Atletismo

Benjamin Oliveira é ouro no Brasileiro sub-18 e fica entre os melhores do mundo no salto triplo

Amazonense alcançou 15.51 metros e tem a 7ª marca do mundo no salto triplo sub-18

Camila Leonel
camilaleonel@acritica.com
21/09/2024 às 20:11.
Atualizado em 21/09/2024 às 20:12

Benjamin com a medalha de ouro conquistada no Brasileiro sub-18 há uma semana, em Recife (Daniel Brandão)

Há uma semana, o amazonense Benjamin Oliveira conquistou a medalha de ouro do salto triplo no Campeonato Brasileiro Interclubes Loterias Caixa Sub-18, que aconteceu em Recife-PE. Mas o lugar mais alto do pódio levou o adolescente de 17 anos a lugares mais distantes que os 15.51 metros que ele saltou. A marca, que é a melhor dele na carreira, o colocou entre os 10 melhores saltadores do mundo no sub-18. Benjamin agora é o sétimo colocado e está a 69 centímetros da melhor marca que pertence ao cubano Gian Baxter, com 16.20 metros. 

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 Além disso, o atleta sonha que o feito possa levá-lo para Quito no Equador, local do Sul-Americano sub-18 que será realizado nos dias 26 e 27 de outubro. A convocação para a seleção brasileira que disputará a competição sai na próxima semana.


Treinador Jorge Reina trabalha na Vila Olímpica de Manaus desde 2000 e treina Benjamin há quatro anos (Daniel Brandão)

 Treinando há quatro anos na pista da Vila Olímpica com o técnico Jorge Alfredo Reina, o jovem vinha batendo na trave em outras competições que disputou e, além disso, convivendo com lesões que comprometiam o desempenho. Para o brasileiro, ele foi 100% fisicamente e começou com uma boa marca desde a classificação. Ele fez 15.07 metros quando a nota de classificação era 14.01 metros.  A boa nota nas eliminatórias fez ele acreditar que vinha algo melhor.

“A qualificatória era 14.01, uma marca baixa para o sub-18 e eu saltei 15.07 e achando fácil. E tipo, pensei: na final vai dar pra saltar mais e dar o sangue e foi dito e certo. A final foi acirrada e consegui fazer aquele salto de 15.51 na minha quarta tentativa. Fiquei bem feliz, abracei o professor, sai gritando e isso agora está me motivando muito. Tenho chances de ser convocado para a seleção e eu lutei demais, treinei demais para isso e sei o quanto me esforcei nos campeonatos e eu não vou parar aqui. Quero continuar e seguir até chegar no meu sonho, que é ir para uma Olimpíada”, declarou o atleta.

Treinador Jorge Reina trabalha na Vila Olímpica de Manaus desde 2000 e treina Benjamin há quatro anos (Daniel Brandão)

 O técnico de Benjamin, o cubano Jorge Reina, também ficou satisfeito com o resultado e disse que isso é fruto de um processo que foi se desenvolvendo aos poucos e que deu resultado no último domingo.

“Foi muito revigorante [o resultado]. Foi uma coisa que a gente já esperava porque a gente treina faz mais de quatro anos e vai seguindo um processo e o processo vai se criando aos poucos até concretizar os resultados. Antes da prova eu falei pra ele: você é o único que pode perder esse lugar na competição, não fique nervoso e faça o que você sempre fez e foi tranquilo. Foi uma coisa que a gente sentiu na alma, no coração. Eu nunca na minha vida fiquei rouco e desta vez eu fiquei do tanto que gritei e ainda estou meio rouco”, disse o técnico durante a entrevista que foi feita na quarta-feira, três dias após a prova de Benjamin.

Benjamin com a sapatilha que usou para conquistar a sétima melhor marca do mundo no salto triplo (Daniel Brandão)

A saga da sapatilha

 Mas nem tudo foi fácil durante a prova. No sábado, ainda durante a qualificação, Benjamin percebeu que a sapatilha que ele usa para competir havia rasgado. Após informar para o técnico, Reina começou uma maratona para tentar achar uma solução.

“Fui do céu ao inferno. Ainda no sábado à tarde fui atrás de algo, não tinha nada aberto. Corri num shopping para achar alguma coisa: cola de sapateiro, agulha, outra sapatilha. No domingo fui atrás e também só consegui cola de sapateiro”, disse o treinador.

Usando a mesma sapatilha há dois anos e com um único par, comprar uma nova poderia interferir no desempenho de Benjamin, já que seguindo o técnico, ele não sente o chão da mesma forma. Um dos técnicos ainda emprestou uma para o atleta, mas ela não serviu.

“Eu não calcei a sapatilha que emprestaram porque eu nunca mais saltei com uma de salto triplo então pensei que ia dar ruim e não queria fazer uma marca ruim e, além de tudo, ela não deu no meu pé depois”, relembra o atleta.

A sapatilha de Benjamin no dia da prova do Brasileiro sub-18, em Recife (Divulgação)

 Sendo assim, a solução para a sapatilha foi colar com esparadrapo e fita adesiva e foi o assim que ele alcançou a melhor marca da carreira, a sétima melhor do mundo. Com o título conquistado, Benjamin disse que também terá que arrumar uma sapatilha nova até o Sul-Americano.

“Estamos atrás de uma nova. Antes do Sul-Americano a gente arranja uma”, disse humorado o atleta que começou no salto em altura, chegou a treinar corrida com barreiras até chegar no salto triplo.

Com a sapatilha rasgada antes da final, Benjamin e o técnico Jorge Reina, precisaram encontrar uma solução que, no final das contas foi fita e esparadrapo (Daniel Brandão)

Do salto em altura para o triplo

 Benjamin começou a treinar por causa do irmão. Ele treinava na Vila Olímpica, deu uma sumida e ficou com vergonha de voltar sozinho. Foi aí que ele chamou Benjamin para ir junto com ele. "Cheguei aqui magrelinho e cabeludo", relembra. Apresentado ao treinador Reina, o atleta começou a frequentar a pista de atletismo e competir no salto em altura, modalidade que ele vinha gostando de praticar.

Mas o olhar atento do professor Reina profetizou que ele não ficaria muito tempo no salto em altura. E ele estava certo. Pouco tempo depois, Benjamin começou a treinar no salto triplo.

"No começo fiquei triste porque não queria sair do salto em altura, mas depois eu aceitei e fui pro triplo. O professor Reina me apresentou e fui me adaptando e dando resultado, fui fazendo marcas boas e me adaptar. Comecei a crescer. Ele ainda me trocou pra os 400m com barreiras porque eu não tinha velocidade e isso me ajudou bastante", relembrou.

Com passagens nas duas modalidades, o treinador Reina explicou como aproveitou para desenvolver a técnica de Benjamin.

"No salto em altura você trata de vencer a gravidade e na barreira tem ritmo e potência. No triplo, a gente tem que quebrar a gravidade e precisa de ritmo. Ele tem problema com a corrida, mas são problemas técnicos e a gente vai juntando isso e trabalhando", explicou.

  

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