Atitude

Atleta de Maués desiste de corrida e ajuda adversário lesionado a cruzar linha de chegada

Nicolas Souza, de 15 anos, ganhou uma medalha de honra ao mérito por ajudar atleta de Parintins, com uma lesão no tornozelo, a chegar ao final da prova nos Jogos Escolares do Amazonas

Robson Adriano
online@acritica.com
17/05/2023 às 17:27.
Atualizado em 17/05/2023 às 19:20

(Foto: reprodução)

No universo esportivo o termo fair play significa jogo limpo. É a expressão máxima para o espírito esportivo daqueles que prezam pela justiça, ética, respeito e senso de companheirismo com os concorrentes. O estudante Nicolas Souza, 15 anos, natural de Maués (distante 276 quilômetros em linha reta de Manaus) durante uma prova nos Jogos Escolares do Amazonas (Jeas) de corrida 800 metros rasos ao perceber que o adversário havia torcido o tornozelo não titubeou em ajudá-lo mesmo que a atitude tenha o colocado na última posição. 

Pelo fair play, Nicolas ganhou uma medalha de honra no Jeas em Maués. Em entrevista ao A Crítica nesta quarta-feira (17) o estudante disse que “fez o que julgou ser o certo”. A prova foi realizada na última quarta-feira (10) e em um dado momento notou que o adversário, um atleta de Parintins, torceu o tornozelo em uma curva.

(Foto: reprodução)

“Eu fiz a curva já para chegar na parte final da corrida e quando dobrei, o meu adversário torce o pé bem na minha frente. E mesmo que ele não tenha pedido a minha ajuda, eu o ajudei. A minha avó sempre fala e me ensinou que pouco importa ganhar ou perder o importante é ter o respeito das pessoas. Ela me ensinou que esse é o melhor valor que podemos ter”, declarou Nicolas, que pratica atletismo desde 2019.

Embora não tenha conseguido o pódio e cruzado a linha de chegada em último lugar na competição junto do atleta lesionado, Nicolas ficou alegre pelo reconhecimento diante da atitude que teve. “Eu me senti alegre porque entenderam a razão de eu ter ajudado o meu adversário. Uma atitude de amor e compaixão ao próximo”, disse.

“Eu pretendo continuar treinando e seguir carreira no atletismo. Para mim a maior dificuldade é a falta de apoio dos governantes com o incentivo da carreira”, acrescentou.

O estudante tem como maiores inspirações no mundo esportivo o jogador português Cristiano Ronaldo, que atualmente está no Al-Nassr, e no atletismo, o ex-velocista jamaicano Usain Bolt. Nicolas segue uma rotina de treino constante. “Eu estudo em tempo integral. Estudo de 7h até 16h e depois seguia para o treino até às 18h. O meu treinador disse para eu não desistir do atletismo e disse também que tenho potencial para o esporte”, mencionou. 

(O recordista Usain Bolt. Foto: Jewel Samad/AFP)

Mãe orgulhosa 

Nicolas é estudante do primeiro ano do ensino médio na Escola Estadual de Tempo Integral Prefeito Donga Michiles na cidade de Maués onde atualmente mora com o pai. Ele é oriundo da comunidade Sítio Bom Futuro, situado as margens do rio Maués-açú, localizada na zona rural desse município, onde completou o ensino fundamental. A mãe do adolescente, a professora e estudante de pedagogia Hoséias Souza, 48 anos, disse que se sentiu muito orgulhosa pela atitude do filho.

“Ele (Nicolas) é muito dedicado ao treino e tem talento. Quando conversei sobre a competição, ele me disse que mesmo sabendo que o outro era adversário, preferiu agir pelo certo. E não deixar o outro rapaz lá caído. ‘Mãe, eu terminei a prova sim, e trouxe o outro menino no meu ombro, devagar, mas terminei a competição. Eu fiz o que achei que era correto’, ele disse para mim. Depois refletindo eu tenho certeza que ele aprendeu a fazer o certo e teve a atitude de ajudar o próximo. Estou orgulhosa”, disse. 

(Foto: reprodução)

Honra e mérito
 
O treinador de Nicolas, professor Daniel Pinheiro, pontua que o estudante tinha condições de completar a corrida, mas decidiu ajudar o atleta que havia torcido o tornozelo, atitude que garantiu a medalha de honra ao mérito. Pinheiro destaca a nobreza na atitude do atleta em meio a uma competição onde todos querem chegar em primeiro lugar. 

“Ele foi muito nobre. A gente vê um atleta tomar uma atitude como essa hoje em dia é de uma nobreza. É uma competição e, principalmente, cada um está ali por si. Vencem os melhores. O Nicolas sempre foi gentil assim até dentro de sala de aula. Quando ele via os colegas com dificuldade em aprender, ele sempre se disponibilizava em ajudar. Essa nobreza já é dele”, salientou o treinador.

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