Tukano, Edmildo Manoel é guia de ecoturismo. Ele inscreveu seu projeto para compartilhar o conhecimento de sua cultura na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga da Conquista.
Para o presidente do Concultura, o principal legado dessas políticas é a transformação cultural. Neilo destaca que o recurso é grande, mas o que faz a diferença é a sensibilidade na sua execução.
Neilo Batista destacou que foi possível informar os artistas sobre os recursos e capacitá-los para que tivessem autonomia para inscrever seus projetos e serem contemplados.
Atualmente, há várias oportunidades para a classe artística. Neilo Batista destacou diversos desses editais abertos, incluindo os voltados para áreas periféricas, ribeirinhas, indígenas e rurais, e os específicos para festivais culturais e artistas LGBT. A pedido da classe artística, o Concultura prorrogou alguns prazos, e até o dia 12 de novembro oito editais ainda estarão abertos. Para mais informações, acesse o site da prefeitura, no concultura.manaus.am.gov.br.
Além disso, Batista destacou ainda o Observatório PNAB, um espaço de apoio aos artistas, localizado na sede do Concultura, que oferece computadores, internet e suporte técnico para quem tem dificuldades em inscrever seus projetos. O Observatório funciona de 8h às 16h, no Casarão Thiago de Mello, atual sede do Concultura, localizado ao lado do Mirante Lúcia Almeida, no Centro de Manaus.