Adaptação cinematográfica

Relato de um certo Oriente tem exibição em Manaus neste fim de semana

Filme é baseado no romance do premiado escritor amazonense Milton Hatoum e conta a saga de imigrantes libaneses na Amazônia

Gabrielly Gentil
bemviver@acritica.com
24/11/2024 às 08:20.
Atualizado em 24/11/2024 às 08:25

Escritor Milton Hatoum afirmou que o diretor Marcelo Gomes teve toda a liberdade para fazer a adaptação do romance Relato de um certo Oriente para o cinema (Foto: Divulgação)

A adaptação cinematográfica do premiado romance ‘Relato de um certo Oriente’, de Milton Hatoum – um dos principais nomes da literatura amazonense – estreia nacionalmente com sessões em Manaus. O filme ‘Retrato de um certo Oriente’, dirigido por Marcelo Gomes, revela a saga de imigrantes libaneses no Brasil e seus desafios na Floresta Amazônica. 

Em Manaus, o filme é exibido no Cine Casarão (Rua Barroso, 279, Centro), com próximas sessões agendadas para sábado (23) às 14h40 e domingo (24) às 19h20. E no Cinépolis Millennium Shopping (Av.Djalma Batista, 1661 – Chapada), ambos com ingressos disponíveis no aplicativo do Ingresso.com. 
Sinopse do filme

A história começa em 1949, no Líbano devastado pela guerra. Os irmãos católicos Emilie e Emir decidem emigrar em busca de uma vida melhor. Durante a travessia, Emilie conhece Omar, um comerciante muçulmano, e se apaixona. Contudo, o ciúme religioso de Emir gera um conflito violento.
Após uma briga, Emir é gravemente ferido. Emilie busca ajuda em uma aldeia indígena e, após a recuperação, eles seguem para Manaus. Lá, uma decisão de Emilie terá consequências trágicas e duradouras.

Adaptação

O diretor Marcelo Gomes revelou ao BEM VIVER TV que a sua abordagem ao adaptar o livro para o cinema foi criar um ponto de partida, não uma transposição literal do romance. 

“Foquei em elementos emocionantes: personagens desejados e desejantes, migração, alteridade e memória. Considerando o estilo literário do livro, rico em fluxo de consciência e com poucos diálogos, optei por construir um filme silencioso, onde olhares e fotografias revelam o universo interior dos personagens, incorporando elementos cinematográficos inovadores”.Emocionado e contente, Milton Hatoum disse não ter se sentido traído com a adaptação. “Tive sorte com os cineastas que adaptaram meus romances e contos. Penso que todos eles e a roteirista Maria Camargo leram esses textos com um olhar focado também na linguagem. Eles captaram a essência de cada livro”, disse Marcelo Gomes.

Para os leitores

Os leitores de ‘Relato de um certo Oriente’ vão ver no filme dirigido por Marcelo Gomes, um recorte inovador, ao mesmo tempo poético e político do romance.

“A adaptação dá relevância ao olhar das personagens. O filme dialoga também com questões atuais, como a dos imigrantes e refugiados. O roteiro inseriu temas que não estão no romance, e isso enriqueceu a adaptação. Por isso é um filme sobre o conhecimento de outras culturas e a convivência com o Outro. Este outro é um certo Oriente no Amazonas”, pontuou Hatoum.

Para ele, Marcelo não caiu na cilada do "choque de civilizações". “Quem fala de ‘choque’ já pressupõe um olhar superior sobre o Outro. O diretor optou pelo diálogo e pela compreensão mútua, e nisso reside a interação de culturas diferentes”. 

“Mas o filme aborda também temas clássicos da literatura: o encontro, a viagem, o amor, a morte... Uma das cenas mais bonitas é quando a personagem Emilie (uma atriz libanesa) aprende o nome das frutas da Amazônia com uma atriz indígena, da etnia tucano”, complementou. 

Liberdade criativa

O processo criativo por trás de ‘Retrato de um certo Oriente’ foi revelado pelo próprio Hatoum, que desvendou os bastidores da adaptação cinematográfica de seu clássico romance.  

"Conversei muito com Marcelo e com o produtor Ernesto Soto. Foram dez anos de diálogo, mas não interferi na montagem nem dei palpites. Aliás, nunca li o roteiro", afirmou. Ele destacou a liberdade criativa que ambos tiveram: "Tive toda liberdade para escrever o livro, e ele, para adaptá-lo". Hatoum também elogiou o trabalho do diretor de cinema: "Já conhecia os excelentes filmes de Marcelo".

Para Gomes, o principal desafio na adaptação do romance foi “selecionar os momentos essenciais dentre suas 200 páginas, condensando-os em uma narrativa cinematográfica coerente, sem perder a essência da obra prima”. 
“Adaptei o livro de Milton com liberdade criativa, transformando sua narrativa em uma obra cinematográfica única. Com a bênção do autor, mantive personagens centrais, mas reinterpretei elementos para criar uma transposição poética, capturando sentimentos e essências originais”, complementou.

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