O projeto é desenvolvido com alunos de 8 a 11 anos de idade de pelo menos três escolas da capital - sendo duas delas bilíngues francês-português.
Entre as escolas escolhidas para o projeto estão duas bilíngues, com aulas em português e em francês (Fotos: Divulgação)
Com o objetivo de despertar o interesse pela literatura nos estudantes da rede pública de Manaus, o projeto “Curumim Leitor” vem realizando oficinas que buscam a aproximação do hábito de ler a partir de contos “afrofrancoamazônicos”. O projeto está sendo desenvolvido com alunos de 8 a 11 anos de idade de pelo menos três escolas da capital - sendo duas delas bilíngues francês-português.
De acordo com a docente do Curso de Língua e Literatura Francesa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do projeto, Stéphanie Soares Girão, contos “afrofrancoamazônicos” foram escolhidos para aproximar os estudantes amazonenses da cultura de países francófonos das américas e da África, tendo em vista que existe um grande quantitativo de filhos descendentes de imigrantes haitianos, país localizado na América Central.
“O termo afrofrancoamazônico foi escolhido por evocar tanto o continente africano quanto a região amazônica de fala francesa, a saber, a Guiana Francesa, o Amapá e todos os estados amazônicos que têm comunidades de língua francesa, como é o caso do Amazonas com os imigrantes haitianos. Esse gênero textual foi escolhido justamente por abarcar este universo afrofrancoamazônico através de contos, mitos e lendas destas regiões de língua francesa, mas de culturas amazônidas e africanas, ou seja, são gêneros que trazem a interculturalidade como foco principal. As escolas foram escolhidas ou por serem bilíngues francês-português ou por terem uma grande comunidade de alunos francófonos filhos de imigrantes haitianos”, descreveu a professora.
Entre os estudantes participantes do projeto estão filhos de imigrantes haitianos que já nasceram em solo brasileiro (Foto: Divulgação)
Ao todo serão realizadas quatro oficinas, das quais três já aconteceram. As atividades começaram na segunda metade de junho e seguem até julho. A equipe é formada por duas oficineiras formadas em Letras-francês e, ainda, uma assistente que ainda está na graduação do mesmo curso pela Ufam.
Ainda conforme a coordenadora do projeto, estão sendo contemplados com as oficinas de leitura os alunos da rede municipal e da estadual.
A equipe do projeto é composta por Keyze Cristine, Betyna Freitas, Stéphanie Girão; Mylena Pantoja e Déborah Oliveira (Foto: Divulgação)
OBJETIVOS
Questionada sobre quais resultados o projeto pretende alcançar após a realização das oficinas e sua relevância para a capital amazonense, Stéphanie Girão acredita que as atividades possam contribuir para a formação de jovens leitores literários através de uma leitura transdisciplinar, ativa e participativa.
“No mundo atual, saber interpretar um texto complexo como o texto literário, é uma habilidade cada vez mais demandada por uma sociedade que vive a realidade das fake news, por exemplo. Além disso, vivemos em uma sociedade multicultural e nas escolas públicas esta é a realidade: crianças filhas de imigrantes de diversos países convivem diariamente e a leitura de contos de países francófonos pode contribuir com o conhecimento sobre outras realidades, quebrando preconceitos e estereótipos culturais”, acrescentou Girão.
O projeto conta com o apoio do Conselho Municipal de Cultura, por meio do edital n.002/2023 do Programa Manaus Faz Cultura.