Rainha Inigualável

Marta recebe a Bola de Ouro Hors Concours na 55ª edição do ESPN Bola de Prata

Maior artilheira da história das Copas do Mundo, três vezes medalhista de prata nos Jogos Olímpicos e eleita seis vezes pela FIFA como melhor jogadora do mundo, a rainha Marta ganhou a Bola de Ouro Hors Concours, honraria concedida a quem é considerado inigualável ​​por qualquer outro jogador

DeJota
dejota@acritica.com
15/12/2024 às 16:37.
Atualizado em 15/12/2024 às 16:59

Realizado desde 1970, o prêmio Bola de Prata havia concedido a Bola de Ouro Hors Concours para apenas dois atletas: o rei Pelé, em 1970, e Neymar, em 2012 (Agência Com Z)

A 55ª edição do ESPN Bola de Prata Aposta Ganha, prêmio mais tradicional do futebol brasileiro, foi marcada por um momento histórico. Maior artilheira da história das Copas do Mundo, três vezes medalhista de prata nos Jogos Olímpicos e eleita seis vezes pela FIFA como melhor jogadora do mundo, a rainha Marta ganhou a Bola de Ouro Hors Concours, honraria concedida a quem é considerado inigualável ​​por qualquer outro jogador.

Realizado desde 1970, o prêmio Bola de Prata havia concedido a Bola de Ouro Hors Concours para apenas dois atletas: o rei Pelé, em 1970, e Neymar, em 2012. Ao convite da ESPN Brasil, a reportagem de A Crítica esteve presente no evento realizado na última segunda-feira (9), no Auditório Celso Furtado, Parque Anhembi, São Paulo, que premiou as seleções do Campeonato Brasileiro e do Brasileirão Feminino.

Com a mãe Tereza assistindo um jogo nos Estados Unidos pela primeira vez, Marta conquistou o inédito titulo da NWSL pelo Orlando Pride

 Desde 2017, a atacante vem atuando pelo Orlando Pride, dos Estados Unidos. Nesta temporada, a oitava com o clube, a rainha conquistou o título inédito da liga de futebol feminino, a NWSL (National Women's Soccer League). Em entrevista coletiva, Marta conversou sobre vários assuntos, sendo um deles a possibilidade de voltar a atuar em solo brasileiro, algo que não ocorre desde 2011, quando vestiu a camisa do Santos.

"Acredito que isso é normal, eu ainda estou jogando e pretendo jogar mais uns dois anos, não sei. Se eu continuar fazendo o que, graças a Deus, eu consegui fazer nessa temporada, principalmente com o Orlando, há uma grande chance. Enquanto você ainda está em atividade, tudo é possível", declarou Marta, que ao falar sobre a conquista inédita do Orlando Pride, se alegrou ao lembrar da presença da mãe Tereza, que viu pela primeira vez a filha jogando nos Estados Unidos.

"Foi um dos momentos mais felizes da minha carreira estar junto com a minha mãe, compartilhando essa grande conquista que já vinha desde o ano passado, batendo na trave nos play-offs, enfim, altos e baixos, mas é sinônimo de perseverança. Jamais desisti e é isso aí", afirmou a rainha.

Em 2024, Marta disputou 34 partidas, sendo 26 delas pelo Orlando Pride, com 11 gols e 1 assistência, e as outras 8 pela Seleção Brasileira, com 3 gols e 1 assistência. Com o título da NWSL e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris - além de seguir jogando em alto nível -, a atacante foi questionada sobre a possibilidade de ser convocada para a Copa do Mundo Feminina de 2027, que será realizada no Brasil entre os meses de junho e julho.

Com 38 anos completados em setembro, a rainha chegaria ao Mundial com 40 anos e igualaria o feito da ex-volante Formiga, única a atuar como atleta em sete Copas.

"A minha perspectiva sobre a Copa do Mundo no Brasil não mudou. Eu sempre vou estar disponível para a Seleção Brasileira, querendo ajudar de alguma maneira, mas eu não quero mais colocar isso como uma meta, como se eu tivesse que jogar esses próximos anos pensando em estar na Copa do Mundo. Acho que isso tem que ser uma coisa muito natural e vai depender muito do meu dia a dia, onde eu vou estar jogando, como foi a minha temporada, porque nada foi de graça, sempre foi por mérito, então será por mérito se eu tiver que estar em uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira como atleta", explicou a atacante.

Marta concorre ao ‘Prêmio Marta’

Em janeiro deste ano, a FIFA anunciou que o troféu, dado à autora do gol mais bonito da temporada no futebol feminino, se chama Prêmio Marta - equivalente ao Prêmio Puskás no masculino. O curioso é que Marta está na disputa do troféu por gol marcado em junho, pela Seleção Brasileira, em amistoso diante da Jamaica. E ao que tudo indica, a rainha irá concorrer ao prêmio novamente em 2025, já que o golaço marcado em novembro pelo Orlando Pride, na semifinal da NWSL contra o Kansas City, só não está na disputa porque o prazo para concorrer já havia expirado.

Na jogada do golaço marcado sobre o Kansas City, Marta saiu correndo com a bola desde o círculo central, invadindo a grande área e deixando duas marcadoras no chão com um único drible. Posteriormente, no seu segundo toque na bola, a rainha também deixou a goleira adversária caída no gramado, para enfim finalizar. Um gol tão espetacular que a atacante lamenta por precisar esperar a próxima temporada.

"Eu estou muito feliz de estar concorrendo ao Prêmio Marta. Acho que vai ser um pouquinho complicado. Não que o gol que eu fiz contra a Jamaica não seja bonito, mas acho que eu teria mais chances se o gol que fiz contra o Kansas City, na semifinal, tivesse sido indicado. A gente sabe que a FIFA tem um critério diferente, são datas que já não se encaixavam mais na maneira como eles fazem a premiação. Porém, a gente espera ver esse gol entre os melhores no ano que vem", almeja a atleta.

Futebol feminino no Brasil

Desde 2021, o ESPN Bola de Prata Aposta Ganha premia a seleção do Campeonato Brasileiro Feminino - Série A1. Este ano, a amazonense Micaelly Brazil, atleta da Ferroviária (SP), recebeu o troféu de melhor meia. Grande incentivadora da valorização do futebol feminino, Marta comentou sobre o crescimento da modalidade, citando atletas, clubes e imprensa como fatores fundamentais para esse avanço no país. 

"É nítido o quanto evoluiu o futebol feminino aqui no Brasil, em todos os sentidos, e o quanto ainda tem a melhorar, isso é indiscutível. Eu acredito muito que a gente está no melhor momento, e no momento exato e certo, para que possamos realmente aproveitar a oportunidade e fazer com que o futebol feminino cresça a cada dia: seja em termos de qualidade, dando oportunidade para as meninas, com os clubes investindo como tem feito; seja na questão da comunicação, com a imprensa divulgando o produto, porque ninguém compra uma coisa que não conhece, então acho importante estar falando, sempre divulgando e, obviamente, que vamos ter mais público nos estádios”, pontuou Marta, antes de finalizar.

“Esse ano tivemos grandes exemplos como o Corinthians, com 40 e poucas mil pessoas no estádio para assistir o Feminino, então eu acho isso bacana. Quero muito ver esse tipo de situação em outros clubes também e assim por diante. Acho que as meninas têm que fazer a parte delas e estão fazendo muito bem, se dedicando a cada dia. A qualidade vem melhorando e vocês (imprensa) também vem fazendo a parte de vocês, os clubes, enfim, todos que estão envolvidos no futebol feminino”.

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