Audiovisual

‘O Contato’, filme rodado em São Gabriel da Cachoeira, estreia no próximo dia 15 de agosto

Os três grupos de personagens, indígenas moradores dos territórios no alto do Rio Negro, contam sobre a história da colonização da região desde os primeiros contatos entre indígenas e não indígenas até os dias de hoje

Gabrielly Gentil
online@acritica.com
11/08/2024 às 16:53.
Atualizado em 11/08/2024 às 16:53

O documentário é falado em quatro línguas indígenas (Divulgação)

“O Contato” estreia no dia 15 de agosto nas salas de cinema do Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Brasília e São Paulo. O filme, que foi rodado em uma das cidades com maior diversidade étnica do Brasil, aborda o cotidiano de três famílias indígenas que vivem em São Gabriel da Cachoeira (AM), região que concentra 23 etnias e 18 idiomas nativos em toda a sua extensão. 

O documentário é falado em quatro línguas indígenas, e acompanha a história de três famílias de diferentes etnias: os Yanomami, os Arapaso e os Hupda. Conforme a sinopse, os três grupos de personagens, indígenas moradores dos territórios no alto do Rio Negro – AM, contam sobre a história da colonização da região desde os primeiros contatos entre indígenas e não indígenas até os dias de hoje. 

O longa busca ressaltar a consequência do contato dos brancos com os povos originais na Amazônia. No entanto, o diretor da obra, Vicente Ferraz, destaca que “O Contato” a princípio não é um “filme de causa” ou um “filme de denúncia” simplesmente. “Para isso temos o jornalismo e inúmeros programas que nos informam diariamente sobre o massacre que esses povos sofrem pela cobiça de suas terras”, diz ele. 

Segundo Vicente, a ideia era realizar um filme singular, o mais próximo do cotidiano dos habitantes do Alto Rio Negro. “Por isso optamos por um recorte preciso: acompanhar a jornada de três grupos indígenas em momentos de grande transformação nas suas vidas. Apesar de intimista, narrado a partir de histórias singelas, essa aproximação abordou temas urgentes para eles, como ocupação do território indígena, a catequese forçada, a perda de saberes ancestrais e o resultado desse impacto com a cultura ocidental: São Gabriel da Cachoeira é um dos municípios com um dos maiores índices de suicídios entre jovens no País”.

Os desafios na direção

Ferraz revela que o principal desafio na direção era não ter nenhuma ideia pré-concebida. Apesar de ele ter estudado muito a cultura dos povos que filmaria, isso não era o que mais importava para ele. “O importante foi a aproximação com essas pessoas que se tornaram os protagonistas do filme. A partir de conhece-las, compartilhar experiências em comum, fui entendendo o drama de cada um deles e seu entorno”, recorda. 

“Claro que realizar um filme todo falado em quatro línguas de etnias distintas foi um desafio, ainda mais em uma região onde pouquíssimas ou nenhuma equipe de cinema estivera antes. Foram meses de preparação e semanas de uma filmagem complexa e, em alguns momentos, perigosa. Mas, felizmente, os contratempos não estão impressos na cópia final de ‘O Contato’, acrescenta o diretor. 

Ambientação

O filme foi gravado na cidade de São Gabriel da Cachoeira, nas aldeias de Iamado, Taracuá, Iauaretê e Santa Isabel, que estão na fronteira do Brasil com a Colômbia, em Santa Cruz do Cabari, uma aldeia de recente contato e em Maturacá, onde vivem os Yanomamis.

“Como eu e a Juliana de Carvalho, a produtora, fomos meses antes fazer a investigação do filme, tivemos uma oportunidade única de conhecer muitos dos lugares que filmaríamos e seus habitantes. Essa preparação foi fundamental, imprescindível no momento das filmagens. A relação da equipe com a população local foi bem fluída”, celebra Vicente.

Retorno do filme

A produção do longa também contribuiu com projetos concretos para os povos indígenas envolvidos no filme. Em cada aldeia que filmaram, a produtora propôs uma contrapartida que fosse de extrema utilidade para eles. A iniciativa resultou na construção de uma escola na aldeia dos Hupda em Japu, uma região remota; na reforma do centro social do povo Baniwa; e na montagem da infraestrutura de turismo no Pico da Neblina, onde os Yanomami fazem expedições com os turistas. 

“Foram vários materiais de primeira necessidade, desde gasolina, eletrodomésticos até a construção de uma escola numa das aldeias. Tudo isso com supervisão e apoio da Funai e das associações indígenas como a Foirne, entre outras”, destaca o cineasta. 

Estreia

“O Contato” participou de festivais de cinema importantes como o “É Tudo Verdade”, o Festival do Novo Cinema Latino-americano de Havana – Cuba e, há pouco, da mostra Ecofalante em São Paulo. 

“A recepção do público é sempre calorosa e as pessoas ficam sensibilizadas com a forma que o filme aborda temas tão contundentes e complexos, mas de maneira delicada, quase minimalista”, pontua o diretor, que segue com a melhor das expectativas para a estreia do filme. “Aguardamos vocês nas salas de cinema dia 15. É um momento importante para conhecer um pouco mais sobre os povos originários e valorizar o cinema brasileiro”, conclui o cineasta.

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