CAPACITISMO

Advogada PCD sofre constrangimento em voo da Latam de Manaus para Florianópolis

A ativista pelos direitos dos PCDs Nancy Segadilha não teve seu direito de embarque prioritário assegurado e mesmo ao se dispor a comprar um assento para seu maior conforto, ela não teve o pedido atendido

Karol Rocha
online@acritica.com
20/08/2022 às 15:40.
Atualizado em 20/08/2022 às 17:03

A chegada em Florianópolis foi bastante conturbada para a advogada e ativista Nancy Segadilha, 37, que passou por momentos constrangedores nos vôos de conexão da Latam Linhas Aéreas nesta quinta-feira (18). Ela viajou a trabalho para um evento representando a Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas (CAAAM), a qual ela é vice-presidente. 

Nancy é uma pessoa com deficiência (PCD) e não teve seu direito de embarque prioritário assegurado e mesmo ao se dispor a comprar um assento para seu maior conforto, ela não teve o pedido atendido. 

"Eles (CAAAM) compraram a minha passagem na tarifa top e mesmo assim eu pedi para comprarem o assento mais por que toda a vez que eu viajo é uma tortura, só que a Latam tem uma fileira premium e eu não sabia. Chegando no check-in, eu expliquei para a moça que eu tinha comprado o espaço mais e ela me disse que era no assento 4D. Eu disse que não tenho condições, eu tenho um 1,74 de altura, sou tetraplégica e eu não vou ter mobilidade nenhuma e ela me disse que eu teria que ter comprado premium".

A funcionária da companhia aérea afirmou que todas as cadeiras premium estavam esgotadas. Mas Nancy pediu para conversar com um superior que a tratou com grosseria e disse que não seria possível a compra do assento. 

"Eu pedi para falar com o líder, falei se ele não poderia fazer o remanejamento, que eu queria comprar o premium e ele disse que isso ia ocasionar 'questões de receita da companhia aérea. Ele foi extremamente grosseiro e debochado. Eu acho que pelo fato de eu ser uma pessoa com deficiência, ele deve achar que eu não sei dos meus direitos". Segadilha não sentou nos primeiros assentos em nenhum dos voos da companhia.

Ela precisou se acomodar na quarta fileira do voo. Após a viagem, totalmente desconfortável, ela teve dores na lombar e quase não participava do congresso. 

"Foi todo esse constrangimento. Eu fui carregada pela aeronave inteira até chegar no meu assento, no 4D, que eu paguei pelo espaço mais. Isso me ocasionou um inchaço na lombar, quase não fui para o evento, eu ia para o hospital, mas eu resolvi tomar um analgésico mesmo. Mas foi um verdadeiro desrespeito, um descaso, esse superior não deveria estar no cargo que ele ocupa. Eu fui extremamente discriminada e me senti atravessada". Na volta para Manaus, Nancy disse que fará a denúncia do ocorrido junto ao Ministério Público do Estado do Amazonas.

Caso constante

De acordo com a presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a advogada Maria Eugênia de Oliveira, constantemente o órgão é informado que pessoas portadoras de deficiência sofrem por falta de acessibilidade e deficiência nos meios de transporte, quer sejam terrestres e aéreos. 

"A Legislação existe, mas não é cumprida pois desde 1997, a ABNAT (Associação brasileira de normas técnicas), regulamentou que as aeronaves com mais de 100 lugares devem dispor de no mínimo uma cadeira de rodas de bordo dobrável. Porém, acontece que as empresas aéreas pouco dão importância a essa determinação.  A Resolução n. 009, de 5 de junho de 2007, aprovou a norma operacional de Aviação Civil sobre o acesso ao transporte aéreo de passageiros que necessitam de assistência especial, porém, muito pouco se tem delimitado pelas empresas", explicou.

"Nós da Diretoria da Comissão e eu como Presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CNDPC) temos como meta na gestão Beto Simonetti (Presidente da OAB Nacional), conscientizar a sociedade e os demais segmentos dos direitos dessa comunidade", disse ainda.

Em uma publicação da advogada neste sábado (20), ela afirma não ter conseguido cumprir agenda em Florianópolis

Nota - Latam Linhas Aéreas

A LATAM se sensibiliza com o desconforto da passageira e esclarece que não foi possível transferi-la para categoria Premium Economy, pois não havia disponibilidade de assento para ser comercializada. 

Diante disso, a passageira foi acomodada em assento no corredor da quarta fileira da aeronave, localizada exatamente atrás da categoria Premium Economy, conforme determina o artigo 31 da resolução 280 da ANAC sobre o atendimento de passageiros com mobilidade reduzida. A companhia reitera também que seu embarque foi realizado prioritariamente, conforme atesta o vídeo postado em suas redes sociais, seguindo também o determinado na resolução da agência reguladora

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