Celebração

No Dia da Bossa Nova, artistas amazonenses refletem sobre o impacto do gênero na música

Bella Queiroz, Dudu Brasil e Márcia Caminha celebram a herança cultural deixada pelos artistas do passado

Gabrielly Gentil
25/01/2025 às 12:48.
Atualizado em 25/01/2025 às 12:49

A data foi instituída no dia 25 de janeiro em homenagem ao compositor Tom Jobim, considerado por muitos o principal nome do gênero no Brasil e Mundo (Reprodução)

No dia 25 de janeiro, o Brasil celebra o Dia da Bossa Nova, uma data que homenageia o estilo musical e o aniversário do saudoso compositor Tom Jobim, falecido em 1994 e um dos principais expoentes do gênero. Em Manaus, três talentosos artistas do gênero compartilham suas histórias e opiniões sobre a importância desse gênero musical na cidade e no País. 

Eles destacam a Bossa Nova como um símbolo de resistência cultural e social, que continua a inspirar novas gerações de músicos e fãs. Além disso, falam sobre a influência da Bossa Nova na música amazonense e como ela se mistura com outros ritmos locais.

A cantora Bella Queiroz destaca a importância do gênero musical em sua carreira, enfatizando sua mistura única de música popular brasileira e jazz, que se alinha com sua personalidade e estilo singular. Ela descobriu a Bossa Nova por meio de novelas, cinema e música dos anos 80, 90 e início dos 2000. Suas principais influências são grandes nomes, como Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Nara Leão, Elis Regina e Maysa.

“Sempre me identifiquei pelas canções de Tom, em um âmbito geral, tanto pelas melodias quanto no que diz respeito às melodias e poesias. Costumo dizer que Tom Jobim fazia a ‘sofrência’ sofisticada e chique, pois em suas músicas ele também fala de amores não correspondidos, porém com maestria. É um jeito rico de sofrer”, destaca.

A artista lamenta que a Bossa Nova tenha perdido espaço para outros ritmos no Brasil. Ela acredita que apenas algumas casas ainda preservam esse ritmo, enquanto o samba ganha mais destaque. “Infelizmente, vejo a cena da Bossa Nova em Manaus muito tímida, com tantos talentos a serem explorados, tantas casas com potencial para resgatar este ritmo. Porém, com esse movimento retrô que é uma tendência atual no mundo, é interessante pensar numa volta e um novo fôlego para essa bossa nostálgica”.

O maestro soberano

O músico Dudu Brasil destaca o significado da Bossa Nova em sua formação musical, citando a influência da harmonia e dos acordes do gênero que fez parte de sua vida desde cedo, graças à sua família de sambistas, incluindo seu pai, Edu do Banjo, e seu tio, Altair, um violonista de Bossa Nova. Ele costumava ouvir quando criança, entre outros artistas, Johnny Alf, Leny Andrade, Edu Lobo, Carlos Lyra, Chico Buarque, Caetano Veloso, João Gilberto, Gilberto Gil, e o “maestro soberano” Tom Jobim, como ele mesmo intitula.

O escritor Ruy Castro escreveu no livro ‘Chega de Saudade’ uma definição que Dudu considera extraordinária sobre o impacto da música de Tom para o Brasil.

“Segundo o autor, antes de 1950, a juventude brasileira não era jovem, pois o que se ouvia no rádio era ‘ninguém me ama, ninguém me quer’, ‘meu último desejo você não pode negar’…. Os jovens de 15 e 16 anos não se identificavam com esses versos de música. A partir do ‘Chega de Saudade’, música de Tom Jobim e de Vinícius de Moraes, os jovens da década de 1950 teriam criado expectativas amorosas, pois trouxe a eles a ‘chama da juventude’ que precisavam: ‘há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca’ não eram versos comuns nas décadas anteriores a 1950”, destaca Brasil.

Para Dudu, hoje a Bossa Nova resiste nos ‘cantinhos’ e violões dos bares de Manaus. “Ela está viva no repertório dos músicos que tocam MPB, pois é como se fosse ‘matéria obrigatória’ da noite”, diz ele. O artista celebra o fato da internet e redes sociais facilitarem a divulgação do gênero musical. “Hoje, com a democratização da internet, um artista independente pode utilizar dessa ferramenta como meio de divulgar a sua arte. Em Manaus, por exemplo, temos um público relevante que consome, curte e gosta de Bossa Nova”, celebra.

Resistência 

A cantora Márcia Caminha foi introduzida à música através da Bossa Nova. Ela descobriu o gênero ainda na infância, influenciada por Johnny Alf – figura esquecida pela história do gênero, segundo ela–, João Gilberto e Tom Jobim, que, para ela, foram aqueles que conseguiram abrir portas para que o samba e outros ritmos da música brasileira alcançassem o mundo exterior.

Para Márcia, do ponto de vista da resistência cultural e social, a Bossa Nova deve ser ouvida e consumida permanentemente pelo povo brasileiro, assim como todos os demais ritmos do País. “Isso é fundamental para que a nossa rica cultura não se perca ao longo do tempo", destaca ela, enfatizando a importância da preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Quanto aos desafios, Caminha acredita que o artista independente, nascido e criado em Manaus, enfrenta dificuldades para trabalhar e mostrar sua música e arte. Seja na Bossa Nova, ou qualquer outro estilo musical. “Penso que deveríamos nos unir para melhorar nosso ‘pedaço’”, conclui. 

Apesar dos desafios, a Bossa Nova permanece viva, graças às paixão e dedicação de artistas como Bella Queiroz, Dudu Brasil e Márcia Caminha, entre muitos outros, A música de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e outros ícones da Bossa Nova permanece inspirando novas gerações a preservar e celebrar essa rica herança musical.

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