Por enquanto, ainda é possível oferecer promoções com preços abaixo dos praticados no mercado para fidelizar os clientes
(Foto: Junio Matos/A Crítica)
O vendedor Heraldo Vieira trabalha com varejo há 20 anos e, sempre que os últimos dois meses do ano se aproximam, percebe o aumento do movimento na loja de calçados. O depósito do estabelecimento, localizado no centro de Manaus, está tão cheio de produtos que “mal dá para andar de um lado para o outro”. Vieira explicou que os produtos femininos são os mais procurados, como sandálias, sapatilhas e saltos.
Além do público feminino ser predominante nessa reta final de ano, as vendas começam a acelerar a partir da segunda quinzena de novembro. Por enquanto, ainda é possível oferecer promoções com preços abaixo dos praticados no mercado para fidelizar os clientes, mas, quando dezembro chegar, a ideia é retomar os preços normais para atingir a meta de crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Aproveitamos para liquidar o estoque do ano passado ainda em novembro. Em dezembro, com a chegada do público, colocamos os lançamentos e os produtos mais novos. É o período mais forte para a gente”, afirmou o vendedor.
Esperança de vendas
O Natal é a principal razão por trás da alta expectativa e, tradicionalmente, a data que concentra o maior volume de vendas no setor comercial. Segundo o Instituto de Pesquisas Empresariais do Amazonas (Ifpeam/Fecomércio-AM), das 219 empresas entrevistadas em 2023, 46% indicaram aumento no faturamento em comparação com o Natal de 2022. A variação foi de 11% a até 50%.
Para dar conta da grande movimentação, muitos comerciantes optam por contratar mais funcionários temporários. Na loja de roupas onde Hassan Manasra é gerente, a contratação pode chegar a até 35 novos colaboradores. Ele explicou que a demanda não é só pela grande presença de clientes em dezembro, mas também pela variedade de produtos disponíveis para venda. Por isso, os funcionários precisam ser distribuídos entre os setores.
“Sai tudo [produtos] em dezembro. Cada cliente tem um estilo, um gosto. Apostamos na variedade de roupas e, por isso, é fundamental ter um número elevado de funcionários para atender a todos”, afirmou.
Alta dos temporários
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL) divulgou uma pesquisa sobre a projeção das contratações temporárias neste ano. A instituição acredita que a recuperação do nível do Rio Negro em Manaus pode impulsionar o número de novas vagas para os meses de novembro e dezembro.
O total estimado é de 5.500, o que representa uma alta de 7,8% em relação ao acumulado nos dois meses do ano passado. A pesquisa também projeta a abertura de 195 novas empresas para o quarto trimestre deste ano, uma queda de 23% comparado com 2023.
“Este ano, vamos precisar contratar para os setores de vestuário, calçados, novos entregadores e motoristas supermercadistas. São segmentos que vão contratar, o que deve gerar um resultado muito maior [em comparação ao ano passado]”, disse o presidente da CDL Manaus, Ralph Assayag.
As altas expectativas do comércio de Manaus acompanham o clima de confiança do setor em todo o Brasil. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu 112,2 pontos em outubro. Apesar de estável em relação a setembro, o índice interrompeu uma sequência de cinco quedas. Em comparação com outubro do ano passado, houve uma leve retração de 0,5%, a menor desde julho.
Ainda em relação a setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou uma queda de 0,8% nas vendas do comércio. A alta dos preços e das taxas de juros foram os principais fatores. No entanto, a confiança nas vendas de fim de ano está motivando empresários e comerciantes a aumentar os investimentos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).