APLV é uma alergia alimentar comum em crianças pequenas. Descubra como adaptar a alimentação para garantir a saúde e segurança da criança
(Divulgação)
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) afeta muitas crianças, especialmente nos primeiros anos de vida. Ao ser diagnosticada, é essencial adaptar a alimentação para evitar reações alérgicas e garantir uma nutrição adequada.
Neste texto, vamos explicar como ajustar a dieta de maneira segura e eficaz, sem abrir mão dos nutrientes essenciais para o crescimento saudável da criança.
Entenda o que é a APLV
É uma resposta imunológica do corpo a proteínas presentes no leite de vaca, como a caseína e a lactoglobulina. Quando o sistema imunológico de uma criança reconhece essas proteínas como substâncias prejudiciais, ele as ataca, provocando uma reação alérgica.
Isso pode levar a uma série de sintomas, que variam de leves a graves, como erupções cutâneas, diarreia, vômitos e até dificuldades respiratórias. Em casos mais severos, pode ocorrer uma reação alérgica imediata, conhecida como anafilaxia, que exige atenção médica urgente.
É uma condição comum em bebês, especialmente nos primeiros meses de vida, mas também pode afetar crianças mais velhas.
Embora a maioria das crianças com essa alergia se recupere ao longo do tempo, muitas continuam a ser alérgicas até os 3 anos de idade, enquanto outras podem precisar de acompanhamento por um período mais longo.
O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica e testes laboratoriais, como exames de sangue para identificar anticorpos específicos ou testes de provocação oral, onde a criança é exposta ao leite de vaca sob supervisão médica para observar se há reação alérgica.
Como é o tratamento da APLV?
O principal tratamento é a exclusão do leite de vaca e seus derivados, o que significa que os pais e cuidadores devem estar atentos a todos os alimentos e produtos que podem conter leite. Isso inclui não apenas leite em sua forma pura, mas também alimentos processados que podem ter traços de leite devido à contaminação cruzada.
Em muitos casos, é necessário consultar um nutricionista para garantir que a criança receba uma alimentação equilibrada, sem a proteína do leite, mas que cubra todas as suas necessidades nutricionais.
Em casos mais graves, como na presença de sintomas de anafilaxia, o médico pode recomendar o uso de medicamentos, como antialérgicos e epinefrina (adrenalina), para controlar a reação alérgica. A introdução de alimentos alternativos ao leite, como leites vegetais (amêndoa, soja, aveia, entre outros), também é uma opção.
No entanto, esses substitutos devem ser escolhidos com cuidado para garantir que forneçam os nutrientes necessários, como cálcio e vitamina D, que são encontrados em abundância no leite de vaca.
A educação contínua e a conscientização sobre os alérgenos são essenciais. Isso significa garantir que a criança e os cuidadores saibam como ler rótulos de alimentos, identificar ingredientes que possam conter leite e informar educadores e cuidadores sobre a alergia.
O acompanhamento regular com pediatra, alergistas ou imunologistas pode ser necessário para monitorar a evolução da alergia e ajustar o tratamento conforme necessário.
Como adaptar a alimentação para crianças com APLV?
Adaptar a alimentação de uma criança com APLV é uma tarefa desafiadora, mas fundamental para garantir a saúde e o bem-estar da criança. Embora o leite de vaca seja um alimento essencial em muitas dietas infantis, é possível criar refeições equilibradas e nutritivas sem o uso de leite e seus derivados.
Aqui estão algumas dicas sobre como adaptar a alimentação sem comprometer a saúde da criança.
Substituindo o leite de vaca
Uma das primeiras adaptações necessárias é substituir o leite de vaca. Existem várias alternativas, como leites vegetais (soja, amêndoa, aveia, coco, arroz) que podem ser usados em substituição ao leite de vaca.
No entanto, é importante escolher opções enriquecidas com cálcio e vitamina D para garantir que a criança receba esses nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento ósseo. O leite de soja é uma das alternativas mais comuns, pois contém proteínas comparáveis às do leite de vaca, além de ser rico em cálcio.
Substitutos do queijo e iogurte
Queijos e iogurtes são alimentos que muitas vezes causam preocupação nas dietas de crianças com APLV, uma vez que são derivados do leite. No entanto, atualmente existem várias opções no mercado, como queijos e iogurtes vegetais à base de soja, amêndoa ou coco.
Esses produtos podem ser uma boa alternativa, mas é essencial verificar se são enriquecidos com os mesmos nutrientes do leite, como cálcio, vitamina B12 e proteínas.
Cuidado com alimentos industrializados
Alimentos processados, como bolos, biscoitos e refeições prontas, podem conter leite em sua composição, seja de forma explícita ou por contaminação cruzada. Por isso, é importante sempre ler os rótulos atentamente e verificar a presença de ingredientes como leite, caseína, soro de leite, leite em pó e outros derivados do leite.
Além disso, é recomendável evitar alimentos que foram processados em fábricas que também produzem produtos lácteos, pois pode haver risco de contaminação cruzada.
No Brasil, a RDC nº 26, de 02 de junho de 2015, desempenha um papel crucial na segurança alimentar de pessoas com alergias alimentares, ao estabelecer requisitos para a rotulagem obrigatória de alimentos que contenham os principais alérgenos, como o leite de vaca, ovos e amendoim.
Essa regulamentação assegura que os consumidores, especialmente aqueles com alergias como a APLV, possam identificar facilmente os ingredientes que representam riscos à saúde, proporcionando maior controle e segurança na escolha dos alimentos.
Fontes alternativas de cálcio e proteína
Uma dieta sem leite pode levar a uma deficiência de cálcio, mas existem várias fontes alternativas desse mineral em alimentos como vegetais verdes escuros (brócolis, couve), tofu, feijão, lentilhas, amêndoas e sementes de gergelim.
Além disso, é fundamental garantir que a criança esteja recebendo proteína suficiente, que pode ser obtida de leguminosas, tofu, quinoa, arroz integral e outras fontes vegetais. Alimentos ricos em ferro e vitamina C também devem ser incluídos para otimizar a absorção de ferro.
Evitar deficiências nutricionais
Como o leite de vaca é uma fonte importante de muitos nutrientes, é essencial que os pais se preocupem com a inclusão de outros alimentos ricos em vitaminas A, D, B12, cálcio e ferro.
O acompanhamento com um nutricionista especializado pode ser necessário para garantir que a dieta da criança seja balanceada e para monitorar possíveis deficiências nutricionais.
Criando uma rotina alimentar variada
Assim como em qualquer dieta restritiva, a variedade é essencial. Oferecer uma ampla gama de alimentos, incluindo frutas, vegetais, cereais integrais e fontes alternativas de proteínas, ajuda a garantir que a criança receba todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável.
Além disso, é importante envolver a criança na escolha dos alimentos e torná-la parte do processo de preparação das refeições, o que pode ajudar a criar uma relação positiva com a comida.
Adaptar a alimentação de uma criança com APLV pode ser um desafio, mas com a abordagem certa, é totalmente possível garantir que a criança receba todos os nutrientes essenciais para seu crescimento saudável.
A chave é escolher substitutos nutritivos para o leite de vaca e seus derivados, prestar atenção nas fontes de cálcio e proteína, e trabalhar com profissionais de saúde para garantir uma dieta equilibrada e segura. Com paciência, educação e planejamento, os pais podem ajudar seus filhos a crescerem de forma saudável, sem comprometer a segurança alimentar.
Referências:
ALERGIA AO LEITE DE VACA. Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca/. Acesso em: 03 dez. 2024.
TRATAMENTO. Alergia ao leite de vaca, 2024. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/tratamentos. Acesso em: 03 dez. 2024.
PROTOCOLO DE MANEJO NUTRICIONAL NA ALERGIA ÀS PROTEÍNAS DO LEITE DE VACA PARA CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS DE IDADE. Secretaria de Saúde do Distrito Federal, 2022. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/0/Protocolo+de+Manejo+Nutricional+na+Alergia+as+Proteinas+do+Leite+de+Vaca+para+Criancas+Menores+de+2+Anos+de+Idade.pdf. Acesso em: 03 dez. 2024.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC, nº 26, de 02 de junho de 2015. Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Diário Oficial da União, nº 125, de 3 julho de 2015.