MEIO-AMBIENTE

Omissão de agora custará caro para o depois, diz Alckmin na COP

Vice-presidente discursou em nome do Brasil, próximo anfitrião da COP, na abertura do encontro de chefes de Estado, no Azerbaiijão

Waldick Junior
waldick@acritica.com
12/11/2024 às 14:01.
Atualizado em 12/11/2024 às 15:22

Vice-presidente discursou em nome do Brasil na COP29, realizada no Azerbaijão. (Cadu Gomes/VPR)

Baku - O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o resultado da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) será fundamental para a edição do ano que vem, que acontecerá em  Belém (PA).

“A omissão de agora custará caro para o depois”, disse na abertura do encontro de chefes de Estado, em um evento marcado por ausências importantes, como do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, do primeiro-ministro alemão Olaf Schotz e do indiano Narendra Modi.

“O sucesso da COP29 é fundamental para o sucesso da COP30, que teremos o orgulho de sediar em Belém, no Brasil, e também para a resposta global à mudança do clima. A omissão de agora custará muito para o depois”, afirmou na plenária em que representou o presidente Lula, também ausente do evento.

O petista ficou impedido de ir, porque o Brasil recebe os líderes do G20 na próxima semana e  também porque se recupera de um acidente doméstico.

A edição deste ano está sendo chamada de “COP do Financiamento”, e tem a difícil missão de avançar com as negociações para que os países mais poluidores ajudem as nações mais pobres a se adaptarem à mudança climática e realizarem a transição energética. As pendências  são definir a forma de financiamento, um valor atualizado (a estimativa atual é de US$ 100 bilhões anuais) e como os países pobres vão acessar o valor.

Metas
Alckmin também destacou a nova NDC do Brasil para o clima (NDC é a meta nacional de cada país da COP), que passa a ser reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 67% até 2035, se comparado aos níveis de 2005. Mais detalhes devem ser anunciados nesta quarta-feira (13), no evento.

“Nossa meta é muito mais do que simplesmente para reduzir as emissões para 2035. Ela reflete a visão de um país que se volta para o futuro e que estará determinado a ser protagonista da nova economia global, com energias renováveis, combate à desigualdade e comprometimento com o desenvolvimento sustentável”, disse o vice-presidente.



Na sexta-feira (8), logo após o governo anunciar previamente a meta, houve forte reação das principais entidades brasileiras sobre o tema. O Observatório do Clima afirmou, em nota, que a NDC está desalinhada com a contribuição do Brasil para o aquecimento global em 1,5ºC. O Greenpeace se referiu à NDC como “pouco ambiciosa e claramente insuficiente”. Outras críticas vieram da WRI Brasil e WWF Brasil. 

Implementação

Nesta terça-feira, o Brasil inaugurou o seu Pavilhão na COP29. Estiveram presentes, além de Alckmin, os ministros Renan Filho (Transportes), Paulo Teixeira (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), dentre outros chefes brasileiros.

Durante a abertura, Alckmin reivindicou o protagonismo brasileiro na agenda climática mundial. O discurso ganha mais peso, porque é marcado pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, um negacionista da mudança do clima, e que deve reduzir ou retirar a participação do país nas discussões mundiais.

“Quero trazer uma palavra aqui do presidente Lula: o Brasil é o grande protagonista desse debate e combate às mudanças climáticas. Nós temos a maior floresta tropical do mundo. Temos a energia elétrica mais limpa do mundo, 85% de energia hidráulica, de solar, eólica e biomassa”.



“Nós temos o combustível do futuro, uma das leis mais avançadas do mundo, com mais etanol e menos gasolina. Trocar o querosene pelo SAF [combustível sustentável de aviação]; vamos desenvolver o hidrogênio Verde; um biogás com captura de carbono”, disse.

o Brasil inaugurou o seu Pavilhão na COP29. Estiveram presentes, além de Alckmin, os ministros Renan Filho (Transportes), Paulo Teixeira (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), dentre outros chefes brasileiros. (Cadu Gomes/VPR)

 
Já a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a redução do desmatamento em 45,7% nos últimos dois anos, na Amazônia, e a necessidade de os países caminharem para ações efetivas contra os extremos climáticos. Ela citou como exemplos deste ano a seca na Amazônia, as chuvas no Rio Grande do Sul e na Espanha.

“Nós chegamos a Baku como aqueles que têm a expectativa de sediar a COP30, a COP da implementação. Durante muito tempo, nós trabalhamos processos, nós trabalhamos a criação de estruturas e regramentos que são altamente necessários. Mas agora nós estamos vivendo o limiar das mudanças climáticas e é fundamental que tudo que acumulamos ao longo de mais de três décadas possa se traduzir em implementação”, afirmou.

 *O jornalista que assina esta reportagem viajou a Baku (Azerbaijão) a convite do Instituto Clima e Sociedade

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