Demais parlamentares do estado não se posicionaram sobre a proposta, que ainda não foi protocolada no Congresso
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Uma mobilização virtual tomou conta das redes neste sábado (9) pressionando os deputados federais a assinarem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue a escala de trabalho 6x1, na qual o empregado trabalha por seis dias e folga somente uma vez por semana. Entre os deputados do Amazonas, somente Saullo Vianna (União) assinou o projeto.
A proposta foi elaborada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Para ser protocolada, a PEC precisa de no mínimo um terço dos parlamentares. No caso da Câmara, é necessário apoio de ao menos 171 deputados.
Na internet, apoiadores da ideia tem pressionado os deputados federais para que também apoiem o projeto. O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) se posicionou contra e foi criticado por seus seguidores. O parlamentar argumenta que o fim da escala 6x1 pode “prejudicar nossa economia, mas posso ser convencido do contrário”.
“Mandei nosso pessoal realizar um estudo independente e uma revisão bibliográfica. Quem for civilizado e quiser dialogar e apresentar argumentos, fique à vontade”, disse em seu perfil no X.
Os demais deputados amazonenses – Adail Filho (Republicanos), Átila Lins (PSD), Capitão Alberto Neto (PL), Fausto Jr. (União), Sidney Leite (PSD) e Silas Câmara (Republicanos) – até o momento não se posicionaram sobre a proposta.
Até a tarde deste domingo, a hashtag “FIM DA ESCALA 6X1” havia recebido 169 mil posts na rede social X.
Tentativa de audiência pública
Em junho deste ano, a deputada Erika Hilton apresentou um pedido para realizar uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara para debater o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho. Representando o Partido Liberal (PL), o deputado federal Pastor Marco Feliciano, de São Paulo, tentou impedir a aprovação do pedido.
Durante seu discurso, Feliciano chamou a proposta de “excrescência” e defendeu o modelo de trabalho de países como Estados Unidos e Japão, onde “as pessoas trabalham até a exaustão”.
“Todo trabalho dignifica o homem e nós temos um país que precisa crescer, e só há crescimento se houver trabalho. Democracias sérias e maduras como Estados Unidos da América e Japão, todas as pessoas trabalham até a exaustão para verem a prosperidade, a riqueza e tudo mais. Para mim, para nós do PL inclusive, o maior método de ação social que o governo pode fazer pelo ser humano é dar a ele trabalho”, disse à época.
O pedido acabou sendo aprovado pela comissão, mas a audiência pública ainda não foi realizada.
Declarações contra
Pelas redes sociais, deputados declararam antecipadamente seus posicionamentos contrários à proposta. O deputado Gilson Marques (Novo-SC), ao responder um trabalhador de farmácia catarinense “doente, exausto, no limite” pedindo que ele assinasse a PEC, afirmou ser contra a proposta porque, em sua opinião, ela restringe o livre comércio, reduz a produtividade, prejudica pequenos negócios e causará desemprego.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) seguiu a mesma toada e afirmou que o fim da escala 6x1 irá impactar na competividade das empresas, provocar desemprego, reduzir os salários, a produtividade e que nem todos os setores se adaptariam ao modelo, a exemplo de segurança, saúde e transporte.