A polêmica cresceu após Claudia Leitte trocar "saudando a rainha Iemanjá" por "eu canto meu rei Yeshua" na música 'Caranguejo'
Um possível caso de intolerância religiosa envolvendo uma música de Claudia Leitte continua repercutindo. Recentemente, a cantora de axé deixou de seguir (e também não é mais seguida) por Ivete Sangalo no Instagram, algumas semanas após o episódio ganhar destaque nas redes sociais.
O ocorrido aponta para um afastamento entre dois dos maiores ícones do axé, gênero tradicionalmente associado à cultura afro-brasileira.
As duas cantoras, que colaboraram anteriormente na música "Lambada", construíram suas carreiras em Salvador — apesar de Claudia Leitte ser carioca —, cidade considerada o berço do axé. Nas últimas semanas, internautas especularam que Ivete teria se desagradado com a alteração de um trecho da música "Caranguejo" feita por Claudia.
Durante uma apresentação recente, ao invés de cantar "saudando a rainha Iemanjá", Claudia substituiu a frase por "eu canto meu rei Yeshua", que significa Jesus em hebraico.
Sem mencionar diretamente a cantora, Tourinho declarou:
"Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo."
A denúncia descreve a alteração na letra da música como uma "conduta difamatória, degradante e discriminatória". O documento foi assinado pelo advogado Hédio Silva Jr., coordenador-executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), e por Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassa de Ogum.
O Ministério Público agendou uma audiência pública sobre o caso para o dia 27 de janeiro. Dependendo da avaliação do MP, os compositores de "Caranguejo" também poderão ser convocados para prestar esclarecimentos.
Além disso, no dia 19 de janeiro, foi instaurado um inquérito civil para investigar a cantora por suspeita de intolerância religiosa. A promotora Lívia Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, confirmou a abertura da investigação à Folha.
A assessoria de imprensa de Claudia Leitte foi procurada, mas não se manifestou sobre o assunto.