A menininha dos quadrinhos argentinos, criada pelo cartunista Quino, sempre questionou o mundo ao seu redor e reúne diversos adoradores pelo mundo
Para o cientista político Alexandre Lins, Mafalda e suas tirinhas seguem atuais (Divulgação)
No último dia 29 de setembro, a icônica personagem Mafalda, criada pelo cartunista argentino Quino, celebrou 60 anos de reflexões afiadas e críticas sociais que transcenderam fronteiras. Desde sua primeira aparição nas tirinhas, a garotinha de cabelos negros e olhar inquisitivo se tornou a voz de uma geração, questionando o mundo ao seu redor com humor e profundidade. Neste aniversário, o BEM VIVER TV revisita a sua trajetória pelos olhares de alguns dos seus maiores fãs de Manaus.
Com o tempo, foi vendo que ela era um símbolo da Revolução Argentina - e achou absolutamente criativo fazer uma "revolução por meio de quadrinhos". "Isso foi me deixando muito mais próxima daquela menina inteligente que não se continha em ser igual a todo mundo. Ela tinha sempre uma contestação à realidade. Aquilo parecia muito comigo".
Para Aline, o que mais chama a atenção em Mafalda é a capacidade criativa que a personagem tem de contestar as coisas sem ignorância, com diplomacia. "Sem a necessidade de armas e tudo, é pela inteligência. Isso é o que eu acho mais fantástico", completa.
Aline recorda de uma viagem que fez à Argentina, país onde é possível encontrar Mafalda por todos os lugares. "Foi muito especial para mim, conhecer aquele lugar. Tenho muitas coisas da Mafalda em casa e muitos ímãs de geladeira que me trouxeram a vida toda. Aí, eu pude estar lá, no berço de onde ela foi criada, e isso foi muito legal. Muito emocionante para mim, foi um sonho realizado", declarou.
Mãe de duas meninas, Olívia e Helena (de 12 e 10 anos, respectivamente), Aline procura passar o interesse por Mafalda para elas. "Quero que elas cresçam com essa consciência crítica", frisa a estrategista de marketing.
Mesmo tendo lembranças remotas de Mafalda, foi somente mais recentemente que a personagem passou a ter um espaço maior na vida do cientista político Alexandre Lins. Isso porque, por alguns anos, ele dedicou suas pesquisas às relações diplomáticas entre o Brasil e a Argentina. "Foi nesse período que passei a conhecer mais o trabalho do Quino e, consequentemente, da Mafalda. O impacto que a personagem trouxe para a minha vida foi, certamente, de ver a importância da utopia para seguir em frente", disse.
De acordo com ele, Mafalda é uma criança questionadora; no entanto, a personagem carrega consigo certa paixão pelas causas que acredita. "O que, sem dúvidas, é um traço muito presente nos argentinos, especialmente daquele período. Admiro muito o desejo de mudar as circunstâncias da vida em que ela está inserida e, claro, a necessidade quase filosófica em buscar respostas", acrescenta Alexandre.
Para o cientista político, Mafalda segue atual e isso se deve, em boa parte, ao fato de que muitos fatos políticos que ocorriam na Argentina, na América do Sul e no mundo ainda estão em processo de solução - ou apenas ganharam novas roupagens. "Desta forma, as mensagens constantes nos quadrinhos seguem plenamente atuais".
Desde novinho, o personal trainer Márcio Andrade se pegava lendo Mafalda e comprando as suas obras, até que começou a notar semelhanças consigo mesmo. "Tirando que ela odeia sopa e eu gosto um pouco, mas amamos os Beatles e o desenho do Pica-Pau. Citei, inclusive, ela no meu TCC da faculdade", conta Márcio.
Ele analisa a personagem como sendo uma garotinha de personalidade bem esclarecida, contestadora, revolucionária, curiosa e irônica. "Isso me admira muito nela", destacou.
Conforme Márcio, os questionamentos e críticas sociais de Mafalda são completamente atemporais. "As preocupações dela com o desenvolvimento da sociedade ainda são pertinentes nos dias de hoje para aqueles que assim, como eu, também se preocupam com a evolução do mundo", analisa.
Para aqueles que pretendem buscar sobre a personagem após esse material, ele faz um alerta: "A primeira coisa é não olhar apenas uma personagem fofa, um desenho. Tem que entender ela. Mafalda é complexa, ler as tiras e refletir, que é justamente o que a personagem promove: reflexão", conclui.