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Crianças Sateré-Mawé buscam apoio em financiamento coletivo para a impressão de revista em quadrinho

Para tornar esse sonho realidade, o projeto 'Quadrinhos Sateré' lançou uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse

Gabrielly Gentil
23/01/2025 às 16:49.
Atualizado em 23/01/2025 às 16:55

Crianças de 7 a 15 anos desenvolvem suas habilidades narrativas (Foto: divulgação)

A comunidade Sateré-Mawé em Manaus faz história com a primeira revista em quadrinhos produzida por autores infanto-juvenis indígenas, a partir do projeto "Quadrinhos Sateré", que oferece um espaço para que crianças de 7 a 15 anos desenvolvam suas habilidades narrativas e expressem sua rica identidade cultural por meio da arte.

Para tornar esse sonho realidade, o projeto lançou uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse, com o objetivo de arrecadar fundos para imprimir a revista em quadrinhos, ampliar as vozes desses jovens autores e levar o livro a um público ainda maior. 

“Estipulamos um valor de R$ 31 mil. A campanha está em aberto, mas tem um prazo para fechar. Para ajudar, basta entrar no site Catarse (www.catarse.me) e fazer uma doação. Lá, você pode ver um pouco sobre o que já foi feito e o que precisa ser feito para finalizar o trabalho das crianças”, explica a pedagoga Leilane Sateré, uma das coordenadoras do projeto.

Proposta

Coordenado pela pedagoga e pelo professor Evaldo Vasconcelos, o projeto tem como objetivo principal incentivar os alunos indígenas, que nascem em contexto urbano, a escrever e protagonizar sua própria história. As aulas aconteceram no período de outubro a dezembro de 2023, no espaço Nukosen, situado na comunidade indígena Waikiru, no bairro Redenção, Zona Centro-Oeste de Manaus. 

Os jovens autores aprenderam técnicas de roteiro e criaram histórias autênticas e originais, que agora estão prontas para serem publicadas em um livro. As técnicas foram adaptadas em várias versões. 

“Uma delas consistia em, primeiro, ouvir as crianças, pois muitas não sabiam escrever. Era feita, então, a parte da oralidade. As crianças tinham algo a ser apresentado, e suas histórias eram coletadas oralmente. Elas contavam suas histórias para o professor, que, por sua vez, passava o enredo para o ilustrador. Assim, criava-se a história delas em forma de ilustração impressa”, conta Leilane. 

Desafios

No entanto, uma das principais dificuldades do projeto foi o tempo do curso, que durou apenas três meses. Leilane considera pouco para a produção de vários materiais. "Então, foi apenas um despertar, pois despertou um interesse, né? E o desafio é não poder dar continuidade a esse processo de busca por novos aprendizados. Esse é o grande desafio: manter o curso dentro da comunidade”.

Essa foi, inclusive, a primeira vez que Evaldo ministrou aula para crianças. "A maior dificuldade para mim foi realmente a faixa etária. As crianças mais velhas hoje têm oito anos, mas há dois anos elas tinham seis e ainda estavam aprendendo a escrever. Então, eu tive que focar muito na oralidade, até porque, dentro da cultura indígena, as histórias são mais precisamente transmitidas pela oralidade – são histórias contadas pelos mais velhos para os mais jovens.

“Então, levamos um mês para mostrar a eles que, da mesma forma que eles ouviam essas histórias e contavam histórias falando, eles poderiam, através da escrita, também contar histórias, e no caso do quadrinho, escrita com imagem. Deu um pouco de trabalho, mas eles responderam muito bem, e tivemos um resultado muito bom em apenas três meses", complementa Evaldo. 

Agora a expectativa é de que esse material seja impresso e vire uma revista. “E se a gente conseguir, a intenção é voltar ao curso este ano para dar uma aprofundada, principalmente com os alunos adolescentes, que tiveram um ótimo desenvolvimento. A ideia é que os mais velhos dominem o roteiro, para que eles possam ensinar os mais jovens”, destaca o professor. 

Ao apoiar a campanha, o leitor contribui para a valorização da cultura indígena, incentiva a produção cultural e garante que as futuras gerações tenham acesso a histórias que celebram a diversidade e a riqueza cultural do País.

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