economia

Motocicletas tem melhor período desde 2012 e presidente da Abraciclo revisa projeção

Em entrevista, ele também afirmou que empresas devem manter prevenção contra estiagem em 2025

Lucas dos Santos
politica@acritica.com
10/10/2024 às 16:42.
Atualizado em 10/10/2024 às 16:42

Presidente da Abraciclo, Marcos Bento (Foto: Reprodução / YouTube)

O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Bento, divulgou nesta quinta-feira (10) que o setor de motocicletas atingiu a maior produção entre janeiro e setembro desde 2012, chegando a 1,32 milhões em 2024. Só no último mês, mais de 144 mil motocicletas saíram das fábricas do Polo Industrial de Manaus, número 2,7% maior que o mesmo mês em 2023, mas 12,2% menor que agosto.

Devido à alta, o presidente revisou as projeções da fabricação de motocicletas. A nova perspectiva é produzir 1,72 milhões até o fim de 2024, alta de 9,3% na comparação com o ano passado. A perspectiva inicial era de produzir 1,69 milhões de unidades, como ele já havia adiantado para A CRÍTICA em entrevista no mês de setembro.

Segundo Bento, o planejamento dos fabricantes para se precaver aos efeitos da estiagem resultou nos números positivos divulgados à imprensa em coletiva virtual.

“As fabricantes anteciparam os estoques para garantir o abastecimento das linhas de produção e adotaram alternativas logísticas para manter o ritmo de produção e atender a demanda do mercado”, disse.

Em entrevista para A CRÍTICA, o presidente destacou que como questões de infraestrutura – em especial o atraso nas dragagens dos rios e a reconstrução da BR-319 – estão fora do alcance da Abraciclo e das fabricantes, a antecipação para a nova seca foi o meio encontrado para evitar novas paralisações e desabastecimento como ocorreu em 2023.

“Eu acho que houve uma melhora em relação ao aprendizado que tivemos no ano passado. A seca foi bastante dura no ano passado, então a gente tomou algumas lições para mudar alguns fluxos logísticos, estoques de alguns insumos estratégicos, busca de alternativas logísticas, visando minimizar o impacto. Eu acho que também tem que se destacar que o aprendizado do ano passado melhorou o diálogo também com as autoridades para que houvesse melhora na burocracia”, relembra.

Além da desburocratização fiscal na Zona Franca de Manaus, a instalação dos portos flutuantes pelos grupos Chibatão e SuperTerminais também foi um fator na mitigação dos efeitos negativos da estiagem. Ainda assim, Marcos Bento disse que que a situação atual não é boa nem fácil, mas faz com que “a gente não tenha uma previsão de desabastecimento ou paralisação, tanto é que a gente refez a nossa projeção de 1,69 milhões com um acréscimo de 30 mil unidades para atingir um patamar de 1,72 milhões” de motocicletas.

“Como a gente mostrou nos números, o polo de duas rodas como um todo, não só o segmento de motocicletas, mas também de bicicletas, segue otimista em relação [a este ano]”, disse.

Até o momento, a única fábrica que suspendeu suas atividades foi a Kawasaki. A empresa afirmou para a Abraciclo que se tratou de uma decisão interna por problemas logísticos no canal do Panamá, não tendo relação com a estiagem nos rios do Amazonas. O presidente informou à reportagem que as empresas continuarão mantendo seu planejamento contra as secas dos próximos anos.

Marcos Bento também voltou a defender a reconstrução da rodovia BR-319 para que seja utilizada como alternativa às vias fluviais, principalmente no período da seca.

“É um clamor do Amazonas, é um clamor das nossas autoridades para que a gente tenha a BR-319 como uma alternativa logística, que não seja a dependência única da logística fluvial”, disse.

Reforma tributária

Questionado pela reportagem se a instituição continuava mantendo diálogo com o senador Eduardo Braga (MDB), que foi escolhido como relator da regulamentação da reforma tributária no Senado Federal, Bento afirmou que as conversas estão excelentes.

“Eu estive em Brasília nesta semana, fui recebido pelo senador. Eu acho que o texto original aprovado foi muito positivo, o texto constitucional garante a competitividade da Zona Franca. Agora, a gente está no momento de regulamentação das leis complementares. É claro que esse texto precisa ser melhorado. Inclusive, ele não foi aprovado nem pelos parlamentares na Câmara e a gente segue com um diálogo, eu acho, positivo, e com a expectativa de que haja ali melhoras nesse texto, principalmente para garantir a nossa competitividade”, ressaltou.

Durante a coletiva, o presidente relembrou que a urgência do Projeto de Lei Complementar 68/24 foi retirada e que as discussões continuarão após o fim do período eleitoral em outubro.

Vendas e licenciamentos

Os dados da Abraciclo mostram que, no acumulado dos primeiros nove meses de 2024, os licenciamentos chegaram a mais de 1,4 milhões unidades, volume 19,4% maior que o mesmo período em 2023, sendo o melhor resultado para o mesmo período desde 2011.

No mês de setembro, as vendas no varejo chegaram a 156,6 mil unidades, alta de 16% em relação a 2023 e o melhor resultado em 14 anos, a despeito da retração de 4,4% em comparação com o mês de agosto. A tabela divulgada pela associação mostra que as categorias mais emplacadas foram Steet (51,7%), Trail (17,9%) e Motoneta (13,4%).

A média diária em setembro, que teve 21 dias úteis, foi de 7.459 unidades. Os modelos de baixa cilindrada foram os mais emplacados, com 78,4% do mercado. As motocicletas de média cilindrada alcançaram 18,2% de participação, enquanto as de alta cilindrada, 3,4%.

Exportações

As associadas da Abraciclo exportaram 23.865 motocicletas nos nove primeiros meses do ano, o que corresponde a uma retração de 16% na comparação com o mesmo período de 2023.

Em setembro, 1.703 motocicletas foram embarcadas para o mercado. O volume foi 35,4% maior na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas 49% inferior ao registrado agosto.

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