O Jaci Indicador de Saúde da Mulher foi desenvolvido por alunas da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru
(Foto: Giovanna Marinho)
SÃO PAULO - O Amazonas é finalista da edição 2024 do Solve For Tomorrow, projeto pedagógico da gigante coreana Samsung para promover a iniciação científica nas escolas públicas de todo o Brasil. O Jaci Indicador de Saúde da Mulher foi desenvolvido por alunas da Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru (AM) e é única proposta da região Norte a competir pelo título cujo o prêmio será anunciado na manhã desta terça-feira (3).
O professor de biologia e orientador do projeto, Galileu da Silva Pires explica que o projeto, desenvolvido pelas alunas do primeiro ano do ensino médio Laissa Araujo, Maria Gomes, Karla Ramos e Marcela Bastos de Oliveira, tem como premissa uma situação comum identificada por ele no dia a dia da sala de aula: o tabu sobre o ciclo menstrual.
"Muitas chegavam comigo e perguntavam: professor, posso ir ao banheiro estou naqueles dias. Chegaram envergonhadas, sem jeito de falar e aquilo foi incomodando. Como eu trabalho com o projeto e sou professor de biologia e dou aula sobre o ciclo menstrual fiquei perguntando, por que ter vergonha de uma coisa tão natural?”, contou o professor.
A partir desse problema ele desafiou o time a pensar a divulgação da dignidade menstrual onde surgiram quadrinhos e folders sobre o assunto. Logo, foi criado também um modelo inovador para distribuição de absorventes. A escola foi a primeira da rede pública de ensino do Brasil a ter um dispensar automatizado. Toda a configuração foi feita pelas alunas que aprenderam a programar em Arduino.
A ideia, no entanto, ganhou um plus e juntos eles desenvolveram um protótipo de absorvente higiênico inteligente que mede os níveis de Ph no sangue menstrual. O produto conta com um sistema de fita com indicadores coloridos. Cada cor simboliza um nível de Ph (ácido, neutro, base), inovação que pode abrir portas para o diagnóstico de doenças da mulher.
“Está se abrindo um campo muito grande com esse projeto. Conversando com vários médicos, pode ser associado a distúrbios hormonais, infecções bacterianas e fúngicas e até, no futuro, identificar o câncer de colo de útero”, declarou o professor.