Fruto

Produção de guaraná de Maués alia tradição e qualidade na Amazônia

A região que já foi a maior produtora hoje foca em certificações para diferenciar seu produto. Desde 2018, o INPI reconheceu o guaraná de Maués com o selo de Indicação Geográfica (IG)

Agência Brasil
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25/12/2022 às 13:22.
Atualizado em 25/12/2022 às 13:22

O guaraná é vasodilatador cerebral, mantém a memória e evita a sarcopenia (TV Brasil/Divulgação)

O guaraná do município de Maués tem a fama de ser o melhor do mundo – ou, pelo menos, é isso o que garante quem mora na cidade, no coração da Amazônia. A equipe do Caminhos da Reportagem viajou até a região para saber porque o produto de lá tem tanta notoriedade, a ponto de ter conquistado o selo de Indicação Geográfica, que destaca o local pela qualidade do guaraná produzido.

O fruto vermelho que parece um olho é cultivado na região por pequenos produtores. O trabalho não é fácil: depois de colhido, o caroço é retirado, lavado, torrado e moído. Só a torragem leva até 8 horas. Maués chegou a ser o maior produtor de guaraná do país, mas hoje a Amazônia responde por apenas 18,4% da produção, perdendo para a Bahia, com 67,7%, segundo dados de 2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O trabalho árduo antes não era recompensado: o quilo do produto já custou R$ 5. Com as certificações, como a Indicação Geográfica e o selo de Orgânico, conseguiram aumentar o preço em nove vezes: hoje, eles vendem o quilo a R$ 45.

“O guaraná, pra mim é tudo, o amor que a gente tem pelo produto faz ele ser um dos melhores que a gente tem no mundo”, conta Adeílson Gomes de Souza, conhecido como Dedeco, que é presidente Associação dos Produtores de Guaraná da Indicação Geográfica de Maués.

Ritmo e longevidade

A permanência dos produtores de guaraná na área rural de Maués também impacta a manutenção de tradições amazônicas, como o gambá. O ritmo musical recebeu esse nome por causa do tambor que é feito pelos próprios músicos. “O gambá é um tambor, mas é gambá na nossa língua sateré-mawé”, explica o músico José Carlos de Cardoso, conhecido como Iracito.

É da língua indígena sateré-mawé que vem a palavra guaraná, uma modificação de waraná, que significa “a fonte de sabedoria”. O fruto já era plantado no Brasil pelos indígenas Sateré-Mawé e Munduruku quando os portugueses chegaram por aqui. A forma tradicional do guaraná ainda é feita ali: o bastão, que é modelado a partir da massa socada e depois ralado na língua do pirarucu, que quando seca fica endurecida.

A relação da população com o guaraná em Maués também chama a atenção por uma característica local: a longevidade. Segundo estudo do geriatra e gerontologista Euler Ribeiro, 1% da população do município tem mais de 80 anos, superando a média de 0,5% nacional. E a frutinha vermelha pode ter efeito nesse dado: “o guaraná é vasodilatador cerebral, mantém a memória, evita a sarcopenia, que é a perda das fibras musculares com o envelhecimento, evita o câncer de mama nas mulheres, o câncer de próstata nos homens e dá muita energia”, explica Ribeiro.

Em Maués, o guaraná está nas escolas, nos restaurantes, nas feiras, no artesanato, na vida cotidiana da população. Neste domingo (25), o programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, vai contar essas e outras histórias no episódio Guaraná: os olhos da floresta, que vai ao ar às 21h.

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