Equipes de buscas já refizeram a última rota percorrida pelos dois, mas não foi encontrado nenhum sinal da passagem deles por lá
O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian (esquerda) e o indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai) (direita). (Foto: Reprodução)
O indigenista Bruno Araújo Pereira, e o Jornalista Dom Phillips, de nacionalidade inglesa e correspondente do Jornal The Guardian, estão desaparecidos, há mais de 24 horas, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, pontos de ida e ponto de retorno respectivamente, no Estado do Amazonas.
As informações foram dadas, em nota, pela Coordenação da Organização Indígena União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) nesta segunda-feira (6).
Segundo o comunicado, os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.
Os dois chegaram ao local de destino (Lago do Jaburu) na sexta-feira 3 de junho de 2022, às 19h25. No dia 5, a dupla retornou logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte, porém, antes pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões.
“Pelo que consta nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 6h, onde conversaram com a esposa do “Churrasco”, visto que este não estava na comunidade e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã na cidade, o que não ocorreu”, afirma a nota.
Ainda segundo o comunicado, às 14h, saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da Univaja, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. “A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, percorrendo, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado. A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte”.
Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado. A nota ressaltou que Bruno Pereira é pessoa experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos. Os dois desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, 40 HP, 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem e 07 tambores vazios de combustível.
Ameaças
Segundo a Univaja, os relatos dos colaboradores é que a equipe recebia ameaças em campo. Ainda conforme a publicação, a ameaça não foi a primeira, “outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”.
O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do Jornalista Dom Phillips já toma repercussão nacional e internacional em sites de notícias, bem como nas redes sociais.