Demitido

Após fala de Monark, ‘Flow’ perde patrocinadores e Campeonato Carioca

Ex-apresentador do podcast defendeu a criação de um partido nazista no Brasil. Monark se defendeu dizendo 'estar bêbado'

Michael Douglas
08/02/2022 às 20:49.
Atualizado em 12/03/2022 às 11:21

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A fala antissemita do youtuber Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, tem gerado uma série de notas de repúdio e encerramentos de contrato de várias marcas com o Flow Poscast, programa apresentado por Monark. Isso porque na segunda-feira (7), durante uma entrevista com os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), o youtuber afirmou ser a favor da criação de partido nazista dentro da Lei Brasileira.

"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark.

Ao ser rebatido pela política, que afirmou haver um limite na liberdade de expressão (que seria quando ela põe em risco a vida de outras pessoas perseguidas pelo movimento nazista), Monark relativiza o perigo deste movimento. "De que forma [o Nazismo põe em risco a vida de Judeus]? Quando [o nazismo] é uma minoria, não põe. Mas era [um risco] quando era uma maioria", continuou ele.

Repercussão

A fala do youtuber logo ganhou a internet, e sendo repudiada por várias entidades, principalmente as judaicas. 

“Mesmo contestado pela deputada Tábata Amaral, Monark insistiu que suas falas estariam escudadas no princípio da liberdade de expressão, demonstrando, a um só tempo, desconhecer a história do povo judeu, e a natureza de um princípio constitucional essencial, muitas vezes deturpado por aqueles que insistem em propagar um discurso que incita o ódio contra minorias”, disse parte da nota da Confederação Israelita do Brasil (Conib).

"Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão!", disse o perfil Judeus pela Democracia.

Outra consequência da fala do youtuber foi o cancelamento de contrato de diversas marcas com os Estúdios Flow, empresa proprietária dos direitos do programa Flow Podcast. Além disso, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) também cancelou o contrato com o programa Flow Sport Clube – outro programa dos Estúdios Flow –, que neste ano estava transmitindo alguns jogos do Campeonato Carioca. 

Além disso, alguns dos antigos entrevistados do Flow Podcast também manifestaram repúdio a fala de Monark, e solicitaram que os episódios dos programas em que participaram sejam deletados da internet. Este é o caso do apresentador Benjamin Back, Lucas Silveira (da banda Fresno) Tico Santa Cruz (da banda Detonautas). Ídolo do Flamengo, Zico participaria do programa esta semana, mas cancelou assim que soube do caso. 

Diante da repercussão sobre o caso, os Estúdios Flow anunciaram o desligamento de Monark do Flow Podcast. "Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi tirado do ar. Comunicamos também a decisão que, a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub @Monark está desligado dos Estúdios Flow", diz a nota.

Defesa de Monark

No início da tarde desta terça-feira, Monark veio a público, pediu desculpas a comunidade judaica e disse que estava sobre efeito do álcool.

"Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade", disse.

Crime

No Brasil, a Lei 7.716/89 prevê no seu artigo 20 que é crime "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, podendo haver prisão de um a três anos e multa. 

No parágrafo 1º do artigo 20, há previsto o referido "Crime de Divulgação do Nazismo":  " Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular, símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena - reclusão de dois a cinco anos e multa".

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