Plataforma desenvolvida pela UEA classifica qualidade do ar como ‘muito ruim’ e ‘péssima’ em diferentes municípios do sul do Amazonas
Dados do Panorama de Calor do Amazonas, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) até esta sexta-feira (9) (Foto: Reprodução)
Pelo segundo ano consecutivo, os amazonenses estão sendo obrigados a inalar fumaça de queimadas devido à resposta insuficiente do poder público a esse crime ambiental. Nesta sexta-feira (9), o Sistema de Vigilância Ambiental (Selva), desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), registrou níveis de material particulado (MP 2,5) nas classificações ‘muito ruim’ e ‘péssima’ em diferentes municípios do sul do Estado. Manaus também já apresenta piora na qualidade do ar.
Conforme a plataforma, registros até 25 MP 2,5 são considerados bons. Na madrugada desta sexta, o município de Manicoré atingiu 603,7 MP 2,5, número 2.314% maior que o aceitável. Já no decorrer do dia, Humaitá alcançou 153,6 MP 2,5. O ar de Lábrea foi a 107,8 MP 2,5 e o de Tapauá, 160,8 MP 2,5, todos nas classificações ‘muito ruim’ ou ‘péssima’.
A capital Manaus, que ficou mais de três meses encoberta por fumaça em 2023, também já registra piora na qualidade do ar em diferentes bairros. Até a tarde desta sexta-feira, a região do Centro da cidade registrava qualidade do ar ‘moderada’, com 39 MP 2,5. Na zona oeste, o nível estava em 38,2 MP 2,5.
Qualidade do ar em Manaus nesta sexta-feira (9) (Foto: Reprodução)
Dados do Panorama de Calor do Amazonas, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), apontam que houve 6.174 focos de calor entre 1º de julho e 9 de agosto. Do total de registros, 5.202 estão localizados em municípios do interior do estado. Ainda conforme a plataforma, os municípios com mais focos de queimadas são Apuí (2,181), Lábrea (1.169), Novo Aripuanã (550), Manicoré (519) e Humaitá (383).
Dados do Panorama de Calor do Amazonas, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) até esta sexta-feira (9) (Foto: Reprodução)
Nas redes sociais, moradores dos municípios do sul do Amazonas têm publicado relatos diários nas redes sociais a respeito das queimadas e das consequentes nuvens de fumaça. No Facebook, um usuário escreveu “fumaça castiga Manicoré e o rio Madeira”, seguido de imagens que mostram o afluente coberto por uma ‘nuvem’ densa que quase faz sumir a outra margem do rio.
Em Apuí, viralizou um vídeo de uma moradora relatando problema de falta de ar em meio a uma neblina tóxica causada por queimadas.
Carlos Durigan ressalta que, no interior, a fumaça de queimadas se soma a outros fatores que pioram a qualidade do ar.