Música

Álbum '3001', da cantora Rita Lee, é revisitado em formato de vinil

Álbum vencedor do Grammy Latino mistura rock com elementos eletrônicos

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05/10/2024 às 13:22.
Atualizado em 05/10/2024 às 13:22

Ouvir '3001', em 2024, é garantir um lugar na máquina do tempo de Rita & Roberto (Divulgação)

Antenada à sua veia tropicalista, Rita Lee misturou sem pudores seu rock com o eletrônico em "3001". Pela primeira vez em LP duplo, o disco é uma máquina do tempo que mistura passado, presente e futuro ao bel-prazer de sua condutora. Produzido por Roberto de Carvalho e contando com a guitarra de Beto Lee em algumas faixas, o álbum traz uma marcante e deliciosa vibração dos anos 1970. Celebrado em edição luxuosa pela Universal Music, os vinis vêm nas cores azul e vermelho, ambos marmorizados. A capa é gatefold e o encarte é produzido com o material original. 

Lançado originalmente em CD no ano 2000, o álbum concebido pela dupla Lee & Carvalho brinca com a chegada iminente de 2001 - que fora inspiração para sua canção em parceria com Tom Zé e gravada pela primeira vez em 1969. 

"Eu e Tom Zé combinamos de continuar a saga do Astronauta Libertado. Ele me mandou a letra do '3001' por email e eu fiquei desbundada. Roberto e eu fizemos a música", contou Rita, na época, sobre a canção que abre o disco. A faixa tem o luxo do teremim de Rita, além de programação eletrônica de João Lee, filho do meio do casal, com Otávio de Moraes.

"2001", a musa-música inspiradora, aparece em seguida, numa regravação em que o sertanejo da primeira versão dá lugar às eletronicidades. Rita explicou o motivo na ocasião do lançamento: "Quando fiz a música, em 1969, o Jeca Tatu tinha a coisa pacifista. Um caipira espacial pacifista. Com os rodeios e essa barbaridade toda com os animais, perdeu a graça. Então, ela foi regravada distante da ideia original".

"Você vem", da dupla Lee & Carvalho, é o que Rita classifica como "rock básico", no melhor estilo guitarra-baixo-teclado-bateria. "Erva Venenosa", a versão de Rossini Pinto para "Poison Ivy", é um desbunde. 

"Mentiras", outro ponto alto do disco, vem a seguir. Letra e música de Roberto de Carvalho, fez parte de seu disco solo de 1992. Uma de suas preferidas, Rita fez questão de gravar. Destaque para a gaita deliciosa de Roberto, que mantém lá no alto a vibração do álbum.

"Rebeldade", de Rita e Beto, é uma joia. Pesada, é uma ode ao desacato e à rebeldia. "Pagu" vem em seguida. Com participação de Zélia Duncan, a música é um dos hinos feministas da carreira de Rita, que desde os anos 1970 usou e abusou de temas femininos em geniais composições.

O pop-delícia "O Amor em Pedaços" é um presente do casal Pato Fu, Fernanda Takai e John Ulhoa, para o casal Lee & Carvalho. A misteriosa "Cobra", um brilhante lado B da dupla, vem a seguir. Na época, Rita contou que, ao ouvir a música feita por Roberto, pensou em fazer a letra como se fosse uma cobra cantando. E o resultado é hipnotizante.

"Entre Sem Bater", só de Rita, é pura poesia. Brinca com figuras femininas e vem com um refrão daqueles que só ela conseguiria compor. "Aviso aos Meliantes", música de Roberto e letra do indomável Itamar Assumpção, traz vocais urgentes de Rita. A delicada "História Sem Fim" fecha o disco enquanto Rita canta questionamentos sem respostas para os mistérios da vida.
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