Combate às queimadas

Municípios cobram contratação de brigadistas pelo governo do Amazonas

Brigadistas passaram por formação em junho, mas ainda não foram contratados. Sema diz que depende da liberação de recursos do governo alemão, financiador do projeto

Waldick Júnior
waldick@acritica.com
05/08/2024 às 18:19.
Atualizado em 05/08/2024 às 18:22

Formação de brigadistas pelo Corpo de Bombeiros do Amazonas (Foto: Thiago Corrêa/UGPE)

Em meio a sucessivos recordes de queimadas no Amazonas, municípios do sul do estado têm cobrado do governo estadual a contratação dos brigadistas temporários que passaram por formação em junho, pelo Corpo de Bombeiros, e ainda aguardam chamamento. A brigada faz parte do programa Floresta em Pé, gerido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), e recebe recursos do Fundo de Desenvolvimento Alemão.

Entre os dias 17 e 24 de junho, o Corpo de Bombeiros realizou a formação de 153 brigadistas para dar suporte no combate às queimadas em nove municípios do Amazonas. A contratação dos profissionais, a maioria da própria região sul, era esperada para 1º de agosto, mas não aconteceu. Os brigadistas são aguardados em Humaitá, Apuí, Lábrea, Boca do Acre, Manicoré, Novo Aripuanã, Maués, Canutama e Tapauá.

“Recebemos um comunicado do Corpo de Bombeiros com a informação de que só podemos usar os brigadistas após a confirmação do contrato. No entanto, ainda não recebemos nenhuma sinalização e o fogo está avançando cada vez mais nas zonas urbana e rural”, afirma a presidente do Fórum de Secretários Municipais de Meio Ambiente do Amazonas, Jane Crespo, de Maués (AM).

Formação de brigadistas pelo Corpo de Bombeiros do Amazonas (Foto: Thiago Corrêa/UGPE)

De janeiro deste ano até esta segunda-feira (5), o Amazonas já registrou 6.050 focos de incêndio. Só nos primeiros cinco dias de agosto, foram 1.143 registros. O estado é, atualmente, o quarto do país com mais queimadas. Apuí (2.016 focos) e Lábrea (1.205), do Amazonas, ocupam a segunda e terceira posição de municípios com mais incêndios do tipo no Brasil.

“Ainda não temos nada de concreto sobre essa contratação. Acho que vamos ter muitos problemas de novo, e piores do que em 2023. Os municípios de Pauini, Boca do Acre e Lábrea já estão no sufoco há uma semana”, lamenta Jane Crespo.

A expectativa é de que sejam contratados cerca de 17 brigadistas por município, número que pode variar a depender da demanda, por seis meses. “Eles foram fundamentais para combater as queimadas no período da seca em 2023”, afirma o secretário de Meio Ambiente de Humaitá (AM), Elton França, reforçando a importância dos temporários.

Pendências

À reportagem, o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, disse que todos os documentos necessários da gestão estadual foram apresentados ao financiador. Segundo ele, o Amazonas concorreu com outros nove estados da Amazônia e foi o escolhido para o programa.

“Estamos aguardando a liberação dos recursos pelo financiador. A previsão é que seria agora na primeira quinzena de agosto. Nosso planejamento estava previsto para as bolsas serem pagas 30 dias antes do período efetivo da seca, setembro, considerando a estiagem de 2023, mas, infelizmente, o período se antecipou mais ainda”, afirmou.

Formação de brigadistas pelo Corpo de Bombeiros do Amazonas (Foto: Thiago Corrêa/UGPE)

Por sua vez, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) informou para A CRÍTICA que também aguarda a liberação dos recursos. “A FAS está empenhada em sanar toda a burocracia administrativa junto ao parceiro internacional. O status atual do projeto foi apresentado nesta manhã (5), na reunião do Comitê do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas Ilegais do Amazonas, do governo estadual”, diz em nota. 

Procurado, o Corpo de Bombeiros do Amazonas esclareceu que apenas atuou na formação dos brigadistas. “A Capacitação foi realizada, de forma simultânea, no mês de junho, nos nove municípios que integram o projeto. No entanto, os trâmites para contratação competem à Secretaria de Estado de Meio Ambiente”, afirma.

O projeto Floresta em Pé faz parte do programa de Florestas Tropicais do Banco de Desenvolvimento Alemão (KFW), com financiamento do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha. O Amazonas receberá 13 milhões de euros para ações de combate a queimadas, desmatamento e incentivo à bioeconomia.

Insuficientes

Segundo o Corpo de Bombeiros, em dois meses, o Amazonas já combateu 4,2 mil focos de incêndio no Amazonas. A operação Aceiro 2024 está na segunda fase e conta com mais de 300 agentes, incluindo bombeiros, brigadistas e agentes da Força Nacional. Já a Superintendência do Ibama no Amazonas informou que atua com 110 brigadistas.

Para o secretário de Meio Ambiente de Boca do Acre, Antônio Noronha, o número de agentes ainda é insuficiente e faltam equipamentos adequados. “Só temos duas caminhonetes aqui e precisaríamos de caminhão. Já teve no ano passado. Também faltam recursos humanos. Esses 17 brigadistas temporários fariam muita diferença, por isso pedimos a contratação”, disse à reportagem.

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