Com 17 anos de existência a edição 2024 do festival é realizada pelo Coletivo Difusão, Coletivo Proteja, Coiab, Casa Cinco e Miriã Mahsã
(Foto: Divulgação)
Entre os dias 20 e 30 de novembro, será realizada, em Manaus, mais uma edição do Festival Até o Tucupi, que em 2024 completa 17 anos de trajetória e vai pautar a crise climática como tema transversal da programação.
“Até o Tucupi, Festival pelo Clima” é o nome desta edição que terá na programação ações em escolas, edital de ocupação artística, mostras culturais e sediará o Primeiro Encontro Amazonense sobre Crise Climática.
O evento, conhecido por promover a ocupação dos espaços públicos da cidade com arte e debate político, reafirma seu papel como plataforma de resistência cultural, especialmente neste momento em que as questões climáticas emergem como urgências globais e regionais.
O Amazonas é um dos estados mais afetados pela crise climática, na Amazônia, onde a maioria dos municípios depende diretamente dos rios para transporte e sobrevivência. Os grandes ciclos de seca, que se intensificam com as mudanças climáticas, deixam milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade, comprometendo o abastecimento de água, a mobilidade e a segurança alimentar de comunidades inteiras.
Esse cenário de emergência não pode ser ignorado, e o Festival Até o Tucupi se propõe a fortalecer ações que alertam e buscam soluções para essa realidade.
A partir do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o festival começa com atividades em escolas públicas, abordando temas fundamentais como o racismo ambiental e o impacto desproporcional da crise climática sobre as populações negras e periféricas. Essa abertura educativa destaca a importância de se combater o racismo e de afirmar a ancestralidade negra como pilares no enfrentamento das crises climáticas.
Entre os dias 21 e 31 de outubro, o Festival Até o Tucupi abrirá um edital para inscrições de propostas de artes integradas, com foco em projetos que dialoguem diretamente com as questões relacionadas à crise climática. Artistas de diversas linguagens poderão submeter trabalhos que serão selecionados para compor a programação do festival.
Essas intervenções artísticas, alinhadas ao debate climático, serão distribuídas por várias áreas de Manaus, reforçando o compromisso do festival em ocupar todas as zonas da cidade, levando arte e discussões essenciais sobre a emergência ambiental para os bairros periféricos e o centro da capital.
Nesta edição, o Festival Até o Tucupi reforça a forte presença indígena em Manaus, reconhecida como a cidade mais indígena do Brasil. O evento será organizado em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e o coletivo Miriã Marsã, fortalecendo as lutas dos povos indígenas, que são autoridades no enfrentamento da crise climática.
O festival busca também unir a diversidade cultural da Amazônia, promovendo um espaço de diálogo e ação para destacar a importância da resistência indígena nas questões climáticas e sociais que afetam a região.
A união da diversidade dos movimentos negro, indígena , LGBTQIA+, entre outros é vista como um passo essencial para enfrentar a crise climática e tratar questões como o enfrentamento ao marco temporal e ao racismo ambiental.
O festival busca promover o Primeiro Encontro Amazonense sobre Crise Climática para criar um espaço de diálogo que una essas forças e proponha soluções concretas para a região.
O grande destaque desta edição do Festival Até o Tucupi é o Encontro Amazonense sobre Crise Climática, que propõe reunir movimentos sociais, fazedores de cultura, mobilizadores sociais e pessoas engajadas para discutir a necessidade de medidas urgentes frente à crise que o Amazonas enfrenta, uma crise cujos impactos ultrapassam as fronteiras do estado.
Com a proximidade da COP 30, que será sediada na região Amazônica, em Belém, no Pará, o encontro propõe uma discussão crítica sobre o papel da Amazônia no cenário climático mundial.
A programação completa do Festival Até o Tucupi, incluindo os locais das ações e intervenções, será divulgada no início de novembro. As atividades estarão sendo realizadas em diferentes pontos da cidade, ocupando escolas, espaços culturais, praças públicas e bairros de todas as zonas de Manaus, reafirmando o compromisso do festival em ser acessível e representativo das diversas realidades urbanas da capital.
O Festival Até o Tucupi é realizado por uma coalizão de importantes coletivos e organizações que atuam na área cultural e de direitos sociais, composta pelo Coletivo Difusão, pelo Coletivo Proteja, pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), pela produtora Casa Cinco e pelo coletivo LGBTQIA+ indígena Miriã Mahsã.
Com 17 anos de trajetória, o Festival Até o Tucupi se consolidou como uma das principais plataformas culturais e políticas da Amazônia. Desde sua criação em 2007, o festival vem ressignificando o uso de espaços públicos de Manaus, promovendo a presença e o protagonismo de coletivos urbanos, movimentos sociais e artistas das periferias.
O evento, que começou como uma iniciativa de resistência cultural, expandiu-se para se tornar um importante espaço de diálogo sobre questões sociais, ambientais e políticas, sempre articulando a arte como uma ferramenta de transformação social.
Ao longo desses anos, o festival trouxe para o centro do debate temas como justiça racial, direitos indígenas, igualdade de gênero e, mais recentemente, a crise climática, reafirmando seu compromisso com a justiça social.