No final de junho de 2013, quando tinha apenas 29 anos, Patrícia Serudo foi aclamada presidente do Penarol Atlético Clube. Um mandato de 2 anos que, pouco tempo após ser finalizado, resultou no convite para assumir a presidência do Manaus Futebol Clube. Sob sua gestão, os dois clubes fizeram boas campanhas no Barezão, conquistaram vários títulos na base e, no Gavião, ainda fez o primeiro time de futebol feminino esmeraldino, ficando com o vice-campeonato em 2016.
Ao final de 2016, o futebol amazonense precisou ser deixado de lado pela profissional do esporte. Isto porque outra de suas paixões falou mais alto e Patrícia precisou se dedicar exclusivamente a ela: a psicologia. Levou quase uma década para que os dois caminhos, que pareciam distantes um do outro em um primeiro momento, se encontrassem.
Esta semana, o Manaus Futebol Clube anunciou a criação do seu Departamento de Psicologia. À frente do projeto, está Patrícia, voltando a ‘dar o ar da graça’ no Barezão 2025. Em entrevista exclusiva ao A CRÍTICA, a psicóloga relembrou seu início no futebol.
“Eu tenho uma história no futebol, que começou com o Penarol de Itacoatiara. Assumi o clube em 2013 e depois, em 2015, eu já era presidente do Manaus, através de convite da diretoria. Nesse período, eu já cursava a faculdade de psicologia e precisei me afastar do futebol para poder concluí-la, porque eu não conseguia conciliar essas duas paixões na minha vida: o esporte e a psicologia”, inicia Patrícia, que prossegue.
Na gestão de Patrícia como presidente do Manaus, o clube foi campeão sub-20 de 2016 com Napão no time, herói do título do Barezão em 2017
“Quando terminei a faculdade, meus primeiros trabalhos foram relacionados a psicologia do esporte. Cheguei a publicar trabalhos, fiz viagens para fora do estado, fiz intercâmbio com outros profissionais do esporte de grandes clubes do Brasil, até receber o convite para ir trabalhar no SUS. Neste convite, me afastei do esporte,atuando como psicóloga do SUS por 4 anos. Depois desses 4 anos, decidi retomar conversas com o Manaus, a convite do Mitoso”, detalha.
A conversa rendeu um projeto pioneiro no futebol amazonense,e que vem em excelente momento para o Manaus FC. O Gavião do Norte é o atual campeão amazonense e terá calendário cheio este ano, disputando além do Barezão: a Copa do Brasil, a Copa Verde e a Série D do Campeonato Brasileiro. Série D esta que, por sinal,será disputada pelo clube pela segunda vez consecutiva, após o rebaixamento na Série C de 2023.
“No que era para ser uma conversa informal, acabamos fechando um contrato para inserirmos o Departamento de Psicologia no Manaus. Ele me fez perguntas sobre como funcionava, expliquei que o trabalho é totalmente diferente da psicologia clínica e aceitei esse desafio, essa propostas inovadora.Os grandes clubes do Brasil contam com psicólogo nas suas comissões técnicas, então o Manaus sai na frente nessa área”, pontua Patrícia.
Mesmo que tenha ficado afastada do esporte, a psicóloga revela que acompanhou algumas partidas, mas entende que houve uma evolução no futebol amazonense. Enxergando a nova função no Manaus FC como um recomeço, Patrícia se sente pronta para, nas palavras dela, ‘construir uma nova história’.
“Foram 9 anos longe do futebol, estou voltando em uma nova função, é tudo novo, acredito que o futebol mudou. Apesar de estar longe, tenho acompanhado alguns jogos, campeonatos, e isso requer uma adaptação desse novo cenário em que está o futebol amazonense,onde estamos hoje em um outro patamar. Vamos enfrentar um campeonato amazonense muito difícil, com um futebol mais fortalecido que na época em que eu atuava. É um recomeço e vamos construir uma nova história”, acredita.
Novos desafios
Nove anos. Este foi o período em que a responsável pelo Departamento de Psicologia do Manaus FC ficou longe do futebol, se dedicando à psicologia. (Foto: Emanuel Sports)
Patrícia Serudo foi questionada pela reportagem sobre o que ela acredita que será o seu maior desafio no Departamento de Psicologia do Manaus Futebol Clube. Nesse quesito, a profissional entende que a dificuldade inicial é a mesma encontrada em outros segmentos que envolvem a psicologia.
“Eu acredito que o principal desafio de um psicólogo, que atua em um clube de futebol, é o mesmo dos psicólogos de outras áreas: o tabu que envolve os problemas emocionais, e a falta de conhecimento do que é a Psicologia, e do quanto o aspecto mental precisa de cuidado. Implementar este setor não é fácil e vai demandar muito trabalho, inicialmente”, detalha Patrícia, explicando como funciona o trabalho dentro de um clube de futebol.
“A intervenção poder ser realizada por demanda espontânea, caso o atleta queira verbalizar sua queixa, todavia o trabalho do psicólogo será identificar os aspectos psíquicos que influenciam o desempenho, definir estratégias para melhorar o gerenciamento de emoções, ansiedade, pressão e desenvolver habilidades emocionais”, conta a profissional, dando mais detalhes de como atuará.
“Irei acompanhar o dia a dia dos atletas, treinos, jogos, preleção. E a partir daí, observar comportamentos, reações, interações, o clima e cultura do grupo, relação com o técnico e demais membros da equipe, entre outros aspectos. As principais atividades envolvem trabalhos voltados a gerenciar estresse, ansiedade, motivação, concentração, pressão, relações interpessoais, entre outros”, finaliza.
Assuntos
Compartilhar