Festival conta com a presença de diversos artistas e personagens de Parintins. Nesta noite, os diretores musicais, Adriano Aguiar e Enéas Dias defendem os itens na disputa no Touródromo
Os Amos que se duelam são personagens simbólicos da “festa-mãe”. Prova que o intercâmbio cultural vai para muito além da essência, mas resvala nas quatro linhas do Touródromo (Foto: Malu Dacio/A Crítica)
Por mais que se tente distanciar a imagem do Festival de Barreirinha à de Parintins, história e figuras não se dissipam. Touro Branco já foi Garantido, Touro Preto, Caprichoso, e na arena, na noite deste sábado, os Amos que se duelam são personagens simbólicos da “festa-mãe”. Prova que o intercâmbio cultural vai para muito além da essência, mas resvala nas quatro linhas do Touródromo.
De um lado, Adriano Aguiar, diretor musical do Caprichoso, compositor e musicista nato é o Amo do Boi pelo lado azul e branco. Do outro, Enéas Dias, também diretor musical, do Garantido, e com extenso currículo como compositor e músico, é quem defende o Item 6. Eles dão voz a dezenas de artistas que desejem o rio para brincar de boi no festival que acontece na noite deste sábado (26), em Barreirinha, a 330km de Manaus.
Adriano estreou no Touro Preto ano passado. Mas faz nome pelo Amazonas em diferentes festivais. Fato que parece ser apenas mais um das similaridades entre os dois Amos de Barreirinha. Apesar da voz imponente, optou pelo item pela lírica, ele conta.
“É algo que eu descobri que eu gosto de fazer muito, né? Sou compositor, né? Trabalho com rima, com a poesia. E aí eu descobri há uns cinco anos esse gosto. Eu faço em Nova Olinda do Norte, passo no Mocambo que é uma região zona rural de Parintins, Barreirinha agora, né? E também comecei a fazer em Manaus e em Boa Vista do Ramos” elenca Aguiar, que chegou ao Touro Preto pela conexão com o levantador de toadas Ornello Reis, que é da terra.
Adriano Aguiar, diretor musical do Caprichoso, compositor e musicista nato é o Amo do Boi pelo lado azul e branco (Fofo: Malu Dacio/A Crítica)
Enéas dá um nome para a debandada que os artistas de Parintins dão após o festival: Trilha das Águas. Viajando pelo beiradão, do Pará, em Porto de Mós, até Nova Olinda do Norte. Espalhando arte. Vezes por traz das cortinas, outras na frente.
“Começa em Porto de Mós, no Desafio das Águas, desce para Juruti, como compositor. Mocambo, onde trabalho como compositor. Em Barreirinha como Amo do Boi, em que a responsabilidade é muito maior porque você vai para a linha de frente mesmo. Então a dedicação tem que ser muito mais aprimorada. E saindo aqui, a gente sai do Rio Andirá e descer no Rio Madeira para Nova Olinda do Norte, como Amo do Boi”, conta nos dedos o diretor do Garantido.
Enéas Dias, diretor musical, do Garantido, e com extenso currículo como compositor e músico, é quem defende o Item 6 do Touro Branco (Foto: Malu Dacio/A Crítica)
Para quem vive Parintins, voltar às raizes e à tradição que respira em Barreirinha é verdadeiro afago para os artistas “estrangeiros”. É voltar a brincar de boi.
- E Barreirinha é a hora de a gente brincar, realmente de Boi. Mais livre e relaxados. Não que não exista responsabilidade, mas parece que a gente vem brincar mesmo de boi (Foto: Malu Dacio/A Crítica)
Mergulhar na cultura e no anseio do brincante faz parte da preparação de Enéas. Ele também rememora os idos do Boi Bumbá quando desembarca do Andirá em Barreirinha.
Os dois são apenas a ponta da vastidão de vozes e braços parintinenses que fazem Barreirinha acontecer. Outra figura marcante na festa local é Erick Beltrão, pajé do Caprichoso, que atua como coreógrafo do Caprichoso. Marcos Felipe, apresentador também do Touro de Santa Luzia, é coordenador de comunicação no Caprichoso. É a água não pra de desafogar.