Indumentária confeccionada por Helerson da Maia, simbolizando araras azul e canindé, será carregada pela Miss Brasil 2023, Maria Brechane
Traje típico faz apelo coletivo para preservação da espécie, afirma estilista (Foto: Divulgação)
No dia 18 de novembro, em El Salvador, pássaros conhecidos na Amazônia e no Brasil vão pousar no palco do maior concurso de beleza do mundo, o Miss Universo. Representando o Brasil, a gaúcha Maria Brechane, de 19 anos, carregará nada além do que um traje típico representando um dos símbolos da região, a arara de cor azul, confeccionado pelas mãos do estilista parintinense Helerson da Maia.
A fantasia reúne tons das araras das espécies “azul-grande” e “canindé”, ambas comuns na Amazônia e na Mata Atlântica. No Miss Universo, Helerson é referência nas assinaturas dos trajes típicos da amazonense Mayra Dias, Miss Brasil 2018 e da mineira Júlia Horta, em 2019. Em 2018, por exemplo, Helerson surpreendeu o mundo ao vestir Mayra Dias com o traje, remetendo a uma mulher indígena que se transformava em beija-flor abrindo asas.
“Para esse ano, a organização do Miss Universo me ligou para o traje típico da Maria Brechane e aceitei imediatamente. Nós sabíamos que ia ser uma arara azul e pensamos que modo retrataríamos. A Maria gosta da cor, vem de uma história e bons momentos de azul e existia um discurso que justificava essa abordagem”, explica o estilista.
Traje usado por Mayra Dias em 2018 também foi feito por Helerson (Foto: Divulgação)
Aos 48 anos, o artista conta ter produzido a fantasia em um mês em seu ateliê, situado em Parintins, reunindo o talento de outras seis pessoas na equipe apenas para confecção do traje. Antes disso, Helerson fez duas viagens a São Paulo para encontrar Brechane, tirar medidas, comprar material e realizar ensaios com a Miss Brasil, tudo para que a evolução da gaúcha seja impecável com a indumentária de aproximadamente 3 kg.
“Eu sempre digo que um estilista sabe o que dá certo. Nós pensamos em algo que fosse elegante e tivesse conforto para a Maria Brechane. Na fantasia utilizamos penas de aves de abate, que seriam jogadas e incineradas e que depois são tingidas, além de tecido, isopor e pedrarias”, pontua o estilista.
Para o estilista, além da exuberância característica da fantasia, a ideia seguida por ele e pela organização do Miss Brasil defende uma causa legítima de preservação da espécie e faz um apelo pela biodiversidade brasileira.
“É um chamamento coletivo para que a causa da extinção da arara azul fique ressaltada, assim como as questões climáticas que afetam a fauna. Seria um propósito muito pequeno fazer apenas uma fantasia e deixar todos satisfeitos, mas acho pouco. Só teria sentido se tivesse uma verdade para chamar a atenção de todos. Fica legítimo”, afirma Da Maia.
O estilista adianta que a fantasia terá mecanismos diferentes da utilizada por Mayra Dias em 2018, mas afirmou que a indumentária carrega movimentos característicos que serão evidenciados por Brechane durante a apresentação do traje no concurso.
Sobre assinar mais uma vez o traje típico de uma Miss Brasil, o parintinense considera ser uma premiação “master”. “Desconheço um estilista que não sonhe em fazer algo para o Miss Universo. É mais do que um glamour: é uma realização de quem passou a vida sonhando com isso e alguém foi lá e acreditou no seu trabalho. Nada me deixa mais à vontade do que falar da minha terra e isso é muito especial”.
A 72ª edição do Miss Universo acontecerá no dia 18 de novembro, em El Salvador, reunindo 86 candidatas ao título de mulher mais bela do mundo. A atual Miss Universo é a americana R'Bonney Gabriel. A última vitória do Brasil no concurso foi em 1968, quando a baiana Martha Vasconcelos levou a coroa.