LITERATURA AFROFRANCOAMAZÔNICA

Curumim Leitor: Projeto leva literatura afrofrancoamazônica para alunos da rede pública de Manaus

O projeto é desenvolvido com alunos de 8 a 11 anos de idade de pelo menos três escolas da capital - sendo duas delas bilíngues francês-português.

Lucas Vasconcelos
online@acritica.com
06/07/2024 às 12:27.
Atualizado em 06/07/2024 às 13:07

Entre as escolas escolhidas para o projeto estão duas bilíngues, com aulas em português e em francês (Fotos: Divulgação)

Com o objetivo de despertar o interesse pela literatura nos estudantes da rede pública de Manaus, o projeto “Curumim Leitor” vem realizando oficinas que buscam a aproximação do hábito de ler a partir de contos “afrofrancoamazônicos”. O projeto está sendo desenvolvido com alunos de 8 a 11 anos de idade de pelo menos três escolas da capital - sendo duas delas bilíngues francês-português.

De acordo com a docente do Curso de Língua e Literatura Francesa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do projeto, Stéphanie Soares Girão, contos “afrofrancoamazônicos” foram escolhidos para aproximar os estudantes amazonenses da cultura de países francófonos das américas e da África, tendo em vista que existe um grande quantitativo de filhos descendentes de imigrantes haitianos, país localizado na América Central.

“O termo afrofrancoamazônico foi escolhido por evocar tanto o continente africano quanto a região amazônica de fala francesa, a saber, a Guiana Francesa, o Amapá e todos os estados amazônicos que têm comunidades de língua francesa, como é o caso do Amazonas com os imigrantes haitianos. Esse gênero textual foi escolhido justamente por abarcar este universo afrofrancoamazônico através de contos, mitos e lendas destas regiões de língua francesa, mas de culturas amazônidas e africanas, ou seja, são gêneros que trazem a interculturalidade como foco principal. As escolas foram escolhidas ou por serem bilíngues francês-português ou por terem uma grande comunidade de alunos francófonos filhos de imigrantes haitianos”, descreveu a professora.

OFICINAS

Entre os estudantes participantes do projeto estão filhos de imigrantes haitianos que já nasceram em solo brasileiro (Foto: Divulgação)

Ao todo serão realizadas quatro oficinas, das quais três já aconteceram. As atividades começaram na segunda metade de junho e seguem até julho. A equipe é formada por duas oficineiras formadas em Letras-francês e, ainda, uma assistente que ainda está na graduação do mesmo curso pela Ufam.

“As oficineiras adotaram uma metodologia ativa e participativa de leitura de contos: as crianças ouvem, lêem, interpretam, pintam, mandam recados para as personagens do conto, reescrevem o final da história, constroem máscaras. Além disso, elas têm uma sensibilização sobre o país de origem dos contos, que são a Guiana Francesa e o Burkina Faso. É uma atividade de leitura literária transdisciplinar na qual diversas habilidades são desenvolvidas durante as atividades”, detalhou Stéphanie Girão.

Ainda conforme a coordenadora do projeto, estão sendo contemplados com as oficinas de leitura os alunos da rede municipal e da estadual.

“As escolas selecionadas são a Escola Bilíngue Francês-Português CMCB - José Carlos Mestrinho (Crespo), a Escola Bilíngue Francês-Português CETI Elisa Bessa Freire (Jorge Teixeira) e a Escola Municipal Professor Waldir Garcia (São Geraldo). Os alunos participantes estão na faixa dos 8 aos 11 anos de idade, que vai desde o 3º ano do Ensino Fundamental I até o 7º ano do Ensino Fundamental II”, pontuou a professora.

A equipe do projeto é composta por Keyze Cristine, Betyna Freitas, Stéphanie Girão; Mylena Pantoja e Déborah Oliveira (Foto: Divulgação)

OBJETIVOS

Questionada sobre quais resultados o projeto pretende alcançar após a realização das oficinas e sua relevância para a capital amazonense, Stéphanie Girão acredita que as atividades possam contribuir para a formação de jovens leitores literários através de uma leitura transdisciplinar, ativa e participativa.

“No mundo atual, saber interpretar um texto complexo como o texto literário, é uma habilidade cada vez mais demandada por uma sociedade que vive a realidade das fake news, por exemplo. Além disso, vivemos em uma sociedade multicultural e nas escolas públicas esta é a realidade: crianças filhas de imigrantes de diversos países convivem diariamente e a leitura de contos de países francófonos pode contribuir com o conhecimento sobre outras realidades, quebrando preconceitos e estereótipos culturais”, acrescentou Girão.

O projeto conta com o apoio do Conselho Municipal de Cultura, por meio do edital n.002/2023 do Programa Manaus Faz Cultura.

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