ECO-FESTIVAL

Peixe-boi Jaú evoca os quatro elementos pela preservação da Amazônia

Em busca do bicampeonato, Jaú leva à Lagoa do Peixe-Boi o tema "Raízes: suspiro da vida" e faz alerta sobre os problemas socioambientais a partir dos quatro elementos da natureza.

Daniel Brandão
online@acritica.com
26/10/2024 às 20:58.
Atualizado em 26/10/2024 às 20:58

(Foto: Daniel Brandão/AC)

Novo Airão (AM) - O embate na Lagoa do Peixe-Boi no município de Novo Airão (distante 115km de Manaus) vai muito além de uma apresentação folclórica. Preconiza elementos de conscientização e a preservação do bioma amazônico, a partir de um festival ecológico. A partir desta perspectiva, em 2024 o Peixe-Boi Jaú (das cores verde e preto) leva à arena o espetáculo "Raízes - suspiros da vida".

Com o objetivo de apresentar a proposta temática do Peixe-Boi Jaú aos leitores, o A CRÍTICA entrevistou Thyago Cavalcante, diretor de arena da agremiação verde e preto.

Cavalcante explica que a escolha do tema se deu a partir das vivências dos povos amazônicos e em colocar em evidência os problemas socioambientais que afetam a Amazônia a partir dos quatro elementos da natureza.

"É um tema que parte da nossa vivência. Nós encontramos convivendo com a nossa Amazônia em completo desequilíbrio. Grande parte em nossa culpa como homens. De uma maneira geral, desrespeitamos nossa floresta e ela tem respondido. Os elementos naturais parecem estar em desequilíbrio, então iremos falar um pouco sobre está temática e colocar em evidência os problemas que a Amazônia vem enfrentando", explicou o diretor de arena.

O fio condutor do espetáculo verde e preto serão os quatro elementos da Natureza: fogo, terra, água e ar. Em cada elemento, será evidenciado sua importância para a vida e as problemáticas causadas pela ação humana.

"Na água, sua importância vital conhecemos. Colocaremos em evidência a grande seca que nos atingiu ano passado e quando achávamos que não poderia ser pior, a seca deste ano foi mais severa. A seca não é somente um fenômeno natural. É a morte dos peixes, é o fim das estradas aquáticas para o ribeirinho. A seca é desastrosa e devastadora para a vida dos amazônidas", detalhou Cavalcante.

A luta dos indígena será a categoria central do elemento terra. Neste ato, o espetáculo do Jaú se volta para questões como o marco temporal, demarcação, grilagem, garimbos e o genocídio indígena. Para além do discurso, os povos indígenas terão voz na Lagoa.

"No elemento terra a causa indígena terá evidência. Levantaremos nossa voz contra o marco temporal, contra invasões, contra garimpos ilegais e, principalmente, contra o genocídio dos povos indígenas. Falaremos sobre eles, mas eles falaram por eles. Teremos a participação ilustre de Vanda Witoto na Lagoa do Peixe-Boi. Eles terão vó, em nossa apresentação", salientou.

No elemento fogo, a problemática das queimadas ocupa o ponto central do espetáculo. Atrelado a esse, o elemento ar mostrará as fumaças como consequência direta.

"Nós falaremos sobre o problema das queimadas. Estás que tanto tingem nossa região nesse período de estiagem, bem como uma consequência direta da ação agro. Em decorrência do fogo, chegamos ao último elemento: ar. Como consequência das queimadas, a fumaça torna nosso ar insalubre e gera diversos problemas respiratórios em nossa população".

Thyago Cavalcante explica que a escolha do tema se deu a partir das vivências dos povos amazônicos (Foto: Daniel Brandão/AC)

Respostas

Como resposta ao desequilíbrio dos elementos da natureza e a alternativa para os problemas socioambientais que afetam a vida na Amazônia, o espetáculo do Peixe-Boi Jaú abordará a resposta para o que foi apresentado em cada ato.

"O exemplo de equilíbrio é o Parque Nacional do Jaú. Um parque preservado pelos povos originários e quilombolas que ali vivem. É cercado de misticismo. Lá tem uma árvore que é lendária e mística. Olhando por um certo ângulo, conseguimos ver um perfil praticamente humano e místico. Acredita-se que essa figura é o grande Senhor das Matas, o protetor do Parque Nacional do Jaú, que o guarda e o mantém em equilíbrio. O Jaú é o equilíbrio. São as nossas raízes vivendo em harmonia", destacou o diretor de arena.

Sobre a apresentação

O espetáculo do Peixe-Boi Jaú encerra a segunda noite do 25° Eco-Festival do Peixe-Boi na Lagoa do Peixe-Boi em Novo Airão, e conta com cerca de 300 brincantes, oriundos de Novo Airão, Manaus, Manacapuru e outros municípios circunvizinhos, além de artistas de alegorias e indumentárias de Parintins.

"Quero convidar você que gosta do nosso folclore e da cultura amazonense para prestigiar o espetáculo "Raízes - suspiros da vida" do Peixe-Boi Jaú, o atual campeão do festival em busca do bicampeonato", terminou Cavalcante.
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