Insegurança nos rios

‘Piratas dos rios’ causaram prejuízos de R$ 47 milhões

Valor se refere apenas ao roubo de combustíveis transportados por balsas no período de 2020 a 2023

Amariles Gama
cidades@acritica.com
11/05/2024 às 08:34.
Atualizado em 11/05/2024 às 08:34

O transporte de combustíveis por meio de balsas é o principal alvo da pirataria nos rios do Amazonas (Foto: Divulgação)

O aumento de atividades criminosas nas hidrovias da região Norte tem provocado danos econômicos expressivos nos últimos anos, além de comprometer o bem-estar da população local. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) revela que, de 2020 a 2023, a ação dos chamados ‘piratas dos rios’ causou prejuízo na ordem de R$ 47 milhões em desvio de combustíveis, uma das operações mais afetadas pela falta de segurança nos rios da região. 

A ação desses grupos, que atuam atacando embarcações e roubando combustíveis na região, acaba por alimentar atividades criminosas como garimpo ilegal, tráfico de drogas, madeira, armas, entre outros crimes, segundo destacou o IBP. 

De acordo com o Instituto, de 2020 a 2023, houve um prejuízo de R$ 100 milhões nas atividades de transporte de cargas. Em 2022 e 2023, mais de 4 milhões de litros de combustível foram roubados na região. 

Para a diretora executiva de Downstream do IBP, Valéria Lima, as cargas de combustíveis acabam sendo o alvo preferencial dos grupos criminosos porque o produto em si facilita as atividades desses grupos na região. 

Devido a extensão dos rios e as distâncias entre os municípios, os combustíveis são produtos necessários também para as práticas criminosas dessas organizações.  

“Esse combustível que é roubado é utilizado diretamente nessas atividades criminosas. Por exemplo, o garimpo ilegal tem uma carga e precisa de combustível para pousar em uma área longe, um aeroporto clandestino, ele precisa de combustível. Então, o combustível acaba sendo um produto que facilita a vida desses grupos criminosos”, disse Valéria.  

Na regia Norte, o transporte de carga é feito prioritariamente por via fluvial. No entanto, as fragilidades na infraestrutura e na segurança das vias impõem uma série de desafios para as empresas que realizam o transporte de diversas cargas e produtos, além dos combustíveis. Populações inteiras de municípios da região dependem do sistema hidroviário para abastecimento de produtos.  

Para Valéria, é necessária uma atuação integrada para o enfrentamento desses problemas na rede hidroviária. Ela destaca que a criminalidade não é um problema exclusivo das hidrovias, mas, pelas características da região Norte e sua extensão hidrográfica, são colocadas camadas de complexidades para o combate desses crimes em comparação com outras regiões.  

“As hidrovias são longas, então é difícil realmente. Como é que você garante que você vai ter sempre alguém da força de segurança perto ali? Isso exige todo um trabalho de inteligência, de integração entre todas as forças de segurança e mais as empresas que usam as hidrovias, e é importante que se tenham aí muita tecnologia embarcada”, destacou. 

Além dos prejuízos econômicos e riscos à vida dos tripulantes por conta da ação criminosa dos piratas dos rios, o IBP ressalta também os danos ao meio ambiente e ao abastecimento e geração da energia. Em muitas comunidades, a geração de energia é feita por termelétricas, por exemplo, com a utilização do óleo diesel.

Propostas

Recentemente o IBP organizou um workshop para discutir propostas de melhoria visando ampliar a segurança na navegação. O encontro reuniu representantes de distribuidoras, transportadores, produtores, entidades, entre outros agentes que estão no dia a dia enfrentando esses problemas. 

Entre as propostas discutidas está a sinalização, o monitoramento e a dragagem regulares. Além disso, as organizações propuseram o desenvolvimento de ações em parceria com órgãos de segurança pública para combater as ações criminosas, incluindo a criação de grupos de força-tarefa, compartilhamento de dados de inteligência e outras informações para acelerar a resposta.  

Valéria destaca também a importância do aprimoramento da fiscalização, com investimentos em recursos para tornar mais robusta a infraestrutura de agentes fiscalizadores. A diretora executiva defende a necessidade de aplicação de leis mais severas contra esses crimes, além da celeridade na tramitação de Projetos de Lei que tipificam os crimes de roubo, receptação e furto de combustíveis.  

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