Certame utilizou o livro “Amazonês: Termos e Expressões usados no Amazonas” de autoria do professor da Faculdade de Letras da Ufam, Sérgio Freire, como referência para uma das questões
Pergunta apresentada no Enem 2024 que faz referência ao livro Amazonês: Termos e Expressões usados no Amazonas (Foto: Reprodução)
Expressões e termos dos amazônidas integraram o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicado neste domingo (3) em todo o território nacional. O certame utilizou o livro “Amazonês: Termos e Expressões usados no Amazonas” de autoria do professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sérgio Freire, como referência para uma das questões. A obra lançada em 2011 está na quarta edição e funciona como um dicionário rico no vocabulário dos amazonenses.
Para além da satisfação pessoal em ter a própria obra reconhecida e citada no Enem, Freire frisou ao acritica.com nesta segunda-feira (4) o espaço conquistado pela cultura do Amazonas.
Doutor em linguística, Freire relembrou que a pesquisa que posteriormente virou o livro “Amazonês” começou em 2001 com um artigo científico para a disciplina de sociolinguística.
O livro de Sérgio Freire tem alta aceitação, uma vez que gera nas pessoas representatividade.
Na quarta edição, a participação popular também colabora com o processo de conhecimento para uma nova edição. “Da primeira para a quarta ediçao até, mais ou menos, na segunda edição era um trabalho individual do nosso grupo de pesquisa. Mas, as pessoas gostam do livro e aprenderam a colaborar com o livro. As vezes surgem expressões e as pessoas me mandam ‘olha, eu vi isso aqui em Coari’ e vamos atrás, pesquisamos e incorporamos no dicionario”, disse Freire.
Sérgio Freire, autor do livro que foi referenciado no Enem deste ano (Foto: Arquivo AC)
Para o professor é preciso valorizar a cultura amazonense. “Uma coisa que precisamos valorizar é a própria cultura amazonense. O amazonense tinha, e digo isso como linguísta que estuda há muito tempo, certo preconceito com a sua linguagem. Há dez anos falar essa linguagem não era algo bem visto, associado a pessoas com baixa escolaridade. Agora, o amazonês é uma commodities: as pessoas compra camisas, bonés, canecas e é motivo de orgulho. Tudo isso faz parte da nossa identidade”, finalizou.
O Amazonas se fez presente no Enem do último domingo em três questões. Além do “Amazonês”, teve uma questão referente ao Festival Folclórico de Parintins (distante 369 quilômetros em linha reta de Manaus) e outra ao Linklado, o primeiro teclado digital para línguas indígenas amazônicas, desenvolvido pelas pesquisadoras Noemia Ishikawa e Ana Carla Bruno do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) junto dos acadêmicos Samuel Minev Benzecry e Juliano Portela.