DOIS ANOS DEPOIS...

Acampamentos nos estados ainda precisam ser investigados, diz historiador

Nesta quinta-feira (9), completam-se dois anos do fim do acampamento em frente ao Comando da Amazônia, no qual bolsonaristas pediam intervenção militar

Lucas dos Santos
09/01/2025 às 13:24.
Atualizado em 09/01/2025 às 13:24

(Arquivo/A CRÍTICA)

Nesta quinta-feira (9), completam-se dois anos do fim do acampamento bolsonarista em frente ao Comando da Amazônia (CMA), que, assim como em outros estados, pedia intervenção militar contra a eleição democrática de 2022. Para o doutor em História César Augusto Queirós, da Universidade Federal do Amazonas, ainda é necessário investigar quem financiou as manifestações que ocorreram meses antes da tentativa de golpe de Estado em Brasília, incluindo em Manaus.

“O que precisa ser averiguado e investigado pelo Ministério Público é a forma pela qual esses manifestantes se mantiveram em frente aos quartéis. Quem financiou, quem auxiliou, quem apoiou a permanência naqueles espaços. Evidentemente que essas investigações precisam ser muito apuradas, detalhadas, para que se observe exatamente os intuitos dessas pessoas, em especial daqueles que financiaram e que mantiveram”, completou.

Em Manaus, o acampamento durou 70 dias e se encerrou sem que ninguém fosse responsabilizado, nem houve apuração sobre os financiadores. No dia dos ataques de 8 de janeiro em Brasília, os manifestantes de Manaus tentaram bloquear a entrada da Refinaria da Amazônia (Ream). Para A CRÍTICA, o Ministério Público Federal no Amazonas confirmou que atualmente não há nenhuma ação em andamento sobre o acampamento na capital.

Complexidade

As investigações em curso a nível nacional, aponta César Augusto, revelaram um extenso esquema relacionado à tentativa de golpe em 2023, incluindo um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Nós precisamos compreender que o que aconteceu em 8 de janeiro não foi uma coisa menor. Não podemos minimizar os atos golpistas de 8 de janeiro, achando que foi algo simples, algo corriqueiro. Na realidade, ocorreu sim uma tentativa de golpe de Estado, uma tentativa de impedimento da posse do presidente democraticamente eleito. Com o decorrer das investigações, ainda foi descoberta uma possível tentativa de homicídio do presidente eleito, do vice-presidente e de um membro do Supremo Tribunal Federal”, disse.

Pesquisador da atuação da ditadura militar na Amazônia, César Augusto destaca que é necessário manter a memória do ocorrido como um símbolo de que é preciso estar atento à defesa da democracia.

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