CONFUSÃO

Diretor é afastado do cargo após cobrar de vereador o uso de máscara em escola de Manacapuru

O vereador Gerson D'Angelo (foto) teria xingado o diretor Jackson Azevedo, após ter sido instruído a usar máscara nas dependências da escola onde funciona provisoriamente a Câmara Municipal de Manacapuru

Giovanna Marinho
27/05/2021 às 17:59.
Atualizado em 09/03/2022 às 06:54

(Gerson D'Angelo (foto) é primo do prefeito de Manacapuru, Beto D'Angelo. Foto: Divulgação)

Gestor há oito anos da Escola Zoraida Ribeiro Alexandre, em Manacapuru, na região metropolitana de Manaus, o professor Jackson Azevedo de Souza foi afastado do cargo pela Secretaria de Educação do município, após o vereador Gerson D’Angelo (Republicanos), primo do prefeito Beto D’Angelo (Republicanos), ser repreendido por ele ao adentrar as propriedades da unidade de ensino sem fazer uso de  máscara, na última terça-feira (27).

Há 15 dias, as sessões plenárias da Câmara Municipal de Manacapuru estão ocorrendo duas vezes na semana no auditório da escola, devido à cheia do rio Solimões que alagou a sede do legislativo. Com isso, na manhã de terça-feira, ao tentar entrar sem o equipamento de proteção facial no local, o vereador foi barrado por um agente de portaria da escola.

Segundo o relato do professor, ao tentar intervir na discussão, o vereador teria respondido: “o seu segurança é muito chato”. Jackson reforçou o pedido do agente da unidade de ensino e pediu para o parlamentar fazer uso da máscara. Como resposta, recebeu xingamentos de Gerson que o mandou procurar o presidente da Câmara, Sassá Jefferson (Republicanos).

Confira o vídeo que mostra a chegada do vereador na escola

 “Liguei para a polícia, não tinha outra saída”, relatou o professor. A Polícia Militar foi acionada e compareceu ao auditório, antes de começar a sessão do legislativo, pedindo esclarecimentos sobre o porquê do vereador se recusar a usar máscara e desacatar o funcionário público, mas o presidente da Casa teria pedido para que os PMs se retirassem do local.

“A Alegação do vereador em questão, é que ao chamar a polícia eu causei constrangimento ao parlamento porque na terça-feira a escola não é mais a escola Zoraida Ribeiro Alexandre, ela deixou de existir, ela é a câmara municipal”, revelou Azevedo.

Gerson D'Angelo com o seu primo, prefeito de Manacapuru, Beto D’Angelo. Foto: Reprodução

O professor afirma que foi ameaçado pelo vereador e que o legislativo estaria intervindo junto a Secretaria de Educação para exonerá-lo do cargo. O caso foi delatado a polícia por meio de Boletim de Ocorrência. A prefeitura de Manacapuru confirmou o afastamento do professor do cargo enquanto durar a sindicância. Segundo o município, o gestor da escola não poderia intervir no trabalho do legislativo usando a PM. A Câmara Municipal também irá abrir um procedimento administrativo para verificar a conduta do vereador.

“Espero que o poder executivo não faça uso do corporativismo, em apoio ao que o vereador fez aqui dentro, porque é muito grave. Ninguém pode chegar em uma instituição pública mandando ir para ‘aquele lugar’ o funcionário. Ninguém pode em lugar nenhum [fazer isso] e sem fazer uso da máscara”, desabafou o professor.

A reportagem buscou contato com o vereador Gerson D’Angelo e com a presidência da Câmara por meio de ligações telefônicas, aplicativo de mensagem e e-mail, mas até o momento não obtivemos resposta.

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