Vivências

Atletas que estiveram nos Jogos Paralímpicos de Paris falam sobre a competição

Maria de Fátima Castro trouxe na bagagem um 'peso extra': o da medalha de bronze

Camila Leonel
online@acritica.com
14/09/2024 às 12:57.
Atualizado em 14/09/2024 às 12:57

Maria de Fátima, atleta do levantamento de peso (Foto: Silvio Avila/CPB)

Jogos Paralímpicos de Paris terminaram há uma semana e os atletas que estiveram competindo, aos poucos, retornaram para o Brasil e para a rotina de treinos após várias vivências na capital francesa ao longo de 10 dias de competição. No caso da atleta do levantamento de peso, Maria de Fátima Castro, na bagagem ela trouxe um 'peso extra': o da medalha de bronze conquistada na categoria até 67kg.

A amazonense nascida em Tefé chegou em Manaus na terça-feira e na quinta-feira retornou aos treinos na Arena Amadeu Teixeira, onde fez toda a preparação para os Jogos de Paris, e foi recepcionada pelos companheiros de treinamento. “Eles me deram a braços, salva de palmas e foi super legal. Inclusive, a gente fez uma pequena come oração, um café da manhã feito por eles. Foi muito legal a recepção deles”, disse.

Para a atleta, a experiência vivida em Paris superou as expectativas dela: a de conquistar uma medalha logo na primeira participação em Paralimpíadas.

“A gente sabia que seria uma competição difícil porque eram quatro pessoas disputando o terceiro lugar. Então era difícil, mas não impossível. E esta medalha tem um gostinho especial por ter tirado a medalha de uma medalhista que tem várias Paralimpíadas nas costas. Isso trouxe um sabor extra porque, querendo ou não, essa foi a primeira competição e já fui medalhista. Eu estou muito feliz. Fui confiante e fiz o que fui para fazer e subir no pódio ultrapassou as minhas expectativas. Eu até imaginava, mas não imaginava que seria tão emocionante para mim. Tô bem feliz com o resultado”, declarou.

A adversária com ‘várias Paralimpíadas nas costas’ é nada mais nada menos que a atleta da Nigéria Lucy Ejike, que tem seis medalhas em Jogos Paralímpicos, três delas de ouro em Atenas 2004, Pequim 2008 e Rio de Janeiro 2016. Nos Jogos de Tóquio 2020, ela foi bronze e foi contra Maria de Fátima que ela disputou o terceiro lugar, que ficou com a brasileira. Lucy levantou 132 kg e Maria conseguiu chegar na marca de  133 kg, o novo recorde das Américas na categoria.

“A gente jogou e lutou com todas as armas que tínhamos e vimos que seria difícil, mas não impossível. Vivi um grande momento lá [em Paris], vivi coisas que eu nunca imaginaria que iria viver”, disse Maria que também citou o momento mais marcante para ela em Paris.

“A emoção de receber a notícia que fiquei em terceiro lugar. Isso vai ficar na história”, disse a atleta que já está focada em escrever novas histórias no esporte se possível, em Los Angeles 2028.

“Agora é me preparar e treinar. Em dezembro tem brasileiro e já é praticamente um novo ciclo paralímpico e, de lá e treinar e treinar para melhorar cada vez mais”.

Seguindo em frente

Laiana Batista, do vôlei sentado, estava disputando os Jogos Paralímpicos pela terceira vez (Foto: Alessandra Cabral/CPB)

 Já Laiana Batista, do vôlei sentado, estava disputando os Jogos Paralímpicos pela terceira vez e com duas medalhas de bronze – Rio 2016 e Tóquio 2020. Em Paris, a seleção até começou bem: terminou a primeira fase com 100% vencendo Ruanda (3 sets a 0), Canadá (3 sets a 1) e Eslovênia (3 sets a 0). Na semifinal a seleção tinha pela frente as atuais campeãs da modalidade e acabaram caindo por 3 sets a 1. Na disputa pelo terceiro lugar, o mesmo Canadá fez um resultado diferente: venceu por 3 sets a 0 e deixou o Brasil de fora do pódio. 

A respeito do desfecho do Brasil, Laiana disse que ainda tenta entender o que aconteceu. Ela disse que o Brasil tinha condições de chegar à final, mas que o baque na semifinal pode ter sido determinante para a decisão do bronze. Mas ao mesmo tempo que ‘vive o luto’, ela diz que ainda existe a motivação para retornar à seleção e buscar mais uma Paralimpíada.

“Ficar fora do pódio me deixa sem palavras ou melhor, sem explicação. Mas, isso mostra o quanto o nível do vôlei sentado tem melhorado no mundo. As nossas adversárias nos estudaram muito, jogaram melhor que a gente e isso foi um fato. Mas estou com vontade de mais. Vou continuar treinando. Pensei em me aposentar, mas depois de muitos conselhos do meu Coordenador do SESI-SP, Ronaldo Oliveira, que me deram muitas esperanças e vontade de permanecer. Enquanto me chamarem para Seleção, estarei à disposição. Agradeço pelo carinho de todos que torceram por nós. Agradeço ao prof. Fernando Guimarães por essa oportunidade indescritível”, explicou a atleta que atua no Sesi-SP.

Apesar do resultado não ser o esperado, Laiana disse que a vivência em Paris foi incrível e que aprendeu muitas coisas durante a estada na França.

“Por incrível que pareça essa foi uma experiência incrível! Em relação a volta do público, em relação à nossa Seleção estar completa, em relação à organização desde que saímos daqui até chegarmos em Paris, em relação a termos tido mais treinos e participação em jogos... foi muito bom. O cenário inteiro em Paris foi muito romântico, organizado, lindo e impecável!  Nosso grupo estava muito unido e isso foi o que mais me marcou e a maior lição que aprendi foi ser resiliente”, relembrou.

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