Projeto de empreendedorismo e geração de renda viabiliza oficina de artesanato indígena para mulheres trans e travestis de Manaus
Emylee, 35 anos, e Juliana, 44 anos, usam acessórios indígenas confeccionados por mulheres trans e travestis da Assotram (Foto: Jeiza Russo/AC)
Penas, sementes e miçangas tomam forma de cocares, cordões e brincos nas cores de Garantido e Caprichoso. As peças feitas por mulheres trans da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), compõe a coleção TransAmazônida.
Os acessórios são vendidos em feiras de Manaus e com a venda as artesãs conseguem tirar um valor para si.
Acessórios produzidos pela artesã são vendidos em feiras e outros eventos espalhados pela cidade de Manaus
Para Emylee, além de uma possibilidade de ganhos financeiros e a descoberta de um talento, confeccionar os acessórios indígenas também funciona como terapia.
Falta oportunidade
A cabeleireira Juliana Oliveira, 44 anos, torcedora do boi Garantido, relatou que há um ano não consegue atuar na área. Segundo ela, falta oportunidade para mulheres trans e travestis e as poucas vagas que surgem, o “não” é a resposta dos empregadores. “Minha renda mesmo é por esse projeto. Não temos oportunidade. É difícil. Somos também gente e aqui temos a oportunidade de mostrar o nosso trabalho”, declarou.
Juliana, assim como Emylee, também se descobriu artesã e agora vê um novo horizonte profissional.
Coleção TransAmazônida lançada pela Assotram também inclui sabonetes produzidos pelas artesãs
Projeto Estrela Guia
A coleção TransAmazônida integra o projeto Estrela Guia da Assotram, contemplado pelo edital LGBTI+ Orgulho do banco Itaú. A assistente social, Joyce Gomes, presidente da associação, explicou que muitas trans acham que o mercado de trabalho é uma realidade distante.
“Algumas pessoas não tem nenhum vínculo empregatício, então é uma maneira de ter uma fonte de renda. Tem meninas que comercializam as próprias peças e vendem. E uma pequena cooperativa que vende tudo centrado na instituição”, complementou Joyce.
Joyce frisa que a ausência de oportunidade de trabalho formal para mulheres trans as coloca na prostituição. “A RedeTrans afirma que 82% das mulheres trans estão na prostituição e por múltiplos fatores, que as coloca na marginalidade e enxergam na prostituição uma válvula de escape. É mais uma imposição como única fonte de renda”, ponderou.
Joyce Gomes, assistente social e presidente da Assotram, também atuou como modelo para coleção TransAmazônida
TransAmazônida foi lançada no último dia 3 de junho no perfil @assotram no Instagram. Encomendas podem ser feitas pelo (92) 99203-6357. Os preços variam de R$ 30 a R$ 120. Na confecção atuam oito pessoas, o projeto contempla 20 entre mulheres trans e demais membros da comunidade.
Dados escassos
Os dados sobre o mercado de trabalho e a população LGBTQIAPN+ são escassos, e os poucos existentes apontam para altos índices de desemprego. De acordo com a Aliança LGBTI, durante o período da pandemia de Covid-19, a taxa de desemprego chegou a 40% e sobiu para 70% para transexuais e travestis.
A plataforma nacional #TransEmpregos, que encaminha pessoas trans para o mercado de trabalho, registrou uma variação negativa de -7% (1.040 mil) em comparação com 2022, ano em que 1.113 mil profissionais trans conquistaram uma vaga no mercado formal.
Confira a coleção
(Foto: Jeiza Russo/AC)
(Foto: Jeiza Russo/AC)
(Foto: Jeiza Russo/AC)
(Foto: Jeiza Russo/AC)
(Foto: Divulgação/Felipe Medeiros/Aurora Boreal Produções)
(Foto: Divulgação/Felipe Medeiros/Aurora Boreal Produções)