De férias em Manaus, Elielton Oliveira conta sobre os planos para o ciclo de Los Angeles 2028 que inclui mudança de categoria
Ao lado da esposa, Elielton mata a saudade da terrinha. O atleta se mudou para São Paulo , onde mora desde então, mas sempre que pode, visita Manaus (Foto: Paulo Bindá)
Após disputar os Jogos Paralímpicos de Paris, o judoca Elielton Oliveira tem aproveitado o tempo para descansar e recarregar as energias. Há uma semana, o atleta que hoje mora em São Paulo, desembarcou em Manaus para reencontrar as origens na ‘terrinha’. Mas mesmo no período de férias, ele já pensa nos desafios que virão para o ciclo de Los Angeles 2028 e o principal deles passa pela mudança de categoria.
No ciclo olímpico de Paris, Elielton competiu na categoria até 60kg. Nos ligeiros, ele se classificou para os Jogos como segundo do ranking e terminou em quinto na classe J1 (cegos totais). Mas para se manter competindo nos 60kg, ele sofria para cortar o peso antes das competições. Para se ter uma ideia, o peso normal do amazonense varia entre 72 kg e 74 kg, o que significa um corte grande para conseguir atingir a faixa ligeiro e, um processo que prejudicava tanto a parte física quanto mental. Pensando nisso, atleta e comissão técnica decidiram que Elielton deveria subir para os 70kg.
“Foi sugestão da equipe da comissão técnica mesmo por questão de saúde porque era muito dano pra mim, então tinha vezes que eu chegava a passar mal antes de bater o peso, a questão dos 5% que tinha que manter em fase de treinamento e eu era um dos caras da seleção que não conseguia manter os 63 kg por causa da minha estrutura. Então, já era muito falado pra subir de categoria e é um descanso para o meu corpo que estava demais, estava muito puxado e eu precisava desse descanso na questão da saúde tanto mental quanto física”, explicou.
Elielton começou no judô nos 66 kg, mas com a exclusão da categoria, ele teria que escolher entre os 73 kg e 60 kg. Como no clube onde treinava já havia um atleta nos 73 kg, ele decidiu baixar. Agora, indo para os 70 kg, ele explica que os desafios ainda serão conhecidos quando começar a treinar e competir, mas ele adianta que está confiante.
“Eu acho que a gente vai descobrir na hora. Eu não sei se vai ser questão de força, se for só força eu tenho muito a parte técnica eu vou suprir isso na técnica. Eu já ganhei muitas lutas nos 60 kg, onde o atleta era muito forte, mas eu sou uma atleta bem versátil: bom em cima e bom embaixo”, contou.
Para as mudanças, Elielton conta que toda a preparação e alimentação mudará, mas que ainda espera pelos próximos passos que serão decididos pela comissão técnica da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). Os treinos começam em janeiro e a definição do planejamento depende da divulgação do calendário para o ciclo.
“A gente vai mudar tudo. A gente vai sentar com a comissão técnica e eles que fazem o planejamento para saber como eles vão trabalhar em cima de nós. Depende muito do fisiologista, que eles sentam entre eles e decidem como serão os treinos e as fases, mas isso só depois que sair o calendário e eles planejam como vão trabalhar com a gente”.
Foco para 2028
Após passar por um ciclo de três anos para Paris – já que os Jogos de Tóquio aconteceram em 2021 por conta da pandemia – Elielton agora foca no ciclo de quatro anos até os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Mesmo com um ciclo mais longo, o atleta adianta que precisa estar preparado para o que vier porque, apesar de um período maior entre uma Paralimpíada e outra, ele acredita que a intensidade será igual ou até maior que a do último ciclo.
“A gente tem que estar preparado para tudo. Apesar do ciclo ser longo ele pode ser mais intenso, ter mais competições e mais fases de treinamento. Por enquanto a gente não sabe o que vai vir, então tem que estar preparado pra tudo. Eu já conheço os oponentes da categoria de cima e faremos um bom trabalho para começar o ciclo na nova categoria e ir atrás dos resultados para se classificar para a Paralimpíada”, disse.
Férias
Mas enquanto janeiro não chega, Elielton relembra as raízes, visita amigos e familiares em Manaus, tudo para chegar ainda mais forte. Além disso, ele conta que aproveita para matar a saudade do tambaqui e do açaí.
Apesar do período de férias, o judô nunca para. Elielton também aproveita para treinar judô com antigos companheiros de treino.
“Eu saio daqui renovado. Vejo familiares e amigos que me ajudaram desde o começo. Faço aquela resenha e saio como se estivesse recarregado e mais motivado para treinar. É uma satisfação voltar à minha cidadezinha, que é onde tudo começou”, declarou Elielton.