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Mais de 50 toneladas de borracha nativa da Amazônia são enviadas para Salvador

Essa remessa marca o encerramento da safra de 2024 e reforça o crescimento da cadeia e a força das organizações comunitárias extrativistas do Amazonas

Amariles Gama
10/02/2025 às 18:53.
Atualizado em 10/02/2025 às 18:53

A carga de borracha que saiu nesta segunda-feira de Manaus para Salvador seguirá para uma fábrica de processamento na Bahia (Foto: Jeiza Russo)

Mais de 50 toneladas de borracha nativa da Amazônia saíram do porto do Demétrio, localizado no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus, com destino a Salvador, na Bahia, na tarde desta segunda-feira (10). Essa remessa marca o encerramento da safra de 2024 e reforça o crescimento da cadeia e a força das organizações comunitárias extrativistas do Amazonas.

O coordenador do projeto do Arranjo da Borracha no Memorial Chico Mendes (MCM), Jhassem Siqueira, destacou a importância de iniciativas como o projeto 'Juntos pela Amazônia – Revitalização da Cadeia Extrativista da Borracha', que tem contribuído para o fortalecimento da cadeia produtiva da borracha no estado.

O projeto nasceu em 2022 e vem ajudando a fortalecer a cadeia da borracha nativa, além de gerar renda de forma sustentável para diversas comunidades situadas dentro e fora das Unidades de Conservação do Amazonas.

“O impacto é todo o resgate social, cultural e econômico que essa atividade está gerando no interior. Então, é uma cadeia que estava praticamente parada e que, a partir de 2022, iniciou essa retomada. Esse processo vem acontecendo passo a passo, com o envolvimento cada vez maior de seringueiros. Nós começamos com 100 seringueiros, depois passamos para 250 e, hoje, já estamos com 500 seringueiros produzindo”, disse.

Aumento na produção

O aumento na produção tem sido significativo nos últimos anos, segundo Siqueira. Em 2022, no primeiro ano do projeto, a produção foi de mais de 60 toneladas. No ano seguinte, esse volume mais que dobrou, atingindo a marca de 130 toneladas. Agora, com essa última remessa, a safra total de 2024 ultrapassa 160 toneladas, representando um crescimento expressivo de 23,08%.

Segundo Jhassem, o estado tem uma capacidade de produção de borracha muito maior do que o total da safra de 2024. “A gente tem capacidade para mil toneladas e muito mais”, destacou.

E mesmo com o avanço, a cadeia da borracha nativa ainda enfrenta desafios, como a falta de uma usina de beneficiamento, o que encarece muito o produto, segundo Jhassem, além da dificuldade dos produtores em acessar políticas públicas.

A assistente de Projetos Sociais no Memorial Chico Mendes, Rosa Castro, afirma que a expectativa para os próximos anos é continuar expandindo a produção e buscar novos mercados. Ela destaca também a importância das políticas de incentivo para garantir a renda desses extrativistas que desejam continuar vivendo em suas comunidades, evitando o êxodo rural.

“A gente trabalha com essas organizações comunitárias para que elas se fortaleçam e permaneçam na comunidade, onde é o habitat delas, onde elas conhecem bem, onde a floresta está viva, porque uma coisa que garante a sustentabilidade é a floresta viva. A seringueira está lá. Tivemos muita decadência, mas estamos buscando retomar. É um resgate, não é fácil, estamos enfrentando um desafio enorme, mas, aos poucos, estamos conseguindo. Hoje, temos 160 toneladas indo para a Bahia para depois voltar para cá”, destacou.

A carga de borracha que saiu nesta segunda-feira de Manaus para Salvador seguirá para uma fábrica de processamento na Bahia. Depois de ser beneficiada, essa carga retornará para Manaus para a produção de pneus.

Dessa carga, quatro toneladas são da Associação dos Produtores, Criadores e Extrativistas do Amazonas (Apocria), de Itacoatiara, a 270 km da capital; mais de 18 toneladas são da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Município de Pauini (Atramp), situada a 926 km de Manaus; e 30 toneladas pertencem à Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama (Aspac), distante 614 km da capital.

Essas associações, juntamente com outras de Eirunepé, Novo Airão e Manicoré, fazem parte do projeto Juntos pela Amazônia – Revitalização da Cadeia Extrativista da Borracha. No total, 13 associações integram a iniciativa coordenada pelo WWF-Brasil, em parceria com o Memorial Chico Mendes (MCM), o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), WWF-França, Michelin, Fundação Michelin, Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) e Conexsus.

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