Economia

Amazonenses pretendem usar o 13º Salário para pagar dívidas

Amazonas tem o pior índice de endividados do País, segundo a Serasa o percentual de inadimplentes é de 51,48%; no País, 63% pretendem usar o salário 'extra' para limpar o nome e pagar as dívidas e contas básicas

Jeysy Xavier
economia@acritica.com
10/12/2022 às 08:48.
Atualizado em 10/12/2022 às 08:50

Jéssica diz que o salário não é suficiente para cobrir o custo de vida: tudo caro (Junio Matos)

O ano de 2022 carregou consigo o peso dos altos preços advindos de uma inflação exorbitante, atingindo desde alimentos até carros e viagens. Ao longo dos últimos 12 meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,9%. Esse cenário levou muitos consumidores brasileiros ao endividamento.

Segundo dados da Serasa, o Amazonas tem um índice de 51,48% de inadimplentes, o maior em todo País e as principais dívidas são de serviços de utilidade (28,7%), consumos básicos como água, luz e gás. Em seguida vêm os bancos e cartão (20,5%) e varejo (25,3%).

Uma pesquisa da Serasa apontou que a saúde financeira é uma das principais preocupações dos consumidores atualmente, o que fará com que o destino do 13º salário seja para a quitação de dívidas.

Com muitos boletos para pagar, amazonenses confirmam essa tendência e esperam o pagamento “extra” do mês de dezembro para se livrar ou pelo menos reduzir as contas acumuladas.

É o caso da assistente de recursos humanos Flávia Oliveira, 35. Ela diz que o 13º chegou em boa hora. Para ela, iniciar um novo ano sem dívidas e poder planejar uma viagem ou outra compra é um sentimento único.

“Esse ano eu acabei extrapolando nas dívidas e reconheço que este é o resultado de falta de planejamento mesmo.  Chegou uma hora que eu estava devendo mais do que eu ganhava e precisei mesmo dar um basta em alguns gastos. A parte boa de tudo isso é que, junto com o fim do ano, vem também o 13º e com ele vou poder eliminar as dívidas e iniciar o ano mais aliviada para poder planejar algo”, contou.

Flávia explicou que suas dívidas se resumem em consumos básicos e que passar o cartão de crédito nos momentos de sufoco gerou uma dívida que passa dos R$ 5 mil. “Precisei fazer uma viagem, tive custos que foram se acumulando a ponto deu me ver enrolada com uma dívida de R$ 6 mil. Ano que vem vou evitar usar o cartão de crédito sem pensar no amanhã”, relatou.

Assim como a assistente de RH, a recepcionista Jéssica Rodrigues, 31, diz que não sabe exatamente onde foi que começou o seu endividamento, mas que não chegou a fazer uma compra grande.

“Nenhum trabalhador passou o ano de 2022 folgado, né? Pelo contrário, todo mundo passou por apertos com o básico. No supermercado, tudo caro, remédio, consultas, gasolina, nem precisamos de muito para concordar que com o salário que se ganha não dá para viver sem dívidas”, diz.

Para ela, o 13º vai ser a saída para ficar mais aliviada e poder voltar a usar o cartão de crédito.

“Ainda bem que existe o 13º salário. É justamente ele que vai me ajudar a sair desse aperto, devolver meus créditos e a minha dignidade”,  brincou Jéssica Rodrigues.

Planejamento

Um fator em comum entre os endividados é que eles reconhecem que a falta de planejamento financeiro é um dos principais fatores para o descontrole nas contas, sobretudo para quem depende de uma renda fixa mensal.

Para iniciar o ano mais aliviado, a educadora financeira Roberta Veras é preciso começar a fazer um orçamento doméstico, anotar os custos principais e reservar parte do salário para as dívidas. “Dessa maneira vai ser possível sair desse ciclo de viver endividado e começar uma nova cultura e hábito quanto a sua vida financeira”, explica.

O gerente de produtos Rodrigo Bellato, 37, considera que tem conseguido manter o controle dos gastos. Ele se prepara para receber o décimo e fez uma compra grande de forma planejada.

“Anualmente eu me preparo ou até antecipo uma compra grande, contando com o décimo que eu vou receber. Por exemplo, em outubro eu fiz algumas compras parceladas em 3x contando com as parcelas 13° e confiando que vou conseguir pagar sem problemas até dezembro, e outra parte, eu acabo guardando e investindo”, explicou.

Dica da especialista

A educadora financeira Roberta Veras explica que o principal erro das pessoas é não priorizar o pagamento de dívidas com juros altos.“Um dos principais erros é priorizar as dívidas menores. Ao fazer isso você acaba não eliminando as dívidas principais, que são aquelas de juros altos”, explicou.

Ela diz que os inadimplentes devem mudar seu comportamento em relação às compras.

“Deixe de comprar por um tempo, até zerar as dívidas e depois você volta a comprar. Só focar em pagar as contas não é saudável e faz com que você não crie o hábito de honrar seus compromissos. O primordial para quem quer organizar sua vida financeira é ter noção das suas dívidas fixas e variáveis e então reservar uma porcentagem para quitar as dívidas, começando pelas de juros altos”, disse.

Limpar o nome

Pesquisa da Serasa aponta que pelo menos 63% dos 2.800 brasileiros entrevistados disseram que pretendem utilizar o 13° Salário para limpar o nome e pagar as dívidas e contas básicas. De acordo com o estudo, 25,8% dos entrevistados pretendem pagar dívidas; 25,6% dos entrevistados querem limpar o nome e 12,5% dos entrevistados planejam saldar as contas básicas (água, luz, aluguel e gás).

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