Saúde mental

Amazonense Deise Santos fala dos cuidados com a saúde mental após gatilhos de ansiedade e depressão

Amazonense Deise Santos fala do período de pressão no futebol, que resultou em gatilhos para ansiedade e depressão, após sofrer uma eliminação no Brasileirão Feminino

Lane Azevedo
18/01/2025 às 12:10.
Atualizado em 18/01/2025 às 12:10

A amazonense é natural de Rio Preto da Eva (81 km distante de Manaus), onde iniciou a jogar futebol junto aos colegas na rua de sua casa até ser encontrada por um professor quando tinha 12 anos (Foto: Reprodução)

A emoção da vitória ou a frustração da derrota é perceptível nos atletas no fim de cada jogo. A pressão de defender uma camisa, seja do clube ou do país, gera um abalo emocional muito grande e consequências na saúde mental e física. Esse foi o principal gatilho que despertou na amazonense, Deise Santos, crises de ansiedades e depressão.

A ex-meia do Fortaleza não encarou bem ao ver seu time ser eliminado das quartas de final do Campeonato Brasileiro Feminino Série A2 de 2024 diante do Juventude. A partida terminou empatada em 2 x 2 e, com a derrota no jogo de ida, por 1 x 0, o Leão do Pici deu adeus ao acesso para a Série A.

“Após a derrota nas quartas de final, foi o gatilho. Ainda estou vivendo o processo, sei que ansiedade, depressão, são coisas que, às vezes, fogem do nosso controle. Somos julgadas por não demonstrar sofrimento, a dor, porque para algumas pessoas ter depressão significa chorar, sofrer”, disse a atleta que é conhecida por estar sempre com o sorriso no rosto e brincando com as companheiras de time. 

“Se seu amigo do lado, às vezes, está passando por algo tão obscuro, mas continua sorrindo. Nosso maior disfarce é usar máscara, hoje estou aprendendo a lidar, sigo fazendo minhas terapias e sigo tendo acompanhamento de psicólogo”, alertou. 

 Salvação ou destruição?

 Redução do estresse é um dos inúmeros benefícios da prática esportiva. Entretanto, nem mesmo o esporte com toda a sua conexão ao bem-estar está imune ao mal do século. Para Deise, o futebol traz duas perspectivas diferentes, depende como você irá enfrentá-las. 

“Futebol salva e, às vezes, ele te destrói, cabe a você decidir que caminho seguir, por isso volto às atividades seguindo o plano de tratamento e terapia”, contou. 

A depressão aos poucos vem sendo externada com mais frequência por aqueles que a sofrem. E os casos têm se tornado frequentes entre jogadores de futebol. Ela é uma doença silenciosa e muitas vezes desacreditada. 
 

O apoio familiar 

 No caso de Deise, ela expôs em suas redes sociais, até se desligou delas para melhorar. O aconchego da família foi ponto significativo para a volta. “Meus familiares foram meus maiores incentivadores. O orgulho que sentem de mim, a felicidade de me ver em campo não tem preço”, contou. 

 Das ruas para as arenas 

 A amazonense é natural de Rio Preto da Eva (81 km distante de Manaus), onde iniciou a jogar futebol junto aos colegas na rua de sua casa. Entre 12 - 13 anos, um professor observou e constatou talento, desde então, passou a me treinar em uma escolinha. 

“Na escolinha do professor Robertinho, comecei a treinar no projeto junto com os meninos, sempre me incentivando, junto com meus pais claro. Joguei em alguns times dentro da minha cidade em Rio Preto da Eva antes de sair”, relembrou.

Quando completou 16 anos, Deise realizou uma seletiva para integrar a Seleção Brasileira Feminina. Ela fez parte grupo do Brasil Sub-17, em 2009. No retorno, a meia-campista vestiu a camisa do Iranduba, onde conquistou um título do Campeonato Amazonense com o Hulk da Amazônia. 

Na carreira, ela soma experiência também por Manaus FC, Mixto-MG, Comercial-MS, 3B da Amazônia, em duas temporadas, Recanto da Criança-AM, Fluminense-RJ, seu último clube foi o Fortaleza, onde atuou em 2023 e 2024. 

“Em conquistas diferentes e muito especiais, eu fui muito feliz no Iranduba e no 3B, tanto que conquistei títulos nos dois times. Em todo clube é especial na vida do atleta”, comentou. 

 Retorno aos gramados 

 A depressão pode ser tratada e os efeitos reduzidos com o tempo, mas o importante é que as pessoas sejam preparadas para trilhar um caminho. Deise procurou ajuda, ela faz terapia semanalmente e prepara-se para seu retorno aos gramados. A jogadora ainda não pôde revelar o seu destino de 2025, mas garante que dará o seu melhor. 

“Atuar fora de casa é sempre um desafio, aliás você está longe das pessoas que ama. Minhas expectativas para o retorno são as melhores possíveis. Chego para somar, oferecer o meu melhor e ajudar a minha equipe”, garantiu.

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